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4 de dez. de 2012

[Poesia] EDGAR ALLAN POE - Silêncio




– PEDRO LUSO DE CARVALHO
      
 EDGAR ALLAN POE nasceu a 19 de janeiro de 1809, em Boston, Estados Unidos da América, e faleceu a 7 de outubro de 1849,  em Baltimore, EUA, aos 40 anos de idade. Foi poeta, contista e ensaísta. Mistério e elementos macabros que impregnam suas histórias deram ao estilo gótico americano outro norte. William Carlos Williams dizia que Poe foi o primeiro autor verdadeiramente americano.
  Entretanto, o reconhecimento como grande contista, poeta e ensaísta deu-se primeiramente na França, que teve como divulgador de sua obra e o primeiro a traduzir Poe para o francês, o conceituado poeta Charles Baudelaire (1821-1867). Mallarmé, um dos expoentes do Simbolismo francês, continuou a fazer a divulgação das histórias e poesias de Poe, que se viu consagrado nos dois anos que antecederam sua morte.
  E foi justamente Charles Baudelaire o primeiro tradutor de contos e ensaios de Poe, levando-os a ser conhecidos pela elite de literatos de Paris, que passaram a admirar a sua obra. Mallarmé, um dos expoentes do Simbolismo, continuou a fazer a divulgação das histórias e poesias de Poe, cujos versos falam apenas de mundos interiores, sem qualquer menção ao mundo exterior.
   Segue o poema Silêncio, de Edgar Allan Poe, que integra o livro Poemas e Ensaios/Edgar Allan Poe. Tradução de Osmar Mendes e Milton Amado. Revisão e notas de Carmen vera Cirne Lima. 3ª ed. revista. São Paulo: Globo, 1999, p. 48:

   
[ESPAÇO DA POESIA]



SILÊNCIO

– EDGAR ALLAN POE



Há qualidades incorpóreas de existência
dupla, nas quais segunda vida se produz,
como a entidade dual da matéria e da luz,
de que o sólido e a sombra espelham a evidência.

Há pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia,
do corpo e da alma; um, mora em deserta região
que erva recente cubra e onde, solene, o atraia
lastimoso saber; onde a recordação

o dispa de terror; seu nome é "nunca mais";
é o silêncio corpóreo. A esse, não temais!
Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora

um destino precoce (oh!, destinos fatais!)
vos leva às regiões soturnas, que apavora
sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma

jamais pisou, a Deus recomendai vossa alma!




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Pedro Luso de Carvalho