Por Pedro Luso de Carvalho
LUÍS DELFINO, cujo nome completo era Luís Delfino dos Santos, nasceu a 25 de agosto de 1834, na localidade de Destêrro, atual capital do Estado de Santa Catarina, Florianópolis; portanto, teve Cruz e Souza como seu conterrâneo. No Rio de Janeiro, formou-se em medicina. Destacou-se tanto como médico e como poeta. No Senado da República, representou o seu Estado natal. Nenhum livro de sua poesia foi publicado em vida. Teve publicada apenas a sua tese médica. Já a sua produção poética foi publicada em jornais e revistas. Seu filho, Tomás Delfino, encarregou-se de reunir grande parte dessa produção poética, que se encontrava dispersa. Álvaro Lins destaca que o traço mais curioso da personalidade literária de Luís Delfino “é haver ele refletido os três movimentos poéticos do século: o romantismo, o parnasianismo e o simbolismo”.
Obras do poeta, todas publicadas no Rio de Janeiro: Algas e Musgos, sem data; Poemas, 1928; Poesias Líricas, 1934; Íntimas e Aspásias, 1935; A Angústia do Infinito, 1936; Atlante esmagado, 1936; Rosas Negras, 1938; Esboço da Epopeia Americana, 1939; Arcos de Triunfo, 1940; Imortalidades (I, II e III vols.), 1941 e 1942.
Luís Delfino morreu na cidade do Rio de Janeiro, a 31 de janeiro de 1910, aos 76 anos de idade.
Segue o poema de Luís Delfino, intitulado A Saída (In Roteiro Literário de Portugal e do Brasil. Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Hollanda. vol. II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 115-116.):
[ESPAÇO DA POESIA]
A SAÍDA
(Luís Delfino)
O galo canta: o ar, que freme, é quente:
Desce ruflando pelo vale o vento;
Há no horizonte os rolos de uma enchente
Do mar, que invade e doira o firmamento.
Toca a sineta; vem saindo a gente
Da senzala, num jorro sonolento:
Depois da reza, a passo tardo e lento,
Enxada ao ombro, dois a dois em frente,
Ao eito vão pelo carreiro aberto:
O mato cheira, rumorejam ninhos
No cafezal, de branca flor coberto...
Há um grande chilrar de passarinhos...
E enquanto o escravo vai... segue-o de perto
A risada da luz pelos caminhos...
*
(Rosas Negras, Rio de Janeiro, 1938, pág. 49.)
* * *
Ola Pedro!
ResponderExcluirBom te visitar...... aei este poema ...
Obrigada por me apresentar Luiz delfino e sua poesia!!
abraco..
Gostei muito da expressão que ele usou:
ResponderExcluir"A risada da luz pelo caminho."
Fiquei pensando como seria a risada da luz. Seria um dia de sol sem calor?
Beijos!!!
Oi Pedro,
ResponderExcluirIntrigou-me também a "risada da luz",
seria o contraste da condição de escravos com a feliz liberdade ali sugerida pela luz do sol, ou simplesmente a própria alegria contida na luz?
Gostei muito.
ResponderExcluirEstá na Folhinha Poética. http://folhinhapoetica.blogspot.com.br/2013/03/29mar13-luiz-delfino.html
Obrigado pela visita.
ExcluirUm abraço.