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30 de set. de 2010

[Poesia] JORGE DE LIMA / Foste na Vida...

       

               por  Pedro Luso de Carvalho


        JORGE DE LIMA (Jorge Mateus de Lima) nasceu a 23 de março de 1893 em União dos Palmares, Alagoas, e morreu no Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1953. Iniciou os seus estudos de medicina na Escola de Medicina da Bahia, e formou-se, aos 21 anos de idade, no Rio de Janeiro, para onde se mudara. Foi professor de História Natural e Higiene Escolar da Escola Normal de Maceió. Lecionou História da Literatura Brasileira e Portuguesa do então Liceu Alagoano. Foi nomeados para exercer esses dois cargos depois de ter sido aprovado em concurso público. No Rio de Janeiro lecionou Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.

        Prêmios recebidos por Jorge de Lima: 1) Prêmio da Fundação Graça Aranha, em 1934, com o seu romance 'O Anjo'; 2) Grande Prêmio de Poesia, em 1940, pela Academia Brasileira de Letras, ao volume A Túnica Inconsútil.

        Jorge de Lima foi parnasiano nos primeiros tempos. O soneto O acendedor de Lampiões deu-lhe fama. Mas a verdadeira importância de sua poesia deu-se em 1927, com o livro Poemas, com inspiração regional nordestina. Outros poemas seus, dessa fase, foram: Essa Negra Fulô e Bangüê.

        Mas, como diz Álvaro Lins (in, Roteiro Literário de Portugal e do Brasil, vol II, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1966, p. 409), "o livro 'Tempo e Eternidade' adquire feição mística ('Restauremos a poesia em Cristo' torna-se então o lema do poeta e de seu companheiro Murilo Mendes, co-autor da obra), feição que culminaria em A Túnica Inconsútil e nos poemas de Anunciação e Encontro de Mira-Celi, que, incorporados à Obra Poética, não foram publicados em volume à parte; e assume um tom épico em Invenção de Orfeu".

        Uma amostra da criação poética de Jorge de Lima está bem representada por seu poema Foste na Vida... (Livro de Sonetos, Editora Getúlio Costa, Rio de Janeiro, 1950, pág. 576.):




                 FOSTE NA VIDA...
                                                      (Jorge de Lima) 


        Foste na vida luz de lâmpada única,
        ogiva a orar na sombra desvairada.
        Foste mais do que tudo, lírio ardido,
        senda de elevação e vida minha.


        Estrela de viajor e minha túnica
        sonora como página escutada,
        roseira grave e chama consentida,
        foste na minha vida, vida minha.


        No descampado pórtico descansas,
        as mãos unidas em ogiva amada,
        dedos dormindo como dois irmãos.


        Laguna quieta sob luas mansas,
        ensimesmada musa conjurada,
        toma teus versos, dá-me tuas mãos.


                                           *  *  *

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Um comentário:

  1. Pedro,

    Já havia ouvido o nome deste poeta, Jorge de Lima, mas não sabia nada a seu respeito, se era parnasiano, romântico ou modernista. Aqui, no VEREDAS, o pai dos incultos, aprendo mais está "novidade".

    Obg!

    abço
    Cesar

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Pedro Luso de Carvalho