O Grito - 1984 / Iberê Camargo |
INDIFERENÇA
- Pedro Luso de Carvalho
Há um corpo estendido no chão,
entrave para os que passam por ali,
na manhã friorenta da cidade,
o homem é apenas mais um,
simplesmente um número frio,
mais um número para a estatística,
que se infla de hora em hora.
Há um corpo estendido no chão,
uma folha de jornal voando,
trazida pelo vento na clara manhã,
que se acomoda no corpo do homem,
que mantém a máscara no rosto,
deixando à mostra os olhos vítreos
parecendo ver nuvens brancas no céu.
Há um corpo estendido no chão,
corpo quase invisível na manhã,
quando o relógio do tempo parou,
na agônica hora do homem,
rodeado por tanta indiferença
em meio aos apressados passos,
a ansiedade presa nas máscaras.
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Palavras intensas, profundas e sentidas num poema sublime.
ResponderExcluirInfe, cada vez mais a indiferença abarca e preenche os corações humanos.
Beijinhos
O que fazer contra a indiferença do homem, meu caro amigo? Contra essa a doentia banalização do mal. Será que algum o homem recuperará sua sensibilidade.
ResponderExcluirPalavras sensíveis postas num poema belíssimo que a incomoda a leitura pela crueza que retrata a humanidade.
Um bom domingo, Pedro! Cuidando-se sempre!
Um abraço,
Poema maravilhoso, meu amigo, Pedro, denso como neste caso deve ser, parabéns!
ResponderExcluirA cena infelizmente é esta, cada vez mais pessoas sendo levadas à situação de rua, sendo lenta e dolorosamente esquecidas pela sociedade, como se fossem ficando invisíveis...Até se apagar definitivamente para ser observado e então ser retirado do caminho.
Sociedade triste que faz de conta que suas feridas não existem, nem evita que feridas se abram sangrando nas calçadas.
Abração, bom domingo!
Lindo e tocante,Pedro. Nessa semana aqui em Poa vivenciamos isso. Um homem foi atropelado e ficou desacoberto pela rua enquanto as providências eram tomadas. Nisso, um morador de rua, pegou entre seus guardados um lençol e foi até lá o cobrir. Quando ouvi isso na nossa Rádio Gaucha, tive a sensação que ainda podemos confiar e ter esperanças...Lindo gesto desse homem,não?
ResponderExcluirAdorei tua poesia! abraços, chica
La indiferencia reina y se apodera del ser humano, triste realidad la que se está viviendo en ciertas partes del mundo. En tus bellas y tristes palabras dejas constancia de ello. Un hermoso poema amigo mío que invita a la reflexión al ser humano.
ResponderExcluirUn abrazo y buena semana entrante.
Boa tarde de domingo, amigo Pedro!
ResponderExcluirMais um para as estatísticas e até para a gozação de muitos.
Permita-me, por gentileza, partilhar algo que vi muito cedo no calçadão sob um frio de lascar, no dia dos namorados, um casal dormia ao relento e na arvorezinha acima deles, penduraram um coração inflável como deboche como se o "amor" tivesse que passar por aquilo.
Nunca vou me esquecer do escárnio de quem pôs lá. Devem ter ficado muito tristes quando acordaram, de terem sido motivo de chacota.
Seu poema é de uma drástica realidade que acentua nosso próprio frio neste Inverno tão rigoroso.
Meu caminhar matutino traz resquícios de tristeza pelo tema do seu verdadeiro poema.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos carinhosos e fraternos de paz e bem
Excelente y muy reflexivo tu poema.
ResponderExcluirY lleno de realidad.
Feliz verano.
Un beso.
Boa noite, amigo Pedro.
ResponderExcluirUm retrato fiel, triste e dramático da realidade que nos atinge.
A indiferença e a banalização da morte, é algo que muito me aflige.
Um beijinho.
Um corpo estendido no chão.
ResponderExcluirEsta é uma triste realidade nos dias atuais com tanta violência e desemprego.
Lindas e tocantes palavras.
Tenha uma abençoada nova semana, Pedro.
Um grande abraço
Verena.
Tão triste e tão real, nas ruas do meu país.
ResponderExcluirAbraço, saúde e boa semana
La indiferencia es el mal que nos azota. No se puede ser indiferente ante la injusticia. Ante el dolor de una mujer maltratada....y tantas y tantas cosas que claman justicia en este mundo que va perdiendo humanidad.
ResponderExcluirHay que lograr que este mundo se inunde de solidaridad.
Besos
Adorei a publicação. Obrigada. Boa noite!:))
ResponderExcluir-
Beijo-te com os lábios de ternura...
-
Beijos, e uma excelente semana :)
Uma das muitas coisas que gosto em Macau é que não há mendicidade, muito menos sem abrigo.
ResponderExcluirAbraço, boa semana
Um poema cheio de sensibilidade perante aquilo que é comum hoje em dia por todo o lado: a indiferença. Como se fosse banal o sofrimento dos outros.
ResponderExcluirUma boa semana, meu Amigo Pedro.
Continue a cuidar-se.
Um beijo.
Olá, amigo Pedro!
ResponderExcluirMagnífico poema!
Sem dúvida, que com esta situação que vivemos, dá a sensação que a solidariedade está a desaparecer. Apesar de alguns dizerem o contrário.
Parabéns pelo excelente poema, que põe o dedo na ferida.
Votos de uma excelente semana!
Abraço amigo.
Já ouviste falar da " normose", querido Amigo? É a doença do nosso século a acrescentar, claro, a tantas outras causadas por toda essa correria e ambição pelo dinheiro e poder. São tantos os casos de indiferença, descaso e desumanidade que vemos que já os achamos normais; anormal seria alguém ter a delicadeza de se abeirar do " homem estendido no chão " e o afagasse carinhosamente. Infelizmente, já nada choca a maioria das pessoas. Pedro, a Chica conta no seu comentário o caso de uma " alma caridosa" que cobriu a pessoa com um lençol, um morador de rua que teve esse gesto por que será? Porque esse ser humano não tem pressa e conhece bem o sofrimento; como escreveu a Taís numa das suas crónicas " é o pobre ajudando pobre " . Não sei, Pedro, mas, acho que todos nós já praticamos algum desses gestos de indiferença, não? Às vezes, parece que temos medo e desviamo-nos,temos receio de que seja " truque " para um assalto ou coisa parecida e não prestamos auxilio. Mas...essa atitude tem de acabar e temos de começar por nós; há que reflectir e mudar a nossa mentalidade para que essa " normose " deixe de ser considerada uma " peste " do sec. XXI. Amigo Pedro, obrigada por este alerta em forma de poema, poesia a retratar uma realidade triste que temos de assumir também como culpa nossa . Um boa semana, principalmente com saúde para todos vós. Esta pandemia deveria ensinar-nos a dar atenção ao outro, mas, creio, poucos vão aprender alguma coisa. Um beijinho, Amigo!
ResponderExcluirEmilia
Mind blowing post
ResponderExcluirDesolador paisaje.
ResponderExcluirNo sólo por lo que describe.
Lo que hiela la sangre es esa mascarilla que nos atrapa contando una historia, otra más, de soledad.
Con mis deseos de que esto acabe de una vez. Ya tenemos bastante, Pedro.
Saludos.
Pedro,
ResponderExcluirA indiferença é
algo muito dolorido.
Lamento estarmos em um
tempo tão estranho e frio.
Seu texto é maravilhoso
e bem reflexivo.
Bjins de boa nova semana
CatiahoAlc.
Muchísimas gracias por tu votación amigo, todo un placer.
ResponderExcluirUn gran abrazo y buen resto de semana.
Lo que nos muestras es algo que sucede en multitud de ocasiones.
ResponderExcluirSaludos.
Tá lá um corpo estendido no chão e as pessoas passam como se fosse um entulho qualquer. São os seres invisíveis espalhados pelas grandes cidades, nem o sangue deles desperta a onda do egoísmo. É mais um abatido pela dureza da vida.
ResponderExcluirUm bom grito em favor de desvalidos e oprimidos pela sociedade.
Uma semana leve amigo.
Meu abraço de paz.
Un poema precioso Pedro. Intenso, y que te invita a reflexionar en la dejadez de las personas para auxiliar a alguien que se encuentra tirado en la calle. La indiferencia es un mal que cada vez está más arraigado, tristemente.
ResponderExcluirUna estupenda crítica en tus hermosas estrofas.
Un abrazo.
Gostei bastante deste poema amigo Pedro e a indiferença é uma chaga dos nossos tempos.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Infelizmente, é a praga do nosso tempo. Tudo cheio de pressa. Pressa para quê? Nem sabemos bem. E esquecemo-nos que no momento seguinte poderemos estar no lugar desse pobre homem.
ResponderExcluirBelo poema, amigo Pedro, com uma verdade que devíamos tomar como nossa, de modo a fazermos um rigoroso exame de consciência. Até onde vai a nossa indiferença pela sorte do outro.
Grande abraço
Olinda
Boa tarde, amigo Pedro.
ResponderExcluirA tela de Iberê Camargo- mostra-nos muito bem "O Grito", dos desvalidos, dos que que passam por escárnio, dos próprios seres que passam por irmãos.
Seu poema retrata perfeitamente a dor dos que passam por zombarias.
Deixou-me triste cada verso, que li, pois, infelizmente é a nossa realidade. Fato que acontece hoje, e aconteceu no passado, quem sabe em um futuro próximo possamos ver a todos com os olhos da empatia. Imaginei a cena do casal dormindo na calçada e perceber que o coração pendurado acima de suas cabeças era para humilhá-los ainda mais.(fato do comentário da amiga Rosélia). Nos versos "na agônica hora do homem, rodeado por tanta indiferença" quem sabe agora ele passe a ser visível em sua grandiosidade de alma.
Bom final de semana com todos os cuidados. Abraço!
Fabulous blog
ResponderExcluirEis uma palavra atual... infelizmente.
ResponderExcluirUMA SOCIEDADE DOENTE , UMA ÉTICA FALIDA, UMA ECONOMIA MARCADA PELA DESIGUALDADE SOCIAL HISTÓRICA PRODUZ A DESORGANIZAÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA EM QUE TEMOS QUE REPENSAR O MUNDO E A HUMANIDADE. UM MOMENTO CRÍTICO PARA REPENSAR VALORES SEM OS QUAIS A SOCIEDADE NÃO TERÁ SALVAÇÃO.
ResponderExcluirUM ABRAÇO
É verdade, como vemos gente nas ruas, deitados, dormindo com o sol batendo no rosto! Todos passam, apressados para fazerem suas coisas. Lembras que te chamei a atenção para um homem dormindo e te falei que parecia alguém que nada tinha de mendigo, cujas feições eram de alguém que tivera certo berço? A humanidade não está nada bem, está se afogando no atoleiro das drogas, da indiferença, da pobreza e da infelicidade. Estamos nos acostumando com isso, e isso é muito grave. Nem o Estado cuida mais de seus carentes, desprovidos de tudo. É muito descaso deixar pessoas dormirem na rua, Belo poema, cheio de verdades. Beijinho, meu poeta!
ResponderExcluirUma magnifica inspiração, que aborda a desumanização das sociedades... A indiferença, é a doença principal do século XXI... se continuarmos a praticá-la com um mundo em pandemia, e num cenário de crescente alteração climática... haverá muitos corpos estendidos... e que nos deixarão de ser desconhecidos... essa é a parte mais dramática, de toda esta conjuntura... a interiorização de que o mundo, é uno...
ResponderExcluirBeijinho!
Ana