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3 de jan. de 2011

[Poesia] SER – Carlos Drummond de Andrade



– PEDRO LUSO DE CARVALHO

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE também foi jornalista; desempenhou importantes cargos no jornal Diário de Minas, Minas Gerais, entre outros. Escreveu crônica nos anos de 1954 a 1968, para o Jornal carioca, Correio da Manhã, com o título geral de “Imagens”. Depois passou para o Jornal do Brasil, onde manteve uma coluna no Caderno B.
Drummond também foi funcionário público; exerceu funções no Governo de Minas Gerais e depois no Rio de Janeiro; foi chefe do gabinete do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, de quem era amigo. Integrou a equipe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Aposentou-se após 35 anos de serviço.
O poeta fez sua estreia em livro no ano de 1930, com Alguma poesia, Nessa obra, o poeta reuniu trabalhos que havia começado a produzir a partir de 1925. A crítica literária e o público leitor recebeu o livro (Alguma poesia) com forte reação, quer de elogios quer de contrariedade.
Nesse livro, Alguma poesia aparece alguns modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso não seria obstáculo para a formação do grande poeta, o que de fato aconteceu.
Segue o poema Ser, de Carlos Drummond de Andrade (in Andrade, Carlos Drummond de. Claro enigma. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991, p. 29-30):

SER
– CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
objeto de ar;
em que gruta ou concha
quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te.

Como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.


*  *  *

Um comentário:

  1. tão triste e, de um tempo só, sensível. Teimo em repetir-me: parabéns!
    Magistralmente escrito.

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Pedro Luso de Carvalho