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14 de dez. de 2010

GARCIA LORCA / A Lua e a Morte


              - Pedro Luso de Carvalho



        No que se refere a morte do grande poeta espanhol Federico Garcia Lorca, transcrevemos o que o jornal El Liberal, de Madri, publicou no dia 2 de novembro de 1936 (in Ian Gibson, O assassinato de Garcia Lorca, Trad. de Ernani Ssó, Porto Alegre, L&PM Editores, 1988, p. 271):

         "Mas será possível? Federico Garcia Lorca, o imenso poeta, assassinado pelos facciosos?

        Uma última esperança de que tamanho crime não tenha se realizado leva-nos a perguntar: mas será possível a monstruosa aberração que supõe o assassinato do mais alto poeta espanhol dos nossos dias?


        Todos os jornais publicaram a notícia que, segundo um jornal de Albacete, procedia de Guadix.


         Conhecemos bem a louca e fria perversão dos traidores. Mas um nobilísimo impulso da nossa alma nos leva a duvidar da veracidade da horrível informação.


        Federico Garcia Lorca fuzilado pelos degenerados facciosos! Será possível tanta maldade? E embora temamos que sim, que essa gente é capaz de tudo, queremos acolher uma última esperança, repetimos, queremos acreditar que tudo, até a escala da maldade dos fascistas, tem um limite.


        A Espanha inteira, toda a Espanha democrática e republicana, vive momentos de angústia e os viverá enquanto não seja retificada ou ratificada a inimaginável maldade dos verdugos”.


        Garcia Lorca foi fuzilado em agosto de 1936, em Granada, no início da Guerra Civil Espanhola, e seu corpo nunca foi encontrado.Estava com 38 anos quando foi assassinado, e já era considerado um dos maiores poetas e teatrólogos da Espanha.


        O poema A Lua e a Morte, de Federico Garcia Lorca, in Antologia Poética, tradução de William Agel de Mello, São Paulo, Martins Fontes, 2001, p.39-41:



              A LUA E A MORTE


A lua tem dentes de marfim,
Quão velha e triste assoma!
Estão os álveos secos,
os campos sem verdores
e as árvores murchadas
sem ninhos e sem folhas.
Dona Morte, enrugada,
passeia pelos salgueirais
com seu absurdo cortejo
de ilusões remotas.
Vai vendendo cores
de cera e de tormenta
como uma fada de conto
má e enredadora.


A lua comprou
pinturas da Morte.
Nesta noite turva
está a lua louca!


Eu, enquanto isso, ponho
em peito sombrio
uma feira sem músicas
com tendas de sombra.


                  
                                           (by Garcia Lorca)
                  

2 comentários:

  1. QUERIDÍSSIMOS AMIGOS!!!

    Neste final de ano quero desejar a todos vocês uma paz imensa! Saúde transbordante! Dias inundados de conquistas! E um oceano de felicidade!

    Obrigada pelas visitas, doces palavras e todo o carinho a mim dedicados nesses meus oito meses de vida blogueira!

    Vocês fizeram mais do que enfeitar os meus blogs, fizeram toda a diferença na minha vida!

    Amo vocês!
    Sueli Gallacci.

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  2. Maravilha! Busco um poema em que ele diz sentir ciúmes da morte. Se puder me ajudar, agradeço.

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muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho