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15 de abr. de 2012

MICHEL DE MONTAIGNE - Da Perseverança



                   por Pedro Luso de Carvalho
       
     
      O filósofo francês Michel de Montaigne nasceu em 1533, no castelo de seu pai; aí morre, em 1592, durante uma missa rezada em sua presença na capela de seu castelo. Montaigne escreveu Ensaios, obra que ainda não perdeu a oportunidade de sua mensagem, e que ainda persistem o sabor e a originalidade de seu estilo, como diz Sérgio Milliet, que a traduziu e prefaciou para a sua publicação pela Editora Globo, em 1961. A brilhante apresentação da obra, que é composta de três volumes, é feita pelo francês Pierre Moreau.

        Da obra Ensaios, de Michel de Montaigne, Livro I, Capítulo XII, com o título Da perseverança, págs. 129-131, transcrevo o trecho que segue:

         A lei da resolução e da perseverança – diz Montaigne – não implica em que não devamos nos precaver na medida de nossas forças, contra os males e inconvenientes que nos podem ameaçar, nem deixar de recear que nos surpreendam. Muito pelo contrário, todo o meio honesto de evitar um mal é não somente lícito mas também louvável. A perseverança consiste em suportar com resignação os incomodos para os quais não temos remédio. Por isso não há movimento de agilidade corporal ou manejo de armas que devamos achar ruim desde que sirvam para defender-nos dos golpes que nos assestam.


    (...) Os estóicos – prossegue Montaigne - não afirmam que a alma do sábio possa resistir desde logo às sensações e visões que o surpreendam. Admitem como natural impressionar-se, por exemplo, com o estrondo provindo do céu ou de uma ruína; admitem que podem empalidecer, contrair-se como sob a influencia de uma paixão qualquer, mas que ele deve conservar intata sua lucidez, sem que se lhe altere a razão, de maneira a não ceder ante o terror e o sofrimento. Quem não é sábio conduz-se do mesmo modo quanto à primeira parte, mas muito diversamente quanto à segunda: a impressão da emoção não será nele apenas superficial; penetrará até a sede da razão, infetando-a e a corrompendo. E será com essa faculdade assim viciada que julgará e se conduzira.


                                                       *  *  *  

5 comentários:

  1. Pedro

    Parabéns pelo blog! Completamente interessante e instrutivo. Li de uma só vez, depois voltei e reli alguns trechos.

    Confesso que nunca tinha lido nada de Raimundo Correia. Prometo me informar, quero conhecer suas obras.

    Fernando Pessoa, Mário Quintana, Clarice Lispector, Freud, Drummond, Machado de Assis... Tá bem recheado, hein?!

    Abraços

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  2. Pedrão

    Podias ter-me avisado deste teu novo VEREDAS... Mas, felizmente, encontrei-o, o que me deixa feliz.

    Parece-me uma excelente concretização de uma excelente ideia. De ti, tudo é de esperar, querido Amigo.

    Parece-me que ainda estou vivo. Pelo menos,dizem que sim. E, por isso, gostaria de ter uma visitinha, ainda que curtinha, lá ao meu covil. Com um cumentário, com o, seria fantástico, ouseja, bué da fixe...

    Abs

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  3. Sou das artes não das letras, por isso me inibo de comentar, mas não de
    apreciar um pouco de leitura.
    Abraço

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  4. Olá Pedro, muito boa noite. Queria te apresentar o SouVencedor.com, que é um projeto que tem o objetivo de motivar as pessoas e criar em todos um sentimento de conquista e vitória por meio da esperança independente do tamanho do desafio. O endereço é http://www.souvencedor.com. Um forte abraço.

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  5. Nestas VEREDAS ( título delicioso...) aprende-se e relembra-se o que se estudou há muito tempo: Montaigne fez parte do meu programa!
    Falar da Perseverança, hoje em dia, é mais do que necessária...sem esta virtude não se vai a lado nenhum!
    É por aí o nosso caminho.
    Beijo e uma semana muito feliz.
    Graça

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Pedro Luso de Carvalho