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22 de ago. de 2013

[Filosofia] PEDRO LUSO – Filhos ‘versus’ pais





          [ESPAÇO DA FILOSOFIA]


             FILHOS VERSUS PAIS
                       -  PEDRO LUSO DE CARVALHO 


Vemos que mulheres e homens convivem com pessoas com as quais têm um comportamento que pode ser tido como normal, nos bancos escolares de todos os níveis, no trabalho, e nos locais em que frequentam nos seus momentos de lazer; sabem manter um diálogo com seus interlocutores, com o cuidado de manterem-se afáveis, compreensivos e respeitosos, por entenderem que essa regra de conduta será a garantia de que estarão sempre rodeados de amigos, num ou noutro momento; criam em suas mentes fronteiras imaginárias que delimitam os seus espaços, e assim convivem em perfeita harmonia.

Na condição de colegas ou de amigos, esforçam-se para que o respeito mútuo esteja sempre presente entre eles, uma vez que têm plena consciência dessa necessidade; sabem que o tratamento cortês que a eles dispensam será a garantia de que também serão tratados com a mesma cortesia, e, com isso, estarão sempre mais propensos à prática de atos de solidariedade para com essas pessoas que os cercam, pois sabem que com esse modo de proceder fortalecem os elos dessa corrente que os unem; também sabem que para isso é indispensável à observância dos limites de seus territórios, e respeitam as suas fronteiras, que os separam e os ligam ao mesmo tempo.

Muitas dessas pessoas, que também convivem com os seus pais, na mesma casa ou em casas diferentes, e, nesse convívio, agora visto sob o prisma de filhos, mostram-se pessoas com comportamentos diametralmente opostos aos que convivem com colegas e amigos; e, se fossem vistos nessa condição, certamente estes não seriam por eles reconhecidos, por se mostrarem egoístas, descorteses, indiferentes.

Quem os visse agora, na condição de filhos, sem dúvida ficariam desolados com o tratamento que estariam dispensando aos seus pais, pela ausência do diálogo, do respeito, da compreensão; só não ficariam mais desolados com o que veriam porque saberiam que eles, filhos que também são, têm igualmente um comportamento junto aos seus colegas e amigos, e outro para com seus pais; e que, na realidade, vivem em dois mundos: com aqueles são pródigos em cortesia e compreensão, enquanto que para estes sobra a indiferença, a queixa, a acusação.

Essa é a realidade: a consciência de que existem normas para serem observadas no convívio entre colegas e amigos, e que são desconhecidas pelos filhos no relacionamento com seus pais; neste caso, deixam de praticar a cortesia, a solidariedade; em casa de seus pais, sequer os cumprimentam quando chegam, ou se despedem quando saem; guardam com avidez o que têm de bom para distribuir com sobras às pessoas que fazem parte de seu círculo de amizade; com seus amigos expandem os seus sentimentos de alegria, de camaradagem, de compreensão.

No fundo, os filhos têm uma espécie de comiseração para com os seus pais, enganados que estão ao pensarem que somente eles, os filhos, têm as necessárias condições para a fruição da vida; mas, como esse sensível e complexo relacionamento sempre foi assim, e que, no meu entender, assim permanecerá, resta-nos aceitar essa realidade, como já a aceitaram nossos antepassados.



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Um comentário:

  1. Olá dr Pedro Luso, parece incrível, mas o que dizes aqui nada mais é que a verdade de muitas, muitas relações de pais e filhos, cá eu tenho uma teoria, acho que o amor incondicional dos pais aliado a falta de uma educação não rígida, mas firme, permite que estes mesmos seres criados com todo mimo, sejam desaforados e mal criados com seus pais,pois é mais fácil se revoltar com alguém que temos intimidade e mais, sabemos que nos amam muito. Eu não me incluo, pois amo muito e respeito e venero meus pais. Baelo post dr.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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Pedro Luso de Carvalho