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22 de abr. de 2012

FERNANDO PESSOA [POEMA]



PEDRO LUSO DE CARVALHO

Nascido em Lisboa, a 13 de junho de 1888, órfão de pai, antes de completar os seis anos, Fernando Pessoa parte em 1896 para a África, com a mãe, que se casara de novo, com João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban. Os dez anos aí passados foram decisivos para a sua formação. Aí escreve os seus primeiros poemas. Realiza os estudos primários numa escola de freiras irlandesas; secundários, na Durban High School e, em 1904, foi aprovado nos exames de ingresso no Curso de Artes, na Cape Univerty. Mas no ano seguinte decidiu regressar a Lisboa, sozinho.
De volta a Portugal, redescobre sua cultura e literatura: Cesário Verde, Antonio Nobre, Antero de Quental, Camilo Pessanha, que vêm somar-se a uns, como ele diz, “subpoetas”, lidos na infância. (É curioso o escasso interesse que Pessoa declara ter tido por Camões – a influência mais forte que sofreu, dentre todas.
Em 1906, matricula-se no Colégio Superior de Letras, em Lisboa, que abandona em seguida, e começa a alimentar arrojados planos, literários e outros, nunca realizados na íntegra. Após o fracasso comercial de sua “Empresa Íbis – Tipografia e Editora”, experiência em que mais tarde reincidirá, emprega-se como correspondente de firmas estrangeiras sediadas em Lisboa, modéstia atividade que lhe garantirá o sustento até o fim de sua vida.
No dia 28 de novembro de 1935, Fernando Pessoa é internado, com uma cólica hepática, no Hospital São Luís, em Lisboa; o poeta morre, dois dias depois, nesse hospital.
Segue o poema que compõe o livro de Fernando Pessoa, intitulado Poesia – 1918-1930, editado pela Companhia Das Letras, São Paulo, 2007, págs. 32-33:


POEMA DE FERNANDO PESSOA


Na tarde vaga e vasta,
Cheia de vozes fora
Em que o humano contrasta
Com o afago da hora,

Levanta-se de mim
Um arrepio da alma
Um mau-sossego afim
A ter perdido a calma,

E a ânsia de abandor
Tudo quanto eu quis
De ir para além do mar
Sem lar nem país.

Sofre em mim um momento
A dor de não poder ser.
Tenho no pensamento
Não poder conviver.

E, gota a gota, um pranto
Quasi sem causa afaga
O meu trémulo quebranto,
E meu coração alaga.

Coração indeciso,
Quem quis que eu vivesse?

                                            
                                         *  *  *



7 comentários:

  1. Oi, Pedro!
    Parabéns pelo novo blog! Sucesso, amigo! Boas escolhas!
    Sinto falta das tuas visitas! Apareça!!!
    Boa semana!
    Bjsss!

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  2. Já começou bem!
    Cá estou para degustar estes seus posts e aprender consigo, amigo.
    Abraços, sempre

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  3. Pedro Luso, parabéns pelo novo blog.
    Reli ontem Mensagem, do F. Pessoa. que ânsia (e que bonito quando ele escreve ANCIA!) de viagem - para um mundo interior, para as vastidões sem fim que trazemos dentro de nós. É o que diz este porma aqui também.
    Um grande abraço.

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  4. Pedro, é um prazer passear por aqui.
    Tudo muito bom. Parabéns!

    bjs

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  5. ...De ir para além do mar
    Sem lar nem país...

    Onde é esse além mar senão o nosso poder de ficção cria, tenho uns versos ,que ainda vou postar no blog, que diz assim:

    ...De onde esta concha
    que idealiza os pássaros?

    este azul
    que esfuma os montes
    e inventa um céu
    meu poder de ficção
    meu sonho
    o que paira tão alto
    e que para sempre me escapa.
    (Fernando Campanella)

    Pedro, Parabéns pelo novo blog, gosto de vir aqui e encontrar gente tão boa. Adorei o Pessoa, a Clarice, bom também ver os versos parnasianos de Raimundo Correia, o Quintana em um texto bem interessante sobre nosso duplo, e o João Cabral com sua seca geometria poética.
    Parabéns e continue nos brindando com pérolas literárias.
    Grande abraço.

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  6. Junto os meus parabéns por este blog. E mais ainda pela publicação do universal Fernando Pessoa. Muito obrigada

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  7. Me gusta mucho Fernando Pessoa, creo que tiene una lucidez impresionante en sus poemas.
    Te mando besos al alma y te sigo desde ahora para seguir leyendo cosas interesantes.

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muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho