>

6 de nov. de 2010

[Prosa-poética] BAUDELAIRE - Embebedai-vos



- PEDRO LUSO DE CARVALHO

Charles Baudelaire nasceu a 9 de abril de 1891, em Paris, e morreu a 31 de agosto de 1867, na capital francesa. Baudelaire foi o fundador do movimento simbolista; foi poeta, crítico e tradutor. A sua poesia desagradou a quem não aceitava a sua descrição do amor sagrado e profano, da moralidade e da morte, e do erotismo. As flores do mal, de 1857, é o seu livro de poesia mais famoso.
Segue, de Charles Baudelaire, a prosa-poética Embebedai-vos (BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa. 2ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 205):




                                                  EMBEBEDAI-VOS
                                                                          (Charles Baudelaire)



É preciso estar-se, sempre, bêbado. Tudo está lá, eis a única questão. Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros e verga-vos para a terra, é preciso embebedar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa. Mas embebedai-vos.
E se, às vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a grama verde de uma vala, na solidão morna de vosso quarto, vós vos acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que passa, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão: “É hora de embebedar-vos! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embebedai-vos, embebedai-vos sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é vossa.”






                                   *    *    *





Um comentário:

  1. Fantástico poema, Pedro! Adorei. Mais um autor clássico da literatura mundial que sobre a obra preciso me debruçar, pelo menos um pouco.

    abço
    Cesar

    ResponderExcluir

Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho