– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE dizia que a sua vida não tinha nada de
interessante, e que o pouco que tinha para contar já estava nas duas
autobiografias que escreveu para a Revista Acadêmica e para
Leitura. Dizia ele que a biografia do escritor deve ser dada a
conhecer ao público quando é movimentada, rica de passagens
curiosas e quando os vários lugares em que esteve e as pessoas que
de algum modo alguma forma influíram em sua obra. E acrescenta que
nessas duas outobiografias disse que nasci em Itabira, no Estado de
Minas Gerais, no ano de 1902, de pais portugueses que me criaram no
temor de Deus e que seu pai era fazendeiro, sem ter sequer o curso
primário completo. (In Carlos Drummond de Andrade, Coleção Fortuna
Crítica, p.21-22).
Segue
o poema de Carlos Drummond de Andrade, “As mãos” (in Menino
antigo. Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: José
Olympio Editora, 1974, p. 88):
MÃOS
– CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE
Aquele
doce que ela faz
quem
mais saberia fazê-lo?
Tentam.
Insistem, caprichando.
Mandam
vir o leite mais nobre.
Ovos
de qualidade são os mesmos,
manteiga,
a mesma,
iguais
açúcar e canela.
É
tudo igual. As mãos (as mães?)
são
diferentes.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho