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20 de mai. de 2010

A MÚSICA BARATA – Carlos Drummond de Andrade




PEDRO LUSO DE CARVALHO

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902. A sua estreia como poeta deu-se em 1930, com a publicação do livro Alguma poesia, no qual reuniu poemas que escreveu a partir de 1925. Além de poeta, Drummond foi jornalista, tendo trabalhado no Diário de Minas, Jornal carioca, Correio da Manhã, Jornal do Brasil. E mais, também foi funcionário público no Estado de Minas Gerais e depois no Rio de Janeiro. Somou à essas atividades o trabalho que desempenhou na equipe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Deixou a função pública para aposentar-se, depois de 35 anos de serviço. Faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de agosto de 1987.
Segue o poema A música barata, de Carlos Drummond de Andrade (in antologia poética / Carlos Drummond de Andrade. 11ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 30):


A MÚSICA BARATA
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Paloma, Violetera, Feuilles Mortes,
Saudades do Matão e de mais quem?
A música barata me visita
e me conduz
para um pobre nirvana à minha imagem.


Valsas e canções engavetadas
num armário que vibra de guardá-las,
no velho armário, cedro, pinho ou...?
(O marceneiro ao fazê-lo bem sabia
quanto essa madeira sofreria.)


Não quero Handel para meu amigo
nem ouço as matinatas dos arcanjos.
Basta-me
o que veio da rua, sem mensagem,
e, como nos perdemos,
se perdeu.




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Pedro Luso de Carvalho