– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
CECÍLIA
MEIRELES apareceu no mundo literário do nosso país no ano de 1922,
com publicações nas revistas Árvore Nova, Terra de Sol e Festa, no
período de 1919 a 1927, nos quais escritores católicos defendiam a
renovação das letras brasileiras na base do equilíbrio e do
pensamento filosófico. O aparecimento da poetisa deu-se, portanto,
por coincidência, na época em que eclodia o movimento modernista
(1922), no qual os escritores nele envolvidos representavam uma outra
tendência.
A
premiação em 1938, pela Academia Brasileira de Letras, de Viagem,
significou o reconhecimento de um empenho monacal no estudo de nossa
tradição literária e na assimilação dos recursos expressivos da
arte verbal. Com esse livro ingressava Cecília Meireles na primeira
linha dos poetas brasileiros, ao mesmo tempo que se distinguia como a
única figura universalizante do movimento modernista.
Segue
o poema Canção
a caminho do céu,
de Cecília Meireles (In Meireles, Cecília. Flor de poemas. 3ª ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1972, p. 93):
CANÇÃO
A CAMINHO DO CÉU
– CECÍLIA
MEIRELES
Foram
montanhas? foram mares?
foram
números...? – não sei.
Por
muitas coisas singulares,
não
te encontrei.
E
te esperava, e te chamava,
e
entre os caminhos me perdi.
Foi
nuvem negra? maré brava?
E
era por ti!
As
mãos que trago, as mãos são estas.
Elas
sozinhas te dirão
se
vem de mortes ou de festas
meu
coração.
Tal
como sou, não te convido
a
ires para onde eu for.
Tudo
que tenho é haver sofrido
pelo
meu sonho, alto e perdido,
– e
o encantamento arrependido
do
meu amor.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.
Pedro Luso de Carvalho