– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
No
artigo anterior publicado aqui neste espaço tive a oportunidade de
mostrar alguns trechos da obra Idéias Fixas de João Cabral de Melo
Neto, escrita pelo poeta e jornalista, Félix Athayde, amigo de João
Cabral. Esse livro está dividido em duas partes: “Uma educação
pela pedra” (as opiniões do poeta sobre muitas coisas, sempre
relacionadas com a literatura) e “Outra educação pedra” (a obra
comentada pelo próprio poeta, e com suas opiniões sobre autores, e
o que João Cabral comenta sobre seus próprios livros e sobre ele
mesmo).
Quanto
a
Idéias fixas de João Cabral de Melo Neto,
obra de Félix de Athayde, ficamos por aqui, para passarmos para
outra obra importante, qual seja, Duas Águas (Poemas Reunidos), de
João Cabral de Melo Neto (Rio de Janeiro: José Olympio, 1956).
Dessa
obra, Duas Águas (Poemas Reunidos), escolhemos o poema 'A
Carlos
Drummond de Andrade',
uma homenagem que João
Cabral de Melo Neto
presta ao poeta mineiro, seu amigo e um dos nomes mais importantes
nomes da poesia moderna:
A
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
– JOÃO
CABRAL DE MELO NETO
Não
há guarda-chuva
contra
o poema
subindo
de regiões onde tudo é surpresa
como
uma flor mesmo num canteiro.
Não
há guarda-chuva
contra
o amor
que
mastiga e cospe como qualquer boca,
que
tritura como um desastre.
Não
há guarda-chuva
contra
o tédio:
o
tédio das quatro paredes, das quatro
estações,
dos quatro pontos cardeais.
Não
há guarda-chuva
contra
o mundo
cada
dia devorado nos jornais
sob
as espécies de papel e tinta.
Não
há guarda-chuva
contra
o tempo
rio
fluindo sob a casa, correnteza
carregando
os dias, os cabelos.
*
*
REFERÊNCIAS:
ATHAYDE,
Félix de. Idéias
fixas de João Cabral de Melo Neto.
4ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: FBN; Mogi das Cruzes,
SP: Universidade de Mogi das Cruzes, 1998, p. 12, 17, 26,37-38.
DE
MELO NETO, João Cabral.
Duas águas.
Poemas reunidos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956, p. 45-46.
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Pedro Luso de Carvalho