- Pedro Luso de Carvalho
Florbela Espanca nasceu na Vila Viçosa, em Portugal, a 8 de Dezembro de 1894. Na morte da poetisa Florbela Lôbo de Alma Espanca - esse era o seu nome de registro civil -, em 1930, um fato que não pode ser tido como coincidência, no tocante ao dia e ao mês de seu nascimento, 8 de dezembro, por ter sido suicídio a causa mortis da poetisa. Florbela Espanca morreu em Matozinhos, ainda muito jovem, no dia em que completou 36 anos.
Florbela cursou o Liceu de Évora e depois a Faculdade de Direito de Lisboa. Sua vida passou-se praticamente toda na capital do Alentejo. Na época em que tomei contato com a obra de Florbela Espanca, no Curso Clássico, há algumas décadas, ainda existia a casa da família, muito bem conservada, sem que nada tivesse sido mudado no ambiente em que vivera a poetisa.
Sobre a poesia de Florbela Espanca, Álvaro Lins diz que não é pictória, nem de cor local. “É a expressão, ao contrário, de um exaltado, às vezes delirante egotismo. Vibração, sensualidade, eloquência – eis alguns dos traços característicos da autora de Charneca em flor”.
Obras de Florbela Espanca: Livro de Mágoas, 1919; Livro de Sóror Saudade, 1923; Charneca em flor, 1931; Juvenília, 1931; As Máscaras do Destino, 1931; Cartas, 1931; Sonetos Completos, 1934.
Segue o soneto Languidez, extraído de Livro de Mágoas – em Sonetos Completos, 7ª ed. Livraria Gonçalves, Coimbra, 1946, pág. 43:
LANGUIDEZ
(Florbela Espanca)
Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza d'açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes d'Anto.
Como vos quero e amo! Tanto! Tanto!...
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que pousam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
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REFERÊNCIA:
LINS, Álvaro. BUARQUE DE HOLLANDA, Aurélio. Roteiro Literário de Portugal e do Brasil. Vol. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 361.
Florbela Espanca, a minha poeta preferida.
ResponderExcluirToda a sua obra é cheia de sensibilidade e emoção. Cada poema fala de sofrimento, de desencanto, do desejo à felicidade, a solidão…
Excelente esta partilha amigo Pedro, obrigada!
Beijinho e continuação de bom fim de semana !
Fê
Sou um grande admirador dos poemas de Florbela Espanca. Este poema aqui oferecido é sublime. Lindíussimo.
ResponderExcluir.
Feliz fim de semana
Cuide-se
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Boa noite de sábado amigo Pedro.
ResponderExcluirLer sobre Florbela é viajar pelos descaminhos da angustia pela série de decepções que a vida lhe impôs principalmente com perdas. Uma escritora que nos envolve com sua poesia de dor e desencanto e tão jovem perdeu o prazer de viver. Muito boa sua resenha e escolha do poema. Não é atoa, que ela foi muito reverenciada pelos compositores na década de 70 por aqui e bem sabemos, o porque desta. Lembro de Fanatismo de Florbela que atravessou o país em todas as emissoras de rádio.
Muito bonito seu trabalho Pedro.
Grato por este e por partilhar conosco.
Que a semana venha mais leve com este acender da esperança.
Meu abraço amigo.
muito bom Pedro
ResponderExcluirfico sempre encantada com a poesia sonhadora da Florbela Espanca
tem erotismo mas sempre uma grande leveza
abraço, bom fim de semana
A poetisa (poeta) de Vila Viçosa tantas vezes estudada em sala de aula. Mas ninguém a definiu tão quando ela mesma o fez, além de sobejamente ter-se revelado em seus poemas e ate na sua prosa poética (nos seus contos impregnados de poesia): O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades… sei lá de quê!”
ResponderExcluirUm grande abraço, meu amigo Pedro!
Cuidando-se sempre. Os tempos ainda estão bicudos!
Una dolce e valida autrice, che ho conosciuto in queste tue belle pagine.
ResponderExcluirMolto efficaci i versi prescelti.
Buona domenica, Pedro,silvia
Florbela Espanca é um marco português!!! Gostei muito do blog e já o segui, quero convidar-te a visitar e a seguir o meu blog de volta <3
ResponderExcluirwww.pimentamaisdoce.blogspot.com
A minha Poetisa preferida!
ResponderExcluirAmei a sua publicação!!
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Esta noite... quero que me seduzas
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Beijo. Um confinado e feliz Domingo
Un poema lleno de belleza y sensibilidad.
ResponderExcluirImpresiona y apena mucho morir tan joven y de una manera tan triste.
Un beso. Feliz comienzo de semana.
Lindo!Saudações.
ResponderExcluirPuede estar orgullosos los portugueses, de tener una gran poeta nacida en su hermosa tierra.
ResponderExcluirBesos
Pedro,
ResponderExcluirAdorável publicação!
Conheci a poesia de Florbela
mais a a fundo através do
Miguel Falabela que é um apaixonado.
As poesias dela
me davam uma inquietação.
Então fui estudá-la, eu tinha meus
tenros 27 anos, jovem, jovem; já casada,
mãe de dois filhos e estudante de Artes Cênicas.
Eu queria saber
que mulher é essa que fala de amor
de uma forma tão expressiva, e que
mulher era essa tão exposta em uma
época muito apertada para as mulheres.
E minha surpresa foi total ao descobrir
que tanto amor em palavras
é a explosão de uma
mulher que não teve maternidade
realizada por mais que ela
se empenhasse, até mesmo se
separando para tentar mais uma
vez em um outro relacionamento.
Por isso realmente Florbela se define
na palavra amor. Amo Florbela e sua obra
tão maravilhosa.
Sou grata por sua publicação,
ela merece!
Bjins e meus votos
um fevereiro promissor
e com esperança renovada.
CatiahoAlc.
Pedro, sou fã incondicional de Florbela Espanca, pelo tanto que me tocam seus escritos. Nunca me preocupei com correntes, estilos, avaliações, pois o que me encanta é sempre o que me passa a escrita. É ela que me cativa e prende. E Florbela , que tão jovem faleceu, deixou um legado imenso para quem ama a poesia. Um lindo soneto você escolheu. Grande abraço.
ResponderExcluirBom dia Pedro,
ResponderExcluirBela homenagem evocando Florbela Espanca, uma grande poetisa portuguesa que cedo partiu.
Deixou uma bela obra, pena a sua vida ter sido tão curta. Linda e justa partilha.
Um beijinho e boa semana, com saúde.
Ailime
Impossível não gostar da Florbela Espanca. Todos os poemas dela, alguns muito doloridos, nos tocam a alma. Foi uma mulher à frente do seu tempo. A sua insatisfação talvez derivasse disso. Gostei tanto de a ler aqui, meu Amigo Pedro.
ResponderExcluirCuide-se bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
¡Hay tanta poesía por descubrir! ¡Hay tantos autores que desconozco!
ResponderExcluirEl sentir apasionado que esta gran poeta transmite en el poema que has elegido, nos anima a rebuscar en sus escritos y conocer algo más de su pasado.
Gracias por revivirla en tu espacio.
Cariños.
Kasioles
Profonda poetessa di cui leggo la splendida poesia che ho molto gradito. Purtroppo per lei la vita non è stata dolce: l'ha fatta soffrire milto.
ResponderExcluirEncomio per Florbella Espanca e per la sua letteratura che mi piace molto. Un caro saluto amico Pedro Luso da Grazia .
Uma grande poetisa que muito aprecio.
ResponderExcluirBrilhante escolha.
Beijinhos e boa semana
Bela escolha para relembrarmos os sentimentos mais profundos da alma de uma grande poeta. Intensa em todas as sua manifestações em uma escrita ao mesmo tempo lírica e ao mesmo tempo dolorida da alma feminina.
ResponderExcluirGostei muito!
Um abraço
Obrigado por apresentar a talentosa e conceituada poetisa do seu país, Florbela Espanca.
ResponderExcluirBom trabalho.
Saudações da Indonésia.
Adorei o soneto, Pedro, envolvente, nos transporta para os pensamentos dela, no que pensaria ela naquelas tardes.
ResponderExcluirObrigada pela partilha, amigo, abração!
Gosto muito de Florbela Espanca. Há uns dois anos fui a Vila Viçosa, percorri os locais por onde andou e terminei no cemitério junto do seu túmulo, à sombra do Santuário, onde D. João IV coroou Nossa Senhora da Conceição como rainha de Portugal, e onde o Papa João Paulo II esteve em oração.
ResponderExcluirA Propósito, sabe que depois de D. João IV nunca mais nenhuma rainha portuguesa usou a coroa, porque a verdadeira rainha do país era Nª Sª da Conceição?
Abraço e saúde
Boa noite caro amigo Pedro!
ResponderExcluirObrigada por ter partilhado connosco um pouco da alma de Florbela Espanca!
Um beijinho de luz!
Megy Maia🌺💜🌺
Boa noite, amigo Pedro,
ResponderExcluirFlorbela Espanca, grande e maravilhosa poeta que a encontro pelos labirintos dos sentires!! Adoro!! Intensa e tão lírica de alma dolorida, uma mulher tão jovem envolta a tantos sentimentos profundos....Pena que ela se foi tão jovem.
Obrigada por essa bela escolha e partilha.
Tenha uma otima noite.
Beijos
Un hermoso soneto el de Florbela Espanca, al igual que toda su obra.
ResponderExcluirGracias por traerla a mi memoria.
Saludos.
Pedro
ResponderExcluirObrigada por nos ter trazido Florbela Espanca que nos deixou uma obra bem grandiosa, fruto de uma alma dorida e oncompreendida.
Beijinhos
:)
Olá, Pedro!
ResponderExcluirHá algum tempo que eu não lia Florbela Espanca, a poeta de alma angustiada.
Gostei deste soneto encantador.
Obrigada por divulgares poetas portugueses no teu Veredas.
Beijo, fica bem.
Aunque se puso a estudiar derecho, al final en donde destacó en la poesía, pasando a estar en la lista de los grandes poetas portugueses, que tanta gloria dieron a su país.
ResponderExcluirBesos
Elegante, sensual, delicado, el poema contiene esa nostalgia propia del alma lusa que siempre nos arrebata y transmite tanto.
ResponderExcluirUna pena que esta mujer tuviera un fin trágico. Pero nadie sabe los sufrimientos que esconde la mente.
Deseo que estén bien. Un saludo, Pedro.
Sempre fascinante, a profunda sensibilidade, melancolia, e emoção, que brotam das palavras de Florbela, assim que iniciamos a leitura de qualquer um dos seus trabalhos... sempre um imenso privilégio, poder contactar um pouco mais com o seu universo poético...
ResponderExcluirGrata por mais uma formidável partilha, Pedro!
Beijinho! Boa semana!
Ana
Estimado Pedro.
ResponderExcluirTambém a vida de Florbela foi marcada por uma infância muito infeliz...
Era uma poeta inteligente e ousada num tempo de moralismos hipócritas....
Gostei de a encontrar aqui.
Parabéns por este trabalho. Beijo
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Olá, amigo Pedro!
ResponderExcluirA escritora renomada com uma mensagem poética bela. Amo o entardecer e é um momento muito fecundo em todos os sentidos para mim.
Esteja bem, amigo!
Beijinhos fraternos
A poesia de Florbela Espanca é arrebatadora. Com ela qualquer espaço é curto. Merece figurar entre os maiores.
ResponderExcluirBeijos, Pedro.