Manoel Caetano |
- Pedro Luso de Carvalho
O maranhense de Caxias, Manoel Caetano Bandeira de Mello, nasceu a 30 de julho de 1918 e faleceu em 2008, aos 90 anos de idade. Passou sua infância e adolescência em São Luís. Com a idade de 19 anos, o acadêmico de Direito muda-se para o Rio, no ano de 1938. Aí passa a colaborar nas colunas do semanário de letras Dom Casmurro.
Quando Manoel Caetano concluiu o curso de Direito já era profissional da imprensa. Durante a Segunda Guerra Mundial – 1939 a 1945 - trabalhou nas Agências Havas e Reuters. Após esse período, ingressou, mediante concurso público, no DASP, como redator, sendo lotado, depois, na Agência Nacional. Mais tarde, foi redator-chefe da Gazeta de Notícias (1951 a 1955), e, em O Jornal, órgão líder dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, passou a escrever a seção “Semana Internacional”.
E nesta altura, encerramos a lista desses poucos dados pessoais Manoel Caetano Bandeira de Mello, para, agora, falarmos de sua obra poética, como segue:
No ano de 1987 a Livraria José Olympio publica, em convênio com a Secretaria da Cultura do Estado do Maranhão, “Outono Estação de Amor”, do poeta Manoel Caetano Bandeira de Mello. Manifestações de acolhimento ao livro são feitas por nomes importantes da literatura brasileira; a esses escritores, poetas e críticos literários, soma-se a contribuição do romancista Josué Montello, membro da Academia Brasileira de Letras, com a brilhante apresentação que faz à obra. Para não nos alongarmos, veremos a seguir o que pensam alguns desses nomes, quais sejam:
ADONIAS FILHO: É possível que os temas, sempre eternos porque integrados na condição da criatura – a morte e o amor -, tenham imposto essa estrutura clássica no sentido do conteúdo universal no fundo do artesanato moderno. Já não aparecem, porém, como uma experiência. Em suas bases líricas, por vezes no plano da reinvenção, a exemplo da configuração valéryana, tudo de tal modo vem da carne e do sangue que a palavra exata é esta: nascida, a poesia nascida.
OCTÁVIO DE FARIA: A forma que alcançou agora, depois de laborioso esforço, é de tal modo, nova e forte, tão rica e segura de si, de tal maneira trabalhada e marcante, seus decassílabos são tão firmes e eufônicos, suas quadras marcham com o ritmo tão desenvolto e consciente de si, tão grande é a liberdade das rimas e das elipses, das sugestões verbais e das ousadias silábicas, que nos encontramos diante de um mundo poético, totalmente diverso do que se encontrava entre os polos extremos, tanto do amor e da morte, como do soneto clássico e do verso livre.
JOSUÉ MONTELLO (trechos da sua apresentação): Manoel Caetano Bandeira de Mello, a quem já defini como poeta de minha geração maranhense, está na fase em que o criador literário tem ao mesmo tempo o domínio de seu ofício e o domínio da vida.
A vida, que é uma adivinhação na juventude - escreve Montello-, constitui um acervo de experiências profundas, sempre que entramos na maturidade. O que, ontem, era intuição, passa a constituir vivência acumulada, que se exprime dispensando a fantasia, para nutrir-se de recordações.
O poeta romântico preferiu a intuição à experiência - prossegue Montello. Não esperou pela vida vivida para recolhê-la à concha do poema. Captou-lhe as vozes líricas, e pôde ser mestre ainda jovem, como Gonçalves Dias e Castro Alves. A imaginação fez o seu ofício, com tal poder de verdade permanente, que a “Canção do Exílio”, escrita aos 20 anos, ajusta-se a todas as idades, sem ter envelhecido com o rolar do tempo.
(...) Manoel Caetano Bandeira de Mello também passou pela fase em que o poeta se deixa conduzir pela intuição da vida. No momento próprio, pôs em versos os seus desencantos de adolescente (...).
Os livros que Manoel Caetano Bandeira de Mello publicou até hoje – enfatiza Montello -, balizando o seu caminho da poesia lúcida, ficariam derrogados, após o aparecimento deste Outono estação de amor, se os livros anteriores não contivessem as raízes deste remate intencional.
Com efeito – diz Montello -, já o poeta de ontem – hoje mais exigente, ontem mais espontâneo. E como a poesia atual é essencialmente técnica, sem prescindir de certa invenção matinal, que lhe confere juventude perene, ocorre que, neste momento, o grande companheiro de geração maranhense, que pretendeu traduzir Milton ao tempo do Liceu, vem dizer-nos com o testamento de seus melhores versos, que o Amor, a primeira matriz da poesia, contemporânea da Primavera, tem no Outono a sua estação adequada.
Segue o primeiro soneto dos trinta e sete que compõem o livro Outono estação de amor, de Manoel Caetano Bandeira de Mello:
OUTONO, ESTAÇÃO DO AMOR (I)
- Manoel Caetano Bandeira de Mello
No outono desta vida recomponho
as horas que de novo viveria
se pudesse voltar aquele dia
que me semelha o espaço deste sonho.
É o passado de volta de seu sono
como o tempo de outrora voltaria.
Unido o cotidiano com a magia
o amor não muda na estação do outono.
Como se fosse outra primavera
a me trazer de novo ansiedade
agora temperada em experiências
que se não faz da gente o que antes era
nos deixa na lembrança a mesma idade
que ilumina de amor tamanha ausência
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Que belo e tranquilo este poema amigo Pedro.
ResponderExcluirMias um poeta para a minha lista de poetas a conhecer.
Outono a estação que mais aprecio, tal como o poeta também a acho a mais bela estação para o amor , mais maduro, mais calmo.
Um beijinho grato e feliz semana !
Fê
Pelo belíssimo poema apresentado, verifica-se que foi um poeta fascinante.
ResponderExcluir.
Saudação poética.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Lindo poema e não lembrava desse poeta. abração, tudo de bom,chica
ResponderExcluirUma publicação magistral :))
ResponderExcluir-
Coisas de uma Vida
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Beijo e uma excelente semana.
Una lirica di particolare intensità, mette in rilievo le doti poetiche di questo splendido autore...
ResponderExcluirCari saluti, Pedro,silvia
Belíssimo soneto nos traz, Pedro, adorei!
ResponderExcluirAs boas lembranças trazem um certo vigor para a alma no outono, ah, se pudéssemos voltar ao passado com nossas experiências outonais...No entanto, se acontecesse, talvez enxergássemos que nem era mesmo todo êxtase que lembramos. Enfim, tudo acontece como acontece, com as experiencias e maturidade que temos em cada fase da vida.
Abração, Pedro!
Qué hermoso y nostálgico poema!!.
ResponderExcluirUn gran poeta digno de recordar.
Un beso. Feliz semana.
Un magnífico poeta y un bello soneto nos traes a nuestra consideración hoy.
ResponderExcluirHa sido un placer conocerle a través de ti, Pedro.
Gracias.
Saludos.
Una lirica posata, accattivante e serena mette a nudo l'anima di questo poeta che non disdegna l'amore anche nell'età dell'autunno. Poesia meravigliosa che mi ha fatto conoscere l'eccellente poeta Manoel Caetano Banderas De Mello che, ho molto gradito. Complimenti amico Pedro! Un caro saluto, Grazia.
ResponderExcluiroi, Pedro, muito obrigada pela partilha. Vou procurar conhecê-lo melhor.
ResponderExcluirUm abraço
Pedro, caro Amigo, não vou desculpar-me pela ausência, porque isso até já " parece broncadeira "...o confinamento e este nosso inverno tão chuvoso, com dias escuros que mais parece noite, deixam a tua Amiga desanimada; ficar em casa não me aborrece muito se for de livre e espontânea vontade, mas obrigada a isso, já é outro assunto. Agor, o Inverno, Amigo, sempre me deixa abalada e é por isso que não gosto do outono; ele anuncia-nos o inverno e, embore lhe ache alguma piada, começo a pensar no frio e lá vai a pouca simpatia que por ele tinha. Gostei de conhecer este poeta e o poema que escolheste é muito bonito, apesar de, como já disse, não gostar desta estação do ano. E não gosto também deste nosso outono, este periodo da nossa vida em que estamos mais experientes, mais sábios, mais sensatos e mais equilibrados, mas que, também neste caso, anuncia o inverno da nossa vida, um inverno pior do que o da natureza; confesso, Amigo, tenho receio deste inverno...tenho medo que a solidão me gele a alma que a fraqueza fisica me impeça de ir à janela ver os pingos de chuva bailando no asfalto, olhar as pessoas correndo para se abrigarem. Trocaria a tal da sabedoria ( que é tão pouca ), a tal da sensatez pela inexperiencia do passado se isso me fosse possivel. Mas, não é e por isso, Pedro, há que viver este invernos da natureza sem reclamar, pedindo à vida que me dê SAÚDE para curtir a primavera que se avizinha e depois o verão, estação linda, com sol e calor que tanta falta me fazem. Não gosto do outono, mas quero estar por aqui, quando o próximo chegar, como sempre, na altura certa. A vida manda, querido Amigo! Que venham muitos outonos para continuarmos aqui, a conversar com grandes Amigos, como tu e Taís. Obrigada pelas interessantes informações que connosco partilhas e deixo-te um abraço do tamanho do mundo, carregadinho de amizade.
ResponderExcluirEmilia
Mais um poeta que desconhecia, e que gostei de ler neste poema muito belo.
ResponderExcluirObrigado por nos dar a conhecer a vossa poesia no masculino, já que por causa do meu blog apenas tenho estudado a feminina.
Abraço e saúde
Não conhecia este poeta.
ResponderExcluirMas, a julgar pelo magnífico soneto, foi sem dúvida um bom poeta.
Obrigado pela partilha.
Bom fim de semana, caro Pedro.
Abraço.
Ligar o outono ao amor, como se fosse outra primavera é belíssimo. Mais um poeta para tentar conhecer melhor.
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde, meu Amigo Pedro.
Um beijo.
Não conhecia e gostei de ler a sinopse da biografia de Manoel Caetano e o seu belíssimo e impecável soneto.
ResponderExcluirTambém comecei a gostar mais do Outono...
Está a fazer um excelente trabalho, Pedro, dando a conhecer escritores e poesia da lusofonia. Um trabalho laborioso e meritório.
Saúde, e bom fim de semana. Beijo, amigo.
~~~
Mais um nome para mim desconhecido da poesia brasileira.
ResponderExcluirMais um poema lindo, que vale a pena reler.
E uma vez mais, meu amigo Pedro, partilhas informação sobre o poeta e a sua obra. Obrigada!
"No outono desta vida"... valha-nos a boa poesia!
Beijo, feliz fim-de-semana, em segurança.
Gosto sempre do que aprendo quando venho aqui.
ResponderExcluirBuen resumen de una vida y un hermoso poema para conocer una muestra de su obra.
ResponderExcluirBesos
Boa noite Pedro,
ResponderExcluirGostei de conhecer mais um poeta brasileiro que com a sua bela poesia enriquece a Literatura da Língua Portuguesa.
Lindíssimo este soneto de Manoel Caetano.
Obrigada por nos dar a conhecer sua vida e obra.
Tenha um bom domingo e semana, com
saúde.
Beijinhos,
Ailime
Poema lindo de outono
ResponderExcluirComo estação do amor
Que não tem brilho nem cor
Pelo tempo decompor
A vida dos vegetais
Deixando o feio ainda mais
Feio, para a primavera
Agir e tudo recupera
Das estações estivais.
Maravilhoso, o poeta, amigo. Parabéns! Obrigado pela partilha, pois conhecia pouquíssimo da vida do artista. Bela postagem, Pedro. Abraço amigo. Laerte.
Gostei de conhecer este poeta brasileiro.
ResponderExcluirUm abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Manoel Bandeira de Melo com seu soneto marcante belamente escolhido por você nesta apresentação, para tornar viva a lembrança de um grande poeta, que recebeu belas reverencias, que devem ser exaltadas.
ResponderExcluirMuito bom Pedro este seu trabalho que nos brinda com cultura.
Abraços e boa semana.
As coisas não estão boas, mas vamos nos cuidando.
Manoel Caetano - poeta que merece da crítica palavras de grande admiração, fazendo-nos entrar por dentro da excelência da sua obra.
ResponderExcluirLi com muito prazer este seu poema. Por que não o Outono a estação do Amor? Soneto belo, que nos traz palavras idílicas, lendo-as sob uma perspectiva nova.
Gostei muito de tomar conhecimento deste autor e sua obra.
Muito obrigada, caro Pedro.
Abraço
Olinda
Boa tarde, Pedro. Mais uma excelente aula de literatura, com mais um grande poeta brasileiro, Manoel Caetano Bandeira de Mello. "OUTONO, ESTAÇÃO DO AMOR" um soneto cheio de verdades, que vivemos e, às vezes nem percebemos o quanto mudamos ou precisamos mudar.Busca em sua maturidade as palavras apropriadas para o que quer expressar em seus versos. Obrigada por mais esta partilha. Abraço!
ResponderExcluirPois é, Pedro, “dize-me com andas, que te direi quem és”. Acompanhado de Josué Montelo, Octávio de Faria, de Adonias Filho, tinha que ser um grande escritor, embora não conheça a sua produção. Partilha excelente para todas as gerações. O soneto muito bem escolhido.
ResponderExcluirGrande abraço, meu amigo Pedro!
Mais uma notável partilha, que me deu a conhecer mais um excelente autor, do panorama literário brasileiro!... Para pesquisar mais a fundo a sua obra, assim que me for possível! Gostei imenso, do poema aqui deixado!
ResponderExcluirUm beijinho, estimando que se encontre de saúde, assim como todos os seus!...
Ana
EStoy por tu blog, apreciando lo valioso que es,
ResponderExcluirlos versos de amor que compartes, son bellos, cualquier estación del año maravuillosa para experimentarlo
Un abrazo
Carmen