– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Segue
o poema de Manuel Bandeira, Vou-me
embora pra asárPgada,
(In Manuel Bandeira. Seleta de prosa e verso; organização, estudos e notas de Manuel de Moraes. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1975:
VOU-ME
EMBORA PRA PASÁRGADA
--
MANUEL
BANDEIRA
Vou-me
embora pra Pasárgada
Lá
sou amigo do rei
Lá
tenho a mulher que eu quero
Na
cama que escolherei
Vou-me
embora pra Pasárgada
Vou-me
embora pra Pasárgada
Aqui
eu não sou feliz
Lá
a existência é uma aventura
De
tal modo inconsequente
Que
Joana a Louca de Espanha
Rainha
e falsa demente
Vem
a ser contraparente
Da
nora que nunca tive
E
como farei ginástica
Andarei
de bicicleta
Montarei
em burro brabo
Subirei
no pau-de-sebo
Tomarei
banhos de mar!
E
quando estiver cansado
Deito
na beira do rio
Mando
chamar a mãe d’água
Pra
me contar as histórias
Que
no tempo de eu menino
Rosa
vinha me contar
Vou-me
embora pra Pasárgada
Em
Pasárgada tenho de tudo
É
outra civilização
Tem
um processo seguro
De
impedir a concepção
Tem
telefone automático
Tem
alcalóide à vontade
Tem
prostitutas bonitas
Para
a gente namorar
E
quando estiver mais triste
Mas
triste de não ter jeito
Quando
de noite me der
Vontade
de me matar
– Lá
sou amigo do rei –
Terei
a mulher que eu quero
Na
cama que escolherei
Vou-me
embora pra Pasárgada.
* * *
Eu amo este poema, como eu queria uma Pasárgada, para nela me esconder. Bela escolha!!
ResponderExcluirAbraços!