– PEDRO LUSO DE
CARVALHO
Em Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, aparecem alguns
modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso não seria obstáculo para a
formação do grande poeta, o de fato aconteceu.
Efetivamente, dentre os
poetas que surgiram em data próxima a Semana
da Arte Moderna (1922), Drummond seria o destaque maior, juntamente com
João Cabral de Melo Neto e com Manoel Bandeira. Esse fato pode ser constatado
pelos livros de Drummond, que se seguiram a este, como: Brejo das almas, 1934; Sentimento
do mundo, 1940; A rosa do povo,
1945; Claro enigma, 1951.
Segue o poema de Carlos
Drummond de Andrade, intitulado O chamado
(in
Claro Enigma. Carlos Drummond de
Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991, p. 67-68):
O CHAMADO
– Carlos Drummond de Andrade
Numa rua escura o velho
poeta
(lume de minha mocidade)
já não criava, simples
criatura
exposta aos ventos da
cidade.
Ao vê-lo curvo e desgarrado
na caótica noite urbana,
o que senti, não alegria,
era, talvez, carência
humana.
E pergunto ao poeta,
pergunto-lhe
(numa esperança que não
digo)
para onde vai – a que angra
serena,
a que passárgada, a que
abrigo?
A palavra oscila no espaço
um momento. Eis que,
sibilino,
entre as aparências sem
rumo,
responde o poeta: Ao meu
destino.
E foi-se para onde a
intuição,
o amor, o risco desejado
o chamavam, sem que ninguém
pressentisse, em torno, o
Chamado.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.
Pedro Luso de Carvalho