CARLOS NEJAR nasceu em Porto Alegre, RS, em 1939. Formado em Direito, prestou concurso para o Ministério Público. Aprovado, assumiu o cargo de Promotor Público. Passou por várias cidades do interior do Estado até retornar, mais tarde, à Capital Gaúcha. Esteve várias vezes em Lisboa a convite da Fundação Gulbenkian. Sua estréia como poeta deu-se com Sélesis, em 1960.
.
Mais algumas obras do poeta: Árvore do Mundo, O poço do Calabouço, Campeador e o Vento (1966), Ordenações (1969-1971), Canga (1971), O Chapéu das Estações (1978), Os viventes (1979), Um País O Coração (1980), Obra Poética I (reedição dos primeiros volumes de A Ferocidade das Coisas), entre outras.
Carlos Nejar tem livros traduzidos no exterior. Fora do Brasil, também participa de antologias poéticas. Em 1970 foi agraciado com o Prêmio Jorge de Lima, do Instituto Nacional do Livro, do Luíza Cláudio de Souza, do Pen Clube, além de outro prêmios importantes. Sobre a obra de Nejar foram publicados quatro livros, dentre eles Carlos Nejar, Poeta e Pensador, organizado por Giovanni Pontiero, da Universidade de Manchester, Estados Unidos, com seleção de importantes ensaios críticos. Sobre o poeta, manifestou-se Jacinto do Prado Coelho: “Carlos Nejar é um caminho diferente, um caso único no panorama da atual poesia da língua portuguesa”.
Na 3ª edição de seu livro O Poço do Calabouço, da Editora Record, Rio de Janeiro, 1983, podemos ler as seguintes opiniões acerca do poeta:
ANTÔNIO HOUAISS: "Qualquer balanço crítico de nossa poética, nessa década, que não incluir Carlos Nejar e não realçar a excepcional validade, será balanço frustrado.
Este é um poeta que deve ser lido pelos que ainda necessitam de poesia, todos nós, é um grande poeta que consegue dar-no-la com surpresas e revelações”.
TRISTÃO DE ATHAYDE: “São as palavras realmente e sua sábia arrumação arquitetônica que já consagraram Carlos Nejar como uma das figuras dominantes de nossa poética deste fim de século. Mas essas palavras, que são precisamente o oposto de qualquer sombra de loquacidade oratória, pois representam exatamente o oposto do verbalismo oco, estão carregadas de um pensamento extremamente sintético e concentrado, que fazem da arquitetura a estética analógica, em que se apóia essa poética, ao mesmo tempo sibilina e universalista”.
Em 24 de novembro de 1988, Carlos Nejar foi eleito para ocupar cadeira nº 4 da Academia Brasileira de Letras, que era ocupada por Viana Moog. Em 9 de maio de 1989, foi recebido formalmente pela ABL, que foi representada pelo acadêmico Eduardo Portella.
Do livro O Poço do Calabouço, de Carlos Nejar, seguem os poemas Camaradagem e Oráculo :
CAMARADAGEM
Ao lado estouda dor.Impreterivelmente.A dor e seu combateé meu recibo.Restituir para a vidao que é devidosem o dotede ser absorvido.
Lado a ladona dor.Quem a concebeno monte de fenoou entre as sebes,cinza lenta no coração,hora únicajunto ao marou no campo,hora geralquando a lágrimafor árvore, sino,viagem?
Lado a lado
na dor.A passos largosou tardos.
*********
ORÁCULO
Sobeja o mal
ao mal.
Deuses – não outros -
predispõem a morte.
E nela ponho
o meu sinal
ou aval.
Dos deuses
sou eu próprio
castigado.
E firme aguardo.
Bom ou ruim,
o fardo
é meu. Os dias
são os meus
e as noites côncavas.
Não venho discutir
o que me vem.
Sofro e combato.
O mais,
serve de saldo.
.
Como é bom vir por aqui, Pedro, amigo, e sempre encontrar novos conhecimentos...
ResponderExcluirUm abraço
Carlos Nejar! Gostei dos dois poemas que você postou, Pedro. Esse estilo sem muita pompa, porém forte, me agrada muito! Aliás, os melhores poetas são os que assim escreve, na minha opinião. Manoel Bandeira, J. Cabral M Neto etc.
ResponderExcluirabraços
Cesar