A Persistência da Memória - 1943 / Salvador Dali |
- ESPAÇO DA CRÔNICA -
Naquela tarde de outono eu caminhava distraído por uma das ruas do bairro onde moro, quando encontrei um amigo, que não via há alguns anos. Como estávamos em frente a uma cafeteria, fiz o convite para entrarmos, onde poderíamos iniciar a nossa conversa.
Quando terminamos as nossas xícaras de café, já estávamos bastante adiantado na conversa, que há minutos fora começada. No início, recordamos daqueles tempos em que nos preocupávamos com os resultados dos exames do vestibular, que havíamos feito.
Depois, falamos sobre assuntos variados, sem fazermos uma única menção à política e aos políticos, temas que estiveram sempre presentes em nossas conversas de estudantes idealistas, que desconheciam a sordidez e a ignomínia de que eles são capazes.
Hoje, já próximo ao Inverno, lembrei-me dos fatos que me foram contados por esse amigo, relacionados com a sua família, para a qual muito se dedicou, sem em nada transigir, a começar pela educação do casal de filhos, em colaboração com a esposa.
Contou-me o amigo, que há tempo passa por sérias dificuldades depois que o enfarto tirou a vida da esposa, e depois que a filha envolveu-se com drogas, por influência do namorado, que a influenciou também a abandonar o seu curso universitário.
Falou-me, com tristeza, da netinha que está sob os seus cuidados, porque sua filha não aceita a criança, recusando-se assumir a sua responsabilidade de mãe, embora ele tivesse feito todo o esforço , sem êxito, para convencê-la a voltar para casa.
Quando perguntei ao meu amigo, como estava o seu filho, que eu havia conhecido na sua adolescência, ele baixou a cabeça por alguns instantes, um pouco ofegante, depois respondeu, olhando-me nos olhos: “Ele também abandonou tudo, por causa das drogas”.
Não demorei a ver que esse amigo não é mais a mesma pessoa que conheci quando estávamos prestes a ingressar na Universidade. Não apenas pela passagem dos anos, mas principalmente por todos os problemas que se vê obrigado a enfrentar na sua relação familiar.
Quando percebi que meu amigo estava desconfortável com nossa conversa, estendi-lhe a mão, para dele me despedir. No momento da despedida, ouvi dele a queixa: "É isso, amigo, a minha desgraça é a consequência desses malditos tempos modernos".
Nem sei o que comentar.
ResponderExcluirIsso é o verdadeiro inferno na Terra.
O que é que pode fazer um pai perante tamanho drama??
Abração
Bom fim de noite amigo.
ResponderExcluirUm relato em conto que é uma dura realidade, que fez nascer as Cracolândias pelo Brasil. Diria que globalizaram a porcaria da droga. Hoje todas as capitais tem a sua e famílias despedaçadas. O mundo ficou mau com pessoas fracas.
Um conto de uma realidade.
Só Deus amigo.
Que a semana flua leve.
Abraços
Um conto que é uma realidade também portuguesa. A droga é também uma triste realidade de tantas famílias. Filhos que maltratam os pais idosos e lhes roubam as suas economias, roubam e vendem os bens comprados tantas vezes com muito sacrifício ao longo dos anos, para comprarem a maldita droga. Dou graças a Deus porque meu filho nunca enveredou por esse caminho, mas tenho duas netas e não sei o que destino lhes tem reservado.
ResponderExcluirAbraço e saúde
Se ha desterrado la cultura del esfuerzo y a los niños, se les ha consentido todo. Lo han tenido todo en la vida y ya de mayor no tiene remedio. Es la vida que tenemos ahora y que desgraciadamente a tu amigo, le ha tocado vivir.
ResponderExcluirBesos.
Uma crónica que infelizmente é verdadeira para muitas pessoas. A droga destrói não só os que a usam, mas toda a família e amigos que estão por perto.
ResponderExcluirUm problema muito sensível aqui tratado, meu Amigo Pedro.
Tudo de bom.
Um beijo.
En este escrito dibujas una triste realidad, y que te puedo decir Pedro que no sepamos ya. La vida la tierra se está perdiendo, estamos perdiendo los valores, y estamos creando un futuro incierto a nuestros hijos. Muy duro lo que nos cuentas, un padre se tiene que sentir desarmado ante esa escena dramática tan real como la vida misma. Un abrazo y feliz resto de semana
ResponderExcluirPobre teu amigo0,Pedro! Mas, infelizmente ,quantos lares assim estão! Tristes tempos! abraços, ótimo dia! chica
ResponderExcluirUma crónica realista e cruel, amigo Pedro. Infelizmente, há muitas situações semelhantes. Enfim...uma tristeza.
ResponderExcluirDeixo os meus votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
.....nelle stagioni che passano, cambia tutto per ognuno di noi...
ResponderExcluirUn ottimo brano, molto apprezzato.
Un caro saluto, Pedro,silvia
Por desgracia, amigo Pedro, hemos creado una sociedad que más pronto que tarde tendrá que cambiar, o los cambios tan importantes que se avecinan la cambian o tendrán que implicarse todos los gobiernos para hacer de este mundo un mundo más humano, más cuidadoso y respetuoso con el medio. La humanidad camina ya sobre una línea demasiado fina que en cualquier momento se puede romper. En consecuencia lo pagamos todos, familias rotas, desestructuradas, malos hábitos, alcohólicos, drogas, muertes, violaciones … Y un sin fin de sucesos diarios que ya dan verdadero pavor.
ResponderExcluirUn gran abrazo Pedro, tengamos paz y armonía deseándote un feliz resto de semana, amigo.
Pedro,
ResponderExcluirMuitas vezes quando me
reencontro com amigos
que já não convivo
eu tenho reserva de perguntar,
prefiro que eles falem do
que desejarem.
Entretanto todos nós temos
nossas mazelas, pode não ser
nos envolvimentos com o que
são do tempo moderno, mas
pode ser uma doença,
uma descasamento, uma
mudança opção sexual e ainda
infelizmente na política.
Depois do ex governo (governo
anterior) e
da pandemia ficou complicado...
Bjins de bom seguimento
de semana
CatiahoAlc.
A crônica narra fatos cotidianos escrita em prosa e nos oferece o olhar observador do cronista,Pedro. Muito me comoveu essa leitura. Ninguém merece a tristeza de ver seus filhos desgarrados da família.,ainda mais triste se tratando de um amigo.
ResponderExcluirOs dias atuais não tem sido fácil educar filhos e quem os tem precisa se
ajoelhar todo dia pedindo proteção ou dando graças.
Um bom dia, Pedro e abraços meus.
Boa tarde Pedro,
ResponderExcluirUma grande Crónica que é uma lição de vida!
Infelizmente tantos casos como esse e que, por vezes, nem pensamos.
Para reflexão nestes tempos modernos que tantas tragédias têm provocado.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
Es un relato muy triste pero, sin duda, con una dura realidad.
ResponderExcluirLa sociedad ha cambiado a peor en los últimos años.
Faltan muchos valores y responsabilidad.
Es muy lamentable pero es así.
Muy bueno y conmovedor tu escrito.
Feliz semana. Un beso.
Adorei o texto!! Obrigada
ResponderExcluir.
Quando as palavras são gumes...
.
Beijos, e uma excelente semana.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDisculpame Pedro si he eliminado el comentario anterior
ExcluirHe llegado de nuevo a dejarte un saludo y he comprobado qué había errores en el.
La historia que dejas me entristeció muchisimo al leerla y es que de verdad la vida nos pone en situaciónes muy dificiles y dolorosas, pobre hombre, ya que ese pesar lo cargará siempre .
Un abrazo
Olá Pedro,
ResponderExcluirinfelizmente para muitas famílias esse conto, é uma dura realidade,
a situação dramática a que chegam as queridas crianças de pais e de mães que, com o coração partido, os veem com vidas destroçadas e perdidas
Talvez a falta dos valores que orientam as vivências saudáveis?!
muito complicado, muito triste
Boa continuação de Tempo Pascal!
Trágica la historia de tu amigo cuya mayor desgracia son las drogas en las que cayeron sus hijos. Espero que dentro un tiempo puedan salir de ese infierno.
ResponderExcluirCuando vi que tu esposa Taís publico una poesía tuya pensé estabas enfermo y veo que no.
Saludos.
Boa tardinha de Oitava pascal, amigo Pedro!
ResponderExcluirConfesso que não sei se aguentaria ter filhos com dependência química, vendo tudo que vejo pelos noticiários, meu Deus!
Só em ver, já me sensibilizo com o sofrimento da mãe.
Conheço uma senhora que teve sua vida totalmente atordoada física e mentalmente, com a questão com um filho. Era sadia e lúcida, vive vegetando atualmente.
Tenho até medo de perguntar como vão as coisas para não melindrar as pessoas... O mundo está de pernas para o ar e o brio parece que só pertence aos mais idosos (nossos amigos).
Excelente crônica com um tema muito atual.
Por este caminho, na família do meu pai, um sobrinho dele entrou. Foi também quando a mãe morreu (primo adotado).
Deus se apiede dos dependentes químicos e das suas famílias desmoronadas.
Tenha dias pascais abençoados!
Abraços fraternos de paz
Prezado Pedro,
ResponderExcluirIsso, de fato, é um infortúnio que a pessoa nem sequer deseja ao seu pior inimigo (se houver...).
Tão triste ver ou ouvir alguém que conhecíamos, tendo que seguir esse caminho difícil.
Para alguns, é como o inferno na terra!
As drogas podem causar tanto sofrimento a tantos...
Abraços e também para Taís como eu respondi ao seu nome já que era o seu poema em seu blog.
Mariette
Não sei se eu culparia a os tais "tempos modernos", Pedro. Seu texto é denso e complexo para comentar. São situações que afloram e nos afligem, e pensar em um pai viúvo, precisando suportar essa carga descrita no texto, é aterrador. Sem contar os desvios dos filhos, ainda se vê na situação de cuidar da netinha, rejeitada pela mãe. É mais do que um calvário. É o inferno em plena vida.
ResponderExcluirMas, como citei acima, não sei se são os novos tempos, ou sim como lidamos com tudo o que é novo. Poderia citar nossa infância, levada com mais rigidez pelos pais, ou o fato de fazermos nossa vida profissional começar mais cedo, ou ainda que não tínhamos tanto acesso a esse mundo marginal que hoje povoa todos os cantos, mas isso não tira a dor de ver os filhos se perderam para as drogas. Muitos podem dizer que essa pessoa tem parte da culpa, talvez por uma criação errada, ou por se entregar no meio do caminho. O que sei é que tudo chega a um ponto em que não suportamos mais, e ficamos perdidos, sem forças. E fazer o que nessa hora?
Uma triste história, e que eu não saberia como reagir, ou o que falar, se me fosse relatada.
Grande abraço, Pedro.
Marcio
Caro Pedro,
ResponderExcluirDura realidade posta em letra de forma para não esquecermos os passos do mundo na atualidade. É comovente a história para todos nós, sobretudo, os mais velhos que conheceram outra realidade, sem dúvida, não estávamos imunes, mas era menos aterradora. Importante pôr em letra de forma para que saibamos que "mudar o mundo" é um trabalho diuturno!
Um abraço, meu amigo Pedro!
Difícil de comentar uma realidade tão cruel pela qual o mundo está passando....desmoronam -se os valores éticos e não se coloca nada no lugar....o admirável mundo novo prometido acrescentou uma escala de horror. uma total fase de destruição social e cujos rumos ainda não podemos intuir..INFELIZMENTE!
ResponderExcluirO mundo é líquido, amigo.
ResponderExcluirNão tem mais norma ou sentido.
Nosso sentir comovido
Remete ao tempo antigo
Quando existia castigo
A quem falhasse à moral
Ou ética. Hoje, a final
Tudo é permissividade
E a brutalidade invade
Lares, sendo o trivial.
Belíssima crônica, amigo. Parabéns. Abraço fraterno. Laerte.
Bom dia Pedro. Voltei só para lhe dizer que Leila Coelho Frota é a mãe do autor de telenovelas, João Emanuel Carneiro. Talvez até conhecesse a escritora , embora não a sua obra.
ResponderExcluirAbraço e saúde
Que triste la vida de ese amigo, Pedro. Muy mala suerte con que su esposa muriera y después los hijos se metieran en drogas, y es que la vida en algunas personas no les favorece nada desgraciadamente.
ResponderExcluirUn relato muy bonito, pero triste por la situación del amigo que ya no se parecía en nada a lo que fue de estudiante.
Muy agradable leerte Pedro.
Un abrazo y buen fin de semana.
Olá, amigo Pedro,
ResponderExcluirPassando por aqui, relendo este excelente texto que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Un saludo
ResponderExcluirque tengas un feliz fin de semana
Genial relato. La via puede ser muy dura en estos tiempos. Te mando un beso.
ResponderExcluirPenso que não se pode culpar a modernidade pelos erros.
ResponderExcluirCada um é responsável por suas escolhas.
Mesmo sabendo que escolhas mal feitas sempre irão causar sofrimentos a si e aos outros
Uma bela e atual crônica amigo Pedro
Um feliz domingo
Um abraço
Olá, amigo Pedro,
ResponderExcluirPassando por aqui, para desejar uma boa semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Hoje o meu comentário é muito especial e não reflecte o que penso sobre o vosso post, mas sim serve para vos avisar que voltou a maldita bipolar, Por isso peço muita desculpa de não corresponder ao que escrevem. Pela minha parte e tentando fazer uma terapêutica ocupacional irei tentando escrever umas coisas para não perder o fio à meada. Muo obrigado.
ResponderExcluirHenrique
boa tarde Pedro
ResponderExcluirMuito triste a sua crónica de hoje.
Tudo fazemos pelos filhos e muitos trazem essas desgraças para dentro de casa e da família.
A droga é um flagelo dos tempos modernos, e cada vez mais.
Fiquei muito comovida e triste ao pensar na dor e na tristeza desse pai.
Boa semana com saúde.
:)
Olá, amigo Pedro,
ResponderExcluirPassando por aqui, para desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Uns tios avós meus tiveram um problema bem idêntico... a filha médica suicidou-se deixando uma bébé muito pequena para eles cuidarem e o irmão músico, também morreu devido ao universo das drogas... pertencendo eles a famílias sem quaisquer problemas de ordem monetária...
ResponderExcluirEnfim!... Nunca ninguém sabe, quando mundos aparentemente perfeitos se desmoronam... e qual a razão para tal...
Gostei imenso do texto, com uma temática que nos faz reflectir sobre as fragilidades da condição humana...
Beijinhos
Ana