NELSON RODRIGUES - Nelson Falcão Rodrigues –
nasceu a 23 de agosto de 1912, no Recife, e morreu em 21 de dezembro
de 1980, no Rio de Janeiro. Ele é o maior nome dramaturgia
brasileira do século 20, dramaturgia que se desenvolveu no conflito
entre o desejo e a repressão, que teve o seu início aos 17 anos,
quando seu irmão Roberto foi assassinado.
Nas suas obras não dá tréguas ao mundo
pequeno-burguês, dando realce à hipocrisia que forjou o caráter de
mulheres e de homens. O próprio Nelson Rodrigues provinha de um
ambiente da pequena burguesia, que lhe proporcionou, desde pequeno,
um forte senso crítico.
Segue o conto O bonitão, de Nelson Rodrigues (In
A vida como ela é.../Nelson Rodrigues – Rio de Janeiro: Agir,
2006, p. 378):
O BONITÃO
–
Namoravam-se há
oito meses. E quando Norma foi beijada na boca, pela primeira vez,
teve uma tal comoção que no dia seguinte apareceu com urticária.
Ela amava Jubileu com o desespero, a fanatismo de um primeiro amor.
De resto, era um belo rapza, forte, espadaúdo, de olhos verdes e
dentes perfeitos. Além do mais impressionava por uma particularidade
muito interessante: a obstinação com que usava ternos brancos; e só
ternos brancos, fizesse chuva ou sol. Essa predileção por uma cor,
em detrimento das outras, ava o que pensar. Muitos aventuravam a
blaque:”Lá vevem fulano vestido de noiva!?” Outros indagavam:
“Vais fazer a primeira comunhão?” Jubileu não ligava; ria
também, e continuava exibindo os ternos brancos mais bem passados do
Rio de Janeiro. Parecia gostar de Norma e já prometera:
– Aguenta a mão que eu fico noivo quando arranjar emprego!
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Pedro Luso de Carvalho