- PEDRO LUSO DE CARVALHO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE foi
poeta, jornalista e funcionário público. Não foi indiferente ao
movimento para modernizar as artes, pelo contrário, participou do
movimento literário modernista. Com seus companheiros de geração,
editou A Revista,
nos anos de 1925-1926.
Drummond jornalista,
desempenhou importantes cargos nos jornais Diário
de Minas, Minas
Gerais, entre
outros. Escreveu crônicas, nos anos de 1954 a 1968, para o Jornal
carioca, Correio da
Manhã, com o
título geral de “Imagens”. Depois passou para o Jormal
do Brasil, onde
manteve uma coluna no Caderno
B.
O poeta nasceu em Itabira,
Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902 e faleceu no Rio de Janeiro a
17 de agosto de 1987.
Segue
o poema de Carlos Drummond de Andrade,
Dissolução,
de
Carlos Drummond de Andrade
(In,
Claro
Enigma/Carlos
Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1991, p 15-16):
DISSOLUÇÃO
-
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Escurece,
e não me seduz
tatear
sequer uma lâmpada.
Pois
que aprouve ao dia findar,
aceito
a noite.
E
com ela aceito que brote
uma
ordem outra de seres
e
coisas não figuradas.
Braços
cruzados.
Vazio
de quanto amávamos,
mais
vasto é o céu. Povoações
surgem
do vácuo.
Habito
alguma?
E
nem destaco minha pele
da
confluente escuridão.
Um
fim unânime concentra-se
e
pousa no ar. Hesitando.
E
aquele agressivo espírito
que
o dia carreia consigo
já
não oprime. Assim a paz.
destroçada.
Vai
durar mil ano, ou
extinguir-se
na cor do galo?
Esta
rosa
é
definitiva,
ainda
que pobre.
Imaginação,
falsa demente,
já
te desprezo. E tu, palavra.
No
mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E
sem alma, corpo, és suave.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho