– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
No
ano de 1930, deu-se a estreia na poesia de Carlos Drummond de
Andrade; Alguma
poesia
é o título de seu primeiro livro; daí em diante, o poeta não
pararia de escrever poemas. Como acontece com todo o novo escritor,
crítica literária e leitores dividiram-se em elogios e em
contrariedade, quando saiu Alguma
poesia.
A História da Literatura iria fazer justiça ao mestre Drummond,
como sendo um dos mais importantes poetas de nosso país. Alguns de
seus livros mais importantes: Brejo
das Almas,
1934; Sentimento
do Mundo,
1940; A Rosa do Povo, 1945; Claro
Enigma,
1951.
Carlos
Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, a 31
de outubro de 1902, e faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de agosto de
1987.
Segue
o poema O
quarto escuro,
de Carlos Drummond de Andrade (In Menino Antigo/ Boitempo - II.
Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio Editora, 1974, p. 104):
O
QUARTO ESCURO
– CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE
Por
que este nome, ao sol? Tudo escurece
de
súbito na casa. Estou sem olhos.
Aqui
decerto guardam-se guardados
sem
forma, sem sentido. É quarto feito
pensadamente
para me intrigar.
O
que nele se põe assume outra matéria
e
nunca mais regressa ao que era antes.
Eu
mesmo, se transponho
o
umbral enigmático,
fico
outro ser, de mim desconhecido.
Sou
coisa inanimada, bicho preso
em
jaula de esquecer, que se afastou
de
movimento e fome. Esta pesada
cobertura
de sombra nega o tato,
o
olfato, o ouvido. Exalo-me. Enoiteço.
O
quarto escuro em mim habita, Sou
o
quarto escuro. Sem lucarna.
Sem
óculo. Os antigos
condenam-me
a esta forma de castigo.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.
Pedro Luso de Carvalho