– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
FERNANDO
PESSOA nasceu em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888. Teve um único
irmão, Jorge, mais novo que ele, que morreu em 1894, com apenas um
ano de idade. Antes de completar seis anos, o menino Fernando ficou
órfão de pai. Em 1896, já com oito anos, passou a morar em Durban,
na África, com a família, a mãe e o padrasto Miguel Rosa. Aí, o
padrasto assume o cargo de cônsul de Portugal.
Dez
anos, foi o tempo que residiu nesse continente, período em que
adquiriu a base de sua cultura literária (Milton, Shelley,
Shakespeare, Tennyson, Pope e outros). As aulas recebidas em Durban
foram ministradas na língua inglesa.
Na
África, nasceram os seus primeiros poemas, assinando-os com os nomes
de Alexander Search e Robert Anon, enquanto realizava os seus
estudos; o primário numa escola de freiras irlandesas, e o
secundário na Durban High School.
Em
1905, regressou sozinho a Lisboa, onde redescobre sua cultura e
literatura: Cesário Verde, Antônio Nobre, Antero de Quental, Camilo
Pessanha, Mas quem o influenciou fortemente foi Camões, embora tenha
demonstrado pouco interesse pelo criador de Os
Luzíadas,
fato que se deve a sua ânsia de superar o mestre – o “pai” , –
como diz Harold Bloom, autor de The
anxiety of influence.
Segue
o poema Qualquer
música...,
de Fernando Pessoa (in
Poesia. 1918 – 1930 /
Fernando Pessoa. Edição Manuela Parreira da Silva, Ana Maria
Freitas, Madalena Dine . – São Paulo: Companhia das Letras, 2007,
p. 285):
QUALQUER
MÚSICA...
– FERNANDO
PESSOA
Qualquer
música, ah, qualquer,
Logo
que me tire da alma
Esta
incerteza que quer
Qualquer
impossível calma!
Qualquer
música – guitarra,
Viola,
harmónio, realejo...
Um
canto que se desgarra...
Um
sonho em que nada vejo...
Qualquer
coisa, que não vida!
Jota,
fado, a confusão
Da
última dança vivida...
...
Que eu não sinta o coração!
5-10-1927
* * *
FERÊNCIA:
MOISÉS, Carlos Felipe. Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos. São Paulo: Editora Escrituras, 2005. (Coleção Ensaios Transversais.)
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Pedro Luso de Carvalho