[ESPAÇO DO CONTO]
VIDAS DESPERDIÇADAS
– PEDRO LUSO DE CARVALHO
Diógenes Silva esteve casado com Matilde por quase quinze anos. Agora,
depois do civilizado divórcio, espera por ela no café, onde a
viu pela primeira vez. Combinaram que aí deveria ser a despedida, em homenagem
à vida que desfrutaram juntos. Para eles, nas suas lembranças deveriam ficar
apenas os sentimentos de amor, que nutriram um pelo outro.
– Não se esqueça do piano, nem dos estudos de Chopin – disse Diógenes, vendo
o seu rosto refletido nos grandes olhos de Matilde.
– Não me esquecerei.
O carro de Diógenes agora se afasta lentamente, depois de seu último
aceno para Matilde, que, postada em frente ao café, devolvia-lhe o aceno.
No longo percurso que teria pela frente, até a cidade escolhida para sua
moradia provisória, Diógenes ouviria apenas o som dos pneus contra o asfalto, e
teria seus pensamentos voltados para àquela época em que cursava a faculdade de
música, onde foi colega de Matilde.
– Não se descuide dos prelúdios de Bach, que terás um futuro brilhante –
disse a Diógenes o seu velho professor.
Uma lufada de vento, vinda do mar, refresca o rosto de Diógenes, que mantem
aberto o vidro do carro. Logo sente ter sido esse o sopro que lhe faltava para
retornar ao piano, para o qual sempre se sentira talhado.
– Quem sabe ainda poderei
encontrar o meu lugar na música europeia – pensa Diógenes, mantendo o olhar fixo
na estrada, que se espicha à sua frente.
*
* *
Gostei...
ResponderExcluirஇڿڰۣ-ڰۣ—Feliz Semana Santa.
ResponderExcluir♥ B E S O S ♥
─═☆MaRiBeL☆═─
Oi Pedro!
ResponderExcluirAdorei te ler viu? Hoje venho te fazer um pedido. Eu estou participando da 2ª gincana no blog Ô Trocyn Bão”com o poema “Mulher... Obra perfeita” . Venho pedir o teu voto. Acesse o link http://www.riosul2012.com/2013/03/sou-mulher-gracita.html e leia o poema. Se achar que mereço vote em “Gracita” na lateral esquerda do blog. Grata pela atenção e carinho que sempre demonstra por mim. A votação termina no dia 30/03/2013
Beijinhos com ternura
Gracita
Olá, Pedro!
ResponderExcluirGosto imensamente da condução de seus textos e de como induz o leitor a traçar caminhos para os personagens, acompanhando a trajetória que você traça para eles, mas que suscitam outras possibilidades, para surpreender-nos no final com o obvio, mas com o qual não cogitamos, tornando assim uma conclusão inusitada e espetacular.
Um abraço,
Celêdian
Pedro, o conto está ótimo. O que me chamou a atenção, em especial, foi o fato de duas pessoas apaixonadas por 15 anos e num aperto de mão tudo se encerra. E é sempre assim pra pior quando as relações se acabam: acaba a consideração, o respeito, os anos de cumplicidade. E o ser humano mostrando toda a sua complexidade.
ResponderExcluirÉ lógico que o Diógenes não aguentaria tanta oferta, tanto luxo e tanta dependência! Mas isso existe e muito. E o final nem sempre é esse, um pianista solitário e cheio de indagações (embora sua vida artística tenha sido desperdiçada). Na maioria das vezes as separações são extremamente atritadas, uma bola de neve que vai se formando... Porém, esse desfecho foi surpreendente!
Beleza pura!
Beijinhos.
Olá,
ResponderExcluirParabéns pela crônica.
Beijos e obrigada por sempre passar no meu blog.
http://raquelconsorte.blogspot.com.br/
Lindo conto, em poucas linhas nos dá a dimensão do que é o fim de uma relação de quinze anos que, ainda bem ficou o respeito e a admiração, o incentivo, e seguir em frente, quem sabe reatar os velhos sonhos?!
ResponderExcluirAmei ler amigo Pedro, muito bem escrito!
Abraços apertados e agradeço a visita e comentário lá no meu espaço!
Lindo domingo!!!!!!!!!! Beijos
ResponderExcluirBoa noite querido Pedro.
ResponderExcluirQue conto excelente, como é triste quando um casal casam apaixonadas depois de tantos anos ocorre a separação. Pelo menos eles o fizeram de uma forma amigável. Um feliz domingo para você e a querida Tais. Enorme abraço.
Bonita historia. Después de quince años de vida en común les ha quedado, al menos, el amor por la música y el respeto.
ResponderExcluirSaludos Pedro
Olá Pedro
ResponderExcluirUm conto bonito e simples, como devia ser a vida.
Sem dramas nem ódios, fechar um caítulo da vida e estar preparada para o próximo com um sorriso de esperança.
Um beijinho e bom fim de semana
Teresa
Boa tarde, Pedro, belíssimo e instigante final, ao lermos seu conto, nos parece sabermos qual será o desfecho, ledo engano, hein, Diógenes, nos mostrou que a separação pode deixar uma saudade boa, e ele foi....ao sabor da brisa do mar. Abraço!
ResponderExcluirnunca é tarde para nada, e neste caso acho que sim que Diógenes ainda pode correr atrás de um sonho adiado pelas curvas da vida...
ResponderExcluirboa semana.
beijo
:)
Caro Pedro
ResponderExcluirÓtimo conto, o desfecho fez-me pensar que quando abandonamos um sonho no meio do caminho um dia ele vem cobrar a realização, seja lá de que jeito ela se der.
É atrás desta realização que Diógenes está indo buscar.
Pelo visto com o apoio amoroso da Matilde...
Parabéns pelo ótimo conto.
grande abraço, Léah
Olá Pedro,
ResponderExcluirÉ sempre tempo de retomar o caminho dos sonhos. O casamento, em tese, não seria óbice para tal, mas, no caso, parece que havia grande cumplicidade entre Diógenes e Matilde e que esta renunciou ao seu amor para que Diógenes pudesse ir em busca dos seus sonhos.
Nem sempre fazemos escolhas satisfatórias e quando a frustração bate é preciso corrigir a rota.
O conto é muito interessante e remete a reflexões importantes sobre os rumos que a vida pode tomar diante das nossas escolhas.
Abraço.
Es una historia que nos hace reflexionar sobre muchos aspectos en la vida de pareja, en que se sacrifican actividades que apasionan y se dejan de lado.
ResponderExcluirUn abrazo, Pedro y muchas gracias por tu amistad y compañía.
Olá!!
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Amigo Pedro. Y por qué no.
ResponderExcluirAquí hemos venido a ser felices.
Y si se cierra el proyecto de una pareja, quizá se abre para una vocación, porque la persona sigue viva. Y uno está vivo hasta que se muere.
Pedro, senti pena desses dois que após 15 anos parece um não ter dado o devido espaço ao outro para que fizesse o que gostava.
ResponderExcluirAgora, depois de oficializada a civilizada separação, quem sabe os dois retomem a vida, pensando diferente, cada um em um lado.Restam apenas as experiências e lembranças !
ADOREI!
abraços, tudo de bom,chica
O importante é seguir em frente e nunca deixar de sonhar.
ResponderExcluirUm abraço
Maria
Pedro, seus contos são ótimos. Quando chegamos ao ponto final, colocado por você, damos continuidade a eles, em nossos pensamentos (rss). Pareceu-me que ele abriu mão de seu reconhecido talento, quando se casou. E a mulher continuou a se dedicar à música, em vista do conselho dele, na despedida. Mas a separação lhe oferecia , outra vez, a oportunidade de seguir um sonho. Gostei muito! Abraço.
ResponderExcluirCuando se llega al divorcio es el reconocimiento de que fallaron las bases de esa relación, aparece la evidencia de la equivocación y es una suerte acabar de un modo civilizado lo cual ocurre con muy poca frecuencia en la realidad de los divorcios porque, en mi opinión, la gente no quiere romper y espera a estar cargado de "odios". Interesante tema si supiéramos cuáles iban a ser las consecuencias de nuestros actos, nunca llegaríamos a cometer errores y esto aún no ha sido inventado.
ResponderExcluirSaludos cordiales. Franziska
Muito interessante o seu texto. Às vezes as pessoas só vêem o que perderam quando já não têm...
ResponderExcluirBeijos.
Conto de encanto. Muito interessante!
ResponderExcluirAbraço
Un amor el suyo, acompañado por la música hasta el final.
ResponderExcluirEs preciso conservar siempre los buenos momentos vividos, aunque la vida se vuelva en tu contra.
Saludos.
Oi amigo, vim lhe desejar uma ótima semana, beijos e fique com Deus!!
ResponderExcluirMuitas ligações não resistem ao tempo...
ResponderExcluirMagnífico conto, gostei.
Bom fim de semana, caro amigo Pedro.
Abraço.
Así es la vida o debería ser, sin dramas ni rencores.
ResponderExcluirInteresante tu blog.
Un placer recibir tu visita en el mío.
Me alegra saludarte.
Un abrazo Pedro.
Cuando uno se casa, hay que renunciar a muchas cosas, pero cuando el amor compensa todos los sacrificios, no hay ningún tipo de problema.
ResponderExcluirPero, y siempre hay un pero, puede surgir que, después de tantos años de convivencia (yo no diría que son muchos) el amor se debilite y se llegue a un divorcio amistoso, un punto a su favor.
Emprender una nueva vida es difícil, pero hay pasiones que vuelven a resurgir y puede que la música compense todo lo anterior.
Cariños y buena semana.
kasioles
Ser felices es un camino en la vida, y si no se és mientras se viva se tiene la oportunidad de buscar.
ResponderExcluirbESITOS
Que pena que o casamento traga consigo, por vezes, essa leviana abdicação dos sonhos e desejos mais profundos de cada um. A construção de uma vida a dois não pode fazer eclipsar a individualidade e o projecto com o qual se sonhava à partida. Se alguém acha que o outro vai preencher todas as suas necessidades, grande engano. Um desperdício de vida no sentido em que cada divórcio exige sempre um recomeço, quase a partir do zero.
ResponderExcluirBelo conto. Acerca do essencial.
xx
E não é que há coisas assim?! Uma lufada de ar, um tropeço na rua, uma peúga rota... e vem, inopinadamente, caída do céu aos trambolhões uma ideia genial.
ResponderExcluirBelo conto.
Abraço.
O final foi fantástico fugindo do que a mente vai criando.
ResponderExcluirRelação assim é sempre complexa no espaço e no tempo.
Belo trabalho amigo.
Abraços