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19 de mar. de 2022

[Poesia] O GRITO – Pedro Luso de Carvalho

 

Giorgio de Chirico - 1888/1978 - The Joys and Enigmas of a Strange Hour - 1913




   O GRITO

        - Pedro Luso de Carvalho




Este é o meu grito de revolta.

Sufocado grito,

que do peito não saiu

e não sairá.

Impôs-se o som do vento forte.



Este é o meu grito de revolta.

Inflam-se os pulmões

em esforços vãos –

ócio dos foles frente a lenha.

Não se fez o fogo e não se fará.



Este é o meu grito de revolta.

Na verdade o esboço

não saiu o grito –

desfez-se a esperança.

Foi levada pelo vento forte.



Este é o meu grito de revolta.

Domínio do medo,

e de vidas ceifadas –

eu grito às estátuas da praça.

Sempre em noite de lua cheia.




____________//____________






24 comentários:

  1. Caro Pedro,
    Este grito represado em nossas gargantas e que provoca esta sensação de angústia e ansiedade, afligindo nossas vidas, só faz piorar com a “China - país onde começou à COVID”, voltando a registrar mortes pelo vírus, após mais de um ano e em meio sem óbitos.
    São tempos sombrios, pandêmicos e bélicos estes que estamos vivendo... Mas, há de melhorar!
    Abraços e bom final de semana!!!

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  2. Eu me lembrei de Rilke: Quem me ouviria, se eu gritasse, entre as legiões dos anjos me ouviria?
    Ninguém ouve o nosso grito. É um desespero mudo. O Universo é surdo. Deus é surdo.
    Nosso grito de revolta é sufocado no peito. A nossa pobreza é extrema diante da dor. Somente a arte nos alivia.
    Eu disse num poema: A dor é a véspera da beleza. Eu sinto um suave alívio com a arte. A poesia me consola e eleva.
    Sempre bom lê-lo, Pedro Luso.
    Um abraço.

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  3. Un senso di impotenza di fronte a gravi eventi provoca un forte grido di rivolta...
    Versi belli, un caro saluto Pedro,silvia

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  4. Gritos sufocados que de uma ou outra forma, devem se nós sair! Lindo teu grito que o vento não deixa ouvir...abração, chica e ótimo OUTONO!

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  5. Excelente tu verso. Ese grito tan necesario por tanto sufrimiento.
    Me gustó mucho tu poema.
    Un fuerte abrazo.

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  6. Fabuloso poema! :)
    --
    Queria ser a primavera em flor...

    Votos de um excelente Domingo
    Beijos

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  7. Vivemos tempos em que o preço da guerra se paga em gemidos, como nos mostram as imagens diárias...
    Uma bela inspiração, que não poderia traduzir melhor esta fase em que o mundo mergulhou, numa espiral de insanidades... que nos seca da garganta quaisquer sons... da estupefacção, à revolta...
    Como é possível, que em plena era da informação, as pessoas ainda não tenham descoberto as vantagens do entendimento?...
    Beijinho! Continuação de um feliz domingo e um excelente Outono! Nossa Primavera aqui pela Europa, creio bem que nos irá proporcionar um frio interior... bem prolongado!... Do jeito que as coisas vão... sem quaisquer acordos de paz à vista, nesta absurda sucessão de acontecimentos...
    Ana

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  8. Un grido represso di rabbia che il forte vento non fa sentire. Versi che lo esprimono egregiamente. Un caro saluto amico Pedro, Grazia!

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  9. Vivemos num mundo em que cada dia que passa a nossa permanência está mais ameaçada. Pela fome, pelas guerras, pelas pandemias.
    Abraço, saúde e feliz Outono

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  10. Um grito que ecoa pelo Mundo revoltado com uma tirano assassino.
    Abraço, boa semana

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  11. Um grito, de revolta que sufocamos na garganta porque, quem iria ouvir os poetas neste tempo de loucura e desumanidade? Eles não sabem que a Poesia pode salvar o mundo e calar as armas, insensíveis e surdos que são.
    Grito com você, meu Amigo Pedro.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  12. O que fazer do nosso grito, meu caro amigo?
    Resta-nos abafá-lo na garganta, pois ao que tudo indica estão todos surdos.
    Poema pungente vigoroso, que nos comove e nosfaz tomar consciência da dor que se abate sobre o mundo.
    Um grande abraço, meu amigo Pedro!

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  13. El grito reprimido de la rabia ante la barbarie...sin embargo que belleza tu poema. Aún pierdo algo al traducirlo y siguen siendo fuertes tus versos gritos. Mis aplausos poeta en este día de la Poesía te has lucido.

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  14. Amigo mío, muchos somos los que gritamos, pero nuestro gritos por lo visto no se escuchan, la sinrazón y la maldad imperan hoy día. Dios quiera que esta locura no vaya a más.
    Un abrazo y feliz resto de semana.

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  15. Un grito llamando a la razón que nunca viene mal.
    Tu poema es una bella forma de gritar.

    Saludos.

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  16. Pedro,
    Quem sabe se nós
    gritamos todos juntos
    alguém nos ouvirá
    um dia?
    Mas além disso
    Poesia é um
    Belo grito.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  17. Um grito represado pela angústia de sua impotência...É voltado para dentro e consome a alma.É bem assim o sentimento do mundo.
    Um abraço

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  18. Boa noite, amigo Pedro,
    Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito apreciei, e desejar um Feliz fim de semana, com muita saúde.

    Abraço amigo.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  19. Um grito de revolta contra tudo o que infelizmente vamos vendo por esse Mundo fora.
    Um abraço e bom fim-de-semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  20. A vida é difícil e nem sempre podemos “gritar de revolta” acabamos por sufocar essa mesma revolta no silêncio da nossa mente.

    Gostei muito, abraço e bom fim de semana

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  21. Um grito bem audivel, meu caro amigo
    um grito que somado a milhões farão levantarão
    vendavais.

    gostei muito, Poeta

    grande abraço

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  22. Muchas veces el grito no sale porque la angustia lo ahoga, la impotencia nos agobia y la esperanza se cohibe ante la triste realidad.
    No queda más que esperar, ojalá que los ánimos se calmen y reflexionen poniendo el corazón en ello.
    Cariños.
    Kasioles

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  23. Don Pedro:
    a veces hay que gritar bien algo y bien fuerte.
    Abraços.

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  24. Mas é preciso gritar , gritar bem alto mais forte que o vento.
    E um grito e mais outro e mais outro até serem milhões de gritos para derrubarem os muros da indiferença da omissão do ódio, do terror.
    Gostei do que escreveu.
    Brisas doces **

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Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho