>

24 de nov. de 2023

MISÉRIA – Pedro Luso de Carvalho

 





MISÉRIA

   – Pedro Luso de Carvalho




O homem sente falta de ar,

pés gelados pelo frio,

pobre, não quer esmolar,

dor no estômago vazio.


Fome faz parte da vida,

vida sofrida de pobre.

Frio na noite comprida,

sua miséria não encobre.


Quer a comida que sobra,

fome sobe à cabeça,

corpo e mente tudo cobra,

homem pede que anoiteça.


E na noite a fome cresce,

sem força cai na calçada,

e sobre ele uma luz desce,

leva-o para outra morada.




______________________//_____________________





13 de nov. de 2023

DA LIBERDADE – Pedro Luso de Carvalho


 

       

DA LIBERDADE

                        – Pedro Luso de Carvalho



O poeta quer cantar a liberdade,

já liberto de todas as amarras.

Nascerá o poema pela dor,

dor e névoa na vida do poeta.


E pede mais o tema liberdade,

argumento racional é pouco,

livre é a gaivota no seu voo,

é pássaro voando no céu azul.


O poeta vê leveza no tema,

vê esse tema com certa paixão,

liberdade mora na natureza,

distante da voracidade do homem.


O poeta de volta à planície,

observa fogosos cavalos juntos,

cavalos selvagens em disparada.

Dos cascos, ruídos da liberdade.





____________________//____________________





5 de nov. de 2023

ETERNIZADAS ESTÁTUAS – Pedro Luso de Carvalho

 

Giorgio De Chirico      (Das Artes)




ETERNIZADAS ESTÁTUAS

                     – Pedro Luso de Carvalho



Vi o sol morrer naquela tarde quente,

os namorados deixavam a praça,

ficaram solitárias estátuas,

lua e as estrelas desceram com luz.


Estátuas com nobres companhias,

tanta confraternização na praça,

o bronze das estátuas com brilho,

ato amoroso descido do céu.


Findou-se a noite de verão na praça,

praça banhada de sol na manhã,

árvores protegem os namorados,

o sol aquecerá as estátuas.


E na praça viverão as estátuas,

homens e mulheres vivas no bronze,

os heróis e heroínas eternizadas,

presença de metal presa na praça.




_______________//_______________






24 de out. de 2023

FATAL MOMENTO – Pedro Luso de Carvalho

 



FATAL MOMENTO

          – Pedro Luso de Carvalho



Eis que o ódio chega num turbilhão,

névoa esconde a claridade do dia,

logo o calor quebra o frio polar,

a mente do homem é um redemoinho.


Tencionam-se os músculos do homem,

as veias dilatam-se nos seus olhos,

no pescoço dilatam-se as artérias,

assim chega a forte pressão do sangue.


Suor encharca o rosto macilento,

riacho preso cai feito cascata,

e no rosto do homem confusão e dor,

é a mais perfeita estampa do ódio.


Secura na boca, marca do ódio,

um ódio nascido de infame injúria,

forte tremor no corpo, voz sumida –

Veia rompida, cérebro inundado.





_______________//_______________






15 de out. de 2023

SONHO E REALIDADE – Pedro Luso de Carvalho

 

                                                 Do Blog Das Artes



           SONHO E REALIDADE

                           – Pedro Luso de Carvalho




Este meu sonho vem de muito longe,

há tempo que penso mudar o mundo,

tirar do mundo todos os excessos,

mas vejo que o poço é muito fundo.


Bisturi na mão, qual cirurgião,

iria mudar tudo ou quase tudo,

impostos deveriam ter retorno,

bem longe do político sanhudo.


Sonho é sonho, não realidade,

de qualquer forma é aprendizado,

creio na ciência e nos cientistas,

e creio no povo alfabetizado.


E sendo a vida só realidade,

pouco poderá a tal esperança.

Entristecido vi o sonho sumir –

do sonho ficou pálida lembrança.




____________________//____________________





3 de out. de 2023

VIDAS SOFRIDAS – Pedro Luso de Carvalho

 

La Mujer que llora 1937 - Pablo Picasso




    VIDAS SOFRIDAS

                 – Pedro Luso de Carvalho




Lá fora andam pessoas agitadas.

Vejo da janela esse povo aflito,

alguns andares acima da rua.

Eu peço calma num inútil grito.



A rua que corta a larga avenida

está repleta de gente cansada,

é gente triste, solitária gente,

um odioso suplício na estrada.



Daqui de cima, da minha janela,

apenas imagino o sofrimento

das pessoas, lá embaixo na rua.

Juntos, dificuldade e desalento.



Mas amanhã não estarei na janela,

deixarei na paz essa pobre gente,

assim muita paz terei bem longe.

Então, fecho a janela tristemente.






___________________//___________________







24 de set. de 2023

MINHA ESPERANÇA – Pedro Luso de Carvalho

 

Porto  Alegre - RS / Brasil



MINHA ESPERANÇA

            – Pedro Luso de Carvalho


A esperança anda sempre comigo,

ela vai junto aonde quer que ande,

pouco importa se chove ou faz sol,

sempre parceira, nunca se esconde.


E quando pensava não ter norte,

quando era tortuoso o caminho,

aportava discreta a esperança,

e acomodava-se no seu ninho.


Mas havia momentos de ausência,

a esperança andava distraída,

talvez, para mostrar seu valor,

logo voltava cheia de vida.


A esperança quer ser adulada,

visto ser feminina a esperança,

é luz contra a névoa do caminho,

é luz que vai aonde a vista alcança.




______________//______________




10 de set. de 2023

A CIDADE VISTA DE CIMA - Pedro Luso de Carvalho

 




A CIDADE VISTA DE CIMA

            Pedro Luso de Carvalho



Não matei a saudade,

saudade que queria matar.

Meu coração não mudou,

e do passado é prisioneiro.


Não matei a saudade,

saudade que queria matar.

E no meu peito o aperto,

é a saudade ainda presente.


Não matei a saudade,

saudade que queria matar.

Vi minha cidade do alto,

pequena sob as asas do avião.


Não matei a saudade,

saudade que queria matar.

Vi prédios e mais prédios,

não mais a cidade da infância.


Não matei a saudade,

saudade que queria matar.

Agora sei mais da saudade,

é ela irmã das boas lembranças.




______________//________________





31 de ago. de 2023

UM RAIO DE LUZ – Pedro Luso de Carvalho

 

William Turner - Fishermen at sea



UM RAIO DE LUZ

         – Pedro Luso de Carvalho




De onde vem este raio de luz,

que chega na escuridão

do quarto em desalinho?


De onde vem este raio de luz,

que vem cortar o breu da noite,

no lugar onde me escondo?


De onde vem este raio de luz,

que chega para me denunciar,

quando pensava estar a salvo?


De onde vem este raio de luz,

que vem mostrar toda tristeza

de quem vive entre fantasmas?


De onde vem este raio de luz,

que chega traiçoeiramente,

expondo mágoas escondidas?





_______________//_______________





18 de ago. de 2023

CRÍTICA E CRÍTICO – Pedro Luso de Carvalho


Pintura Metafísica - Giorgio de Chirico - 1888 / 1978 - Itália


 

CRÍTICA E CRÍTICO

          – Pedro Luso de Carvalho



A crítica é faca de dois gumes,

pode ajudar e pode destruir –

prodigiosa faz do bem o mal,

indiferente faz do dia noite.


Sobre a crítica muito se fala,

falas que vão da crítica trivial,

(caso possa existir a trivial)

à crítica frontal para ferir.


O critico não é feito na escola,

o crítico já vem feito do berço,

vem preparado para criticar,

terá vítimas e nenhum amigo.


Do crítico muito mais se fala,

fica a ideia da inutilidade,

a vida que queria ter não tem,

invejoso, tem na crítica apoio.




_____________//______________





9 de ago. de 2023

BONDADE E MALDADE – Pedro Luso de Carvalho

 




BONDADE E MALDADE

            – Pedro Luso de Carvalho





Existem pessoas de todos os tipos,

as que são dotadas de bom caráter

e aquelas desprovidas de caráter,

além de muitas que estão no limbo.



Caso se deparem o bom e o mau,

e ocorrer o fenômeno do espelho,

é o fenômeno da projeção –

a maldade que vê no outro é dele.



Pessoas dotadas de bom caráter,

as incapazes de tirar proveito,

facilitam convívio equilibrado,

de braços abertos aos amigos.



Há também muita gente no limbo,

um tipo de gente quase invisível,

tipo que pode aparentar bondade,

mas sob a neblina está a maldade.





_______________//_______________