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9 de jun. de 2016

[Conto] PEDRO LUSO – O Homem e sua Sina (reedição)





O HOMEM E SUA SINA
– PEDRO LUSO DE CARVALHO


Sentado num banco da Praça da Alfândega, Licurgo Pereira espera com ansiedade e medo. Levanta-se do banco e dá alguns passos em círculo, tentando acalmar-se. Torna a sentar-se. Olha para o relógio. Mal vê as pessoas que passam à sua frente. Preocupado, estica o pescoço para ver a rua em perspectiva. Então, se recorda do que lhe disse o homem de voz grave: “Aguarde-me na praça. E seja discreto”. Licurgo levanta-se para dar mais alguns passos. Precisa controlar-se. Volta a caminhar em círculo. Move-se com agitação. A noite que se aproxima agrava o seu estado. Vem-lhe a lembrança os tempos de jovem e do que lhe dizia seu pai sobre a retidão. As cores avermelhadas do crepúsculo contrastam com a cor cinza dos prédios que se amontoam no centro da cidade. Logo a noite apagará essas cores. Lâmpadas acendem-se clareando ruas e praças. Vitrines iluminadas atraem olhares curiosos. De repente um homem aperta o braço de Licurgo, como uma ameaça. Assustado, levanta-se do banco da praça. “O senhor está me esperando?”, pergunta o homem. Licurgo não responde. O homem faz uma advertência com rispidez: “Quieto. Sejamos discretos.” Depois, a um gesto seu, dois homens se aproximam e levam Licurgo Pereira para o carro. O homem de voz grave entra por último, e diz ao motorista: “Vamos.” E acrescenta: “Ainda temos que terminar o serviço”. O carro deixa o centro da cidade sem pressa, em direção à larga avenida. Daí, parte em alta velocidade para sumir ao longe, no breu da noite.





*   *   *




33 comentários:

  1. Instigante teu conto.Gostei muito! abraços,chica

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  2. Nel passo della notte, si perdono le vicissitudini dei protagonisti, di questa avvincente storia...
    Brano apprezzato, felice domenica e un saluto, Pedro,silvia

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    1. Seja bem-vinda querida amiga Silvia, depois de algum tempo de ausência, que certamente foi sentida por todos os teus leitores.
      Um beijo.
      Pedro

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  3. Meu Amigo Pedro, a sua narrativa excelente deixou-me cheia de curiosidade. Vai continuar não é verdade?
    Um beijo.

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    1. Nesse gênero da literatura, o conto, como você sabe o autor pode deixar o desfecho da narrativa para o leitor, como foi a minha intenção, minha amiga.
      Uma boa semana, Graça.
      Um beijo.
      Pedro

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  4. Es una historia, amigo Pedro, llena de misterios, a elección del lector en su trama y en su epílogo. Así y todo, no me gustaría haber sido el personaje que esperaba tan inquieto en la plaza.

    Qué tengas un magnífico domingo.

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  5. Gostei do texto, da imagem,
    Do suspense e do desfecho!
    Principalmente do trecho
    Que em elegante abordagem

    Citas a praça onde agem
    Os marginais. O entrecho
    É cativante e o fecho
    É do leitor - à sondagem!

    Eis o poeta na prosa
    Poética e capciosa
    Onde o suspense se faz

    Em ficção primorosa
    Quando Porto Alegre goza
    De noite de luz em paz!

    Parabéns ao escritor multifacetado, o grande causídico que estudou latim para acariciar "a última flor do Lácio, inculta e bela" ( Bilac). Parabéns amigo! Laerte.


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    1. Gracias Laerte, amigo e poeta de talento reconhecido, que o levou para ocupar uma Cadeira na Academia de Letras de Santa Catarina.
      Um grandee abraço Laerte.
      Pedro

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  6. Um conto muito interessante que desperta a nossa imaginação no sentido de adivinhar o resto da história.
    Abraço e uma boa semana

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  7. Texto talentoso com momentos de tensão, que iremos imaginar inquietam o coração de Licurgo Pereira! queremos que nada de mal lhe aconteça, mas será que é esse o destino do desfecho ?!
    boa semana!
    Angela
    https://poesiesenportugais.blogspot.com/

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  8. Una historia interesante con un final que deja una sensación de misterio y a gusto del lector para interpretarlo.
    Me gustó mucho como lo has desarrollado.

    Encantada de volver a leerte Pedro. Un abrazo.

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  9. Anônimo07:42

    Excelente este seu texto. Parabéns
    Boa semana

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  10. Credo, Pedro!
    Fiquei toda arrepiada... Nossa!!
    Que terrível ameaça obrigava Licurgo a tal espera!
    Eu finalizava com um rebentamento de pneu a alta velocidade, a estrada obstruída, o aparecimento rápido da polícia e o aprisionamento da quadrilha, há muito investigada e procurada...
    Gosto de finais felizes... Srrsssss....
    Boa semana, sem fogos, nem fogueiras de ânimos...
    O meu abraço, Amigo.
    ~~~~~

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  11. Oi Pedro, um conto para colocar em nosso coração aquilo que mais receamos...como um reflexo de nossas vivências e medos; muitas histórias dentro de poucas palavras que nos levam a outras imagens de outras histórias...Parabéns!
    Um abraço

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  12. Muy interesante e intrigante historia.
    Muy buena.
    Un beso. Feliz semana.

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  13. Me ha encantado seguir esta entrada paso a paso, me metí dentro del personaje y...
    Me has dejado, bueno, nos has dejado a todos los lectores sin saber el desenlace ¿Qué le espera al pobre Licurgo? Yo quisiera pensar en algo bueno, pues me gustan los finales felices, pero me viene a la mente un refrán: "Piensa mal y acertarás"
    Gracias por tu recibimiento, seguiremos en contacto una vez que he vuelto con todos vosotros.
    Cariños y buena semana.
    Kasioles

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    1. Depois de uma pausa no seu blog, vejo de volta, para minha alegria, a amiga Kasioles, que, não preciso dizer, é bem-vinda entre os amigos. Saludos.

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  14. Boa tarde de paz, amigo Pedro!
    Não consigo imaginar nada de muito bom no desfecho do conto pelas características da abordagem com que você foi pontuando seu texto. Entretanto, posso até imaginar que uma pessoa que não deva nada não se entregaria assim fácil a um chamado de telefone para um encontro na praça.
    Estarei eu errada? Não sei...
    Sobre a retidão com que ele foi educado (conforme o escritor pôs aqui), dá margem a uma consciência pesada do possível mal que poderia estar praticando ou sendo sujeito a...
    Só o escritor sabe... mas creio, que nos deixou livres na imaginação.
    Vou torcer, na imaginação, para que nenhum mal tenha acontecido com os personagens em nenhum sentido.
    Tenha dias felizes!
    Abraços fraternos de paz e bem

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  15. Gostei deste conto amigo Pedro e aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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  16. Hola Pedro: pienso que tus historias son un poco tristes, a menos que yo, que no soy muy lista no las comprenda.
    Me ha hecho mucha ilusión verte por mi blog. como ya te digo, me cuesta mucho entrar en el tuyo algunas veces y lo siento porque me gusta mucho leerte. Escribes muy bien, aunque como ya te digo, pienso que lo haces un poco triste.
    Te mando un fuerte abrazo desde este caluroso Madrid.

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  17. Olá, Pedro Luso

    Um conto que desperta a nossa imaginação. E tudo pode
    acontecer. Dificilmente se pode prever um final feliz mas
    vamos fazer força para que aconteça. Como, por exemplo,
    a solução que a Majo apresenta, acima. :)

    Abraço

    Olinda

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  18. Cómo será el final del camino de ese pobre hombre, no debe ser muy bueno. Muy buena es tu historia amigo.
    Abrazo

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  19. ¿Que le esperará a ese pobre hombre al final del camino? Intuyo que no debe ser nada bueno.

    Besos

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  20. Pois é, vê-se nesse conto que depois do leite derramado não há alternativa. Licurgo deveria ter pensado no conselho de seu pai, quanto à retidão, há mais tempo.
    E agora? O que acontecerá a Licurgo? Bem, esse é o 'x' da questão: fica para a imaginação de cada um, como é próprio de um conto
    Eu já imaginei uma porção de coisas...e fiz meu final!
    Ótimo conto!
    Beijinhos, daqui do lado.

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  21. Bom dia, Pedro,
    gosto deste gênero da literatura, pois penso que quando o autor entrega sua obra ao leitor, deixa de ser seu dono, porque nós, seus leitores fazemos a leitura ter o sentido que quisermos, e por isso, o conto me atrai sempre. Licurgo deveria ter levado para a sua vida os conselhos recebidos do pai. Imagino ele agora,sentado ao lado de gente de caráter duvidoso. O que fazer?
    Vou dar ao seu conto um final feliz, pois todos merecemos uma segunda chance desde que estejamos arrependidos, e entendi que ele estava. Muito bom. Abraços!

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  22. Oi Pedro!
    Gostaria de pensar em algo de bom para acontecer ao Licurgo mas, nos tempos de hoje não tem como.
    Muito bem escrito amigo, nos dando a linha e o anzol mas o resultado final ficando por conta de cada um.
    Abrçs

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  23. Excelente conto, no qual, após ler, minha imaginação correu solta!
    Beijos e um abençoado fim de semana!

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  24. Bom já que a coisa estava neste pé, eu não esperaria, nem pagaria pra ver.
    Isto dentro do que eu imagino que iria acontecer com Licurgo.
    Que nome! Achei interessante, eu não conhecia. Fui pesquisar e vi que Licurgo foi uma personagem da mitologia, e matava à traição. Não sei se o nome foi escolhido a proposito por você. Já na Wikipédia encontrei outro Licurgo que difere no caráter e personalidade, ele foi um legislador, conhecido por sua honestidade.

    Muito bom o Conto, me fez pensar...

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    1. O nome Licurgo é o segundo nome que você menciona: “um legislador, conhecido por sua honestidade”.
      Um ótimo domingo, Lourdinha.
      Um abraço. Pedro

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  25. El dejar al lector elucubrar sobre el destino de Licurgo es arriesgado por los desenlaces tan opuestos que pueden imaginarse.
    ¿Irá camino de cometer un delito? Eso sería algo triste por ser su nombre, como usted apunta, el de un honesto legislador.
    ¿Será un político honesto que debe firmar una ley dura pero necesaria? Ahí sí que compadezco al protagonista. No son buenos tiempos para la lírica. Saludos, Pedro.

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  26. Gostei muito do conto e ainda mais da escrita.
    Os leitores ficaram a ansiar por mais.

    Abraço e votos de um bom Domingo

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  27. Parece o correr da cortina e a imaginação a surgir apressada. Rapidamente tem que decidir o caminho entre tantos... Que suspense, amigo Pedro!
    Gostei imenso.

    Beijos.

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muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho