>

10 de mar. de 2017

[Poesia] PEDRO LUSO – O vento maldito




O VENTO MALDITO
PEDRO LUSO DE CARVALHO
(reedição)


De onde vem este vento pleno
de mau agouro? Virá das tumbas
de tempos remotos? – Gélido frio
perpassa-me o corpo.
Maldito vento, por que não cessas
e voltas para teus mortos?
Ou será teu desejo levar-me
contigo como troféu?
A quem servirá minh’alma?
Troféu algum valerá trabalho
tamanho para essa viagem
das trevas, vento maldito
com presságio de morte.
Não vês que ainda tenho sonhos,
tenho amores para amar,
injustiças para corrigir?
Vai-te daqui, vento agourento!
Irei contigo, mansamente,
maldito vento dos cemitérios,
quando não mais puder sentir
a dor dos homens secos pela fome.




*   *   *





55 comentários:

  1. Boa noite Pedro.
    Aplausos meus amigo, divino poema. Esse vento também quero bem distante rsrs, se possivel durante muito tempo. Um lindo final de semana. Enorme abraço.

    ResponderExcluir
  2. O vento, de repente, pode ser o seguimento de um pensamento.
    Ou, a estética de uma visão, a enamorar-se.
    Estou aqui, lendo-te, e seguindo o seu blogue. Tenho um, bem simples, quase simplório. quando possível, visite-nos.
    Abraços, abrasileirados.

    ResponderExcluir
  3. Olá Pedro!
    Existe realmente um cheiro pútrido no ar; a fome e a guerra cruel levada a cabo por indivíduos que se dizem religiosos....O mundo está cru, sempre esteve cru, mas apodrece cru sem cair sequer de maduro! Um mundo que não parece ter conserto. E o poeta só pode desconcertar-se na sua humanidade.
    Onde estão as brisas e os belos ventos?...Como poderemos acomodar-nos perante a injustiça e selvajaria?
    Belíssimo poema, Pedro. Profundo e contundente.
    xx

    ResponderExcluir
  4. UN POEMA MUY SIGNIFICATIVO!!!
    ABRAZOS

    ResponderExcluir
  5. Olá amigo, Seu poema com versos tristes de desespero e desalento, nos faz pensar... São versos que falam das penúrias atuais do mundo.
    Mostra muita dor, mas até na dor existe beleza, por isso ficou lindo.
    beijinhos.

    ResponderExcluir
  6. mejor no encontrarse con ese viento que describes con tanto arte.
    Abrazos

    ResponderExcluir
  7. Ninguém quer ventos assim por perto...Lindo e profundo poema! Parabéns! abraços, chica,ótimo fds!

    ResponderExcluir
  8. Mientras haya sueños, es que la vida sigue y ningún viento será capaz de enterrarlos, aunque nos rocen con las uñas de la maldad que se respira en el mundo, no lograrán arañarnos.
    Bella poesía Pedro.
    Un abrazo y buen fin de semana.

    ResponderExcluir
  9. Belissimo poema!Um grito, uma revolta, um pedido para profundas mudanças antes que a morte nos chegue. Que bom se pudermos ver um mundo melhor antes de partir desse mundo cruel. Parabéns!!! Bjs

    ResponderExcluir
  10. Muito bom esse poema! Também esse quadro é maravilhoso!
    Um bom fim de semana.
    Abraço

    ResponderExcluir
  11. Quanta intensidade neste poema, Pedro!
    Incrivelmente verdadeiro pois ha ventos que chegam mesmo assim: carregados de má energia e assustadores.
    Quanto a dor dos homens secos pela fome, está cada vez e tristemente, maior.

    Bom te ler!

    ResponderExcluir
  12. Ese viento no vendrá a buscarte, aún no es tu tiempo, él sabe que debes escribir, tus sueños, tus amores en versos.
    Ha sido un placer leerte, hay veces que, de casualidad, encontramos algo bello.
    Cariños y buena semana.
    Kasioles

    ResponderExcluir
  13. Um poema elegante, mas impactante. Mas teu texto soa-me como uma súplica, ao mesmo tempo que enfrentamos esse maldito vento que faz sua ronda como urubu, esperando mais uma de suas presas.
    Esse poema mostra um conformismo em partir, mas na hora que sentirmos que nada mais há por fazer.
    Também lembrei das palavras de Gilberto Freire quando diz: Venha doce morte... Não, a morte não é doce, mas peço a amarga morte que ela venha docemente.
    'O Vento Maldito' é uma metáfora para tão dolorido e verdadeiro poema. Porém belo!
    Beijinho - daqui do lado.

    ResponderExcluir
  14. muito doloroso ver um mundo de tanto desequilíbrio. Por um lado, aqueles que têm tudo e outras pessoas morrem porque eles têm uma mordida.
    Um abraço e minha admiração, Pedro.

    ResponderExcluir
  15. Gosto de vento, mas suave! Bom texto!

    Beijinhos. Bom fim de semana

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  16. Um tema que nos leva a reflexões de como o vento nos traz más noticias e agouros
    Beijos e boa semana.

    ResponderExcluir
  17. Siempre me ha alterado el viento, no soy amiga de él y esto que en estos días tan solo me visita.
    Un feliz fin de semana.

    ResponderExcluir
  18. Belo, intenso, significativo, pois ventos gélidos uiii, nos lembra mesmo a morte, essa que combina com ventos assim e com noites insones(adoro Mitologia por isso, tem deuses de tudo quanto é jeito, da morte, do inferno,dos ventos, enfim...)!!!
    Amei ler, muito bem construídos seus belos versos!
    Abraços amigo Pedro!

    ResponderExcluir
  19. Pedro entonces deja que ese viento lo conviertas en brisa entonces será un viento bendito, esta hermoso profundas letras me gustó, un abrazo desde mi brillo del mar

    ResponderExcluir
  20. O vento... inquietante e destrutivo, desse vento tenho medo!
    Um abraço

    ResponderExcluir
  21. Me cuesta leerte en tu idioma y tengo que traducirlo pero pierde tu magia, otras veces he venido y no suelo dejar comentario, ahora creo que te lo debo tu poema es muy bueno aunque no es fácil hablar de la muerte tu lo haces abiertamente. Un abrazo

    ResponderExcluir
  22. Versos maravilhosos para acontecer este domingo morno.
    Saudações, Pedro.

    ResponderExcluir
  23. Boa tarde, mesmo resguardados os ventos fortes gélidos são incomodativos, a alma fica paralisada sem capacidade de resposta imediata, o poema é lindo. está bem construído.
    AG

    ResponderExcluir
  24. Olá, Pedro.
    Será de facto esse vento que nos vem anunciar a morte? Um vento gélido a perpassar o corpo, como que, a ensaiar a sensação de frieza que há de ser, sentir o calor da vida esvair-se.
    Poema forte.
    Um abç amg

    ResponderExcluir
  25. Maravillosos versos que me ha traído el viento de tu país al mio.
    Muy profundo, real, misterioso, con sabor a dolor y mar.
    Abrazos

    ResponderExcluir
  26. Um vento que de misterioso quero ainda distante...
    Um beijo

    ResponderExcluir
  27. Pedro,
    há ventos bem assim.
    Desses que desejamos bem longe de
    nós.
    Linda essa sua postagem.
    Encantada por você ter
    ido ler lá
    no Espelhando.
    Lindo domingo e feliz semana nova.
    Bjins
    Catiaho Alc./Reflexod'Alma

    ResponderExcluir
  28. Estamos com nortada, vento gélido que tem origem na parte da Europa continental congelada... Acontece ocasionalmente, porém, nunca tinha pensado o vento dessa maneira, como prenúncio de fatalidade, premonição de desgraças, agouro de morte...
    Porém, a criatividade e sentido estético do poeta são singulares...
    Muito bom! Parabéns pelo talento, Pedro.
    Uma semana amena e aprazível.
    ~~~ Abraço ~~~

    ResponderExcluir
  29. O vento. O vento que se entranha nos ossos e na alma. O vento que rasga tantas vezes a esperança e o refúgio que se quer, e atravessa os dias na perturbação de todos os rumores incertos...
    Um poema intenso e inspirador, meu Amigo.
    Uma boa semana.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  30. Um poema que mostra o simbolismo do vento gélido que parece querer a vida levar, mas quando este momento chegar se descobrirá que o vento é uma brisa suave plena de ternura nos convidando ao retorno para junto do Pai.
    Tenha uma boa semana.
    Élys.

    ResponderExcluir
  31. Detesto vento e, hoje, por aqui, no meu rural, está vento. Depois, no mundo dos blogues só se fala de vento, hoje. Será mau presságio?
    Kis :=}

    ResponderExcluir
  32. Ojalá ese viento nefasto pase de largo y no nos roce.
    Abraços, Pedro.

    ResponderExcluir
  33. "Se não houvesse vento, não havia mau tempo." O Pedro aproveitou a nortada para dar umas chicotadas na adversidade. Poema muito bom, tocando onde dói.
    Beijinho.

    ResponderExcluir
  34. De las reflexiones de su poesía me quedo con la esencia. Uno estará dispuesto a desaparecer cuando ya nada lo sacuda, cuando no queden deseos de lucha ni esperanza en su alma, amorosos o justiicieros. Quizá entonces sí. Quizás.

    ResponderExcluir
  35. Uuuuiiii, Pedro, que poema forte!
    Ao lê-lo lembrei o que senti quando faleceu o meu irmão com 45 anos, durante uma cirurgia, há 20 anos. Foi um desgosto brutal. Eu não conseguia dormir nessa noite, enquanto ele jazia na morgue do hospital. Senti esse vento maldito, gélido... como se alguma força me estivesse a arrastar para a tumba.
    É um belo poema... mas ao lê-lo fiquei enregelada!
    Vou ler outro mais quentinho!!!
    Um abraço e beijinho à Tais, a quem devo visita!

    ResponderExcluir
  36. Ese viento es la metáfora del dolor y la muerte. Duelen sus versos, pero arrastran la verdad de la vida y la muerte.

    mariarosa

    ResponderExcluir
  37. Es hermoso tu poema, pero cuando el viento arrecia, nada ni nadie puede con él. Pobres los marineros que tanto saben de ello.
    Un fuerte abrazo amigo.

    ResponderExcluir
  38. Boa tarde, Pedro,
    que poema hein, chega a dar arrepios, pois quase percebe-se a morte com aquela foice rsssss. A tela bela, mas sombria, retratando quem sabe os que fogem dos ventos, aquele vento da morte. O poeta, Pedro consegue nos fazer sentir nas palavras que escolheu um tremor do vento gelado. Excelente! Abraços!

    ResponderExcluir
  39. En efecto, amigo Pedro.El viento tan agradable cuando pequeño, se convierte en un monstruo al crecer.

    Saludo austral.

    ResponderExcluir
  40. Um vento gélido sempre nos passa uma sensação de desamparo, angústia, de um frio cortante que de fora para dentro se instala, e nos tolhe a alma e os movimentos... talvez por isso se possa associar a algo mais sombrio, como a morte... mas ao contrário da morte... que se fica... nos faz ficar com ela... o vento sempre passa...
    Um belo e inquietante poema, Pedro!
    Abraço! Boa semana!
    Ana

    ResponderExcluir
  41. ¡Bravo, felicitaciones!

    Tiempo alado, que en un soplo nos congela el alma y duerme el entendimiento.
    Si en un soplo la vida, al menos.. cuando llegue el viento ¡que nos coja viviendo!

    Un abrazo.

    ResponderExcluir
  42. Oh Pedrão, que belo poema!... O vento é sempre um fator de inspiração para o bem e para o mal: Oh vento mal agourento, / Vento vil, vens do inferno, / Tu traz o maldito inverno / E teu frio eu não aguento... (de um português - José Régio ou contemporâneo seu). Eu quero perder-me ao fundo / No teu soprar nevoento / Oh velho e velhaco vento / Vento velho vagabundo... (Cruz e Sousa). De onde vens, vento pleno? ... Dos cemitérios do além? (Pedro Luso de Carvalho). Parabéns, amigo! Continue no trilho! Ou na trilha da poesia que é uma arte alegre ou triste, mas convincente, comovente, hilariante... A poesia é amor. Grande abraço. Laerte.

    ResponderExcluir
  43. Un poema impresionante.
    Excelente.
    Un abrazo

    ResponderExcluir
  44. OI PEDRO!
    NÓS QUE ESCREVEMOS, SABEMOS QUANDO É ALGO ESPECIAL QUE COLOCAMOS NO PAPEL E NESSE TEU TRABALHO, ESCRITOR QUE ÉS, DEVES TER SENTIDO ISSO. (PEDRO, FALEI EM PAPEL, PQ EU TENHO DE COMEÇAR O TEXTO NO PAPEL, DEPOIS PASSO PARA O COMP. E O TERMINO MAS, INSPIRAÇÃO, SÓ COM A CANETA NA MÃO KKK)
    LINDO, AMIGO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  45. Ese viento cambiará de dirección, el poeta tiene mucho amor que ofrecer y personas a quien amar y aún le queda mucho camino para aprender y rectificar errores.
    Cariños.
    kasioles

    ResponderExcluir
  46. Um belo e impressionante poema amigo Pedro, gostei bastante.
    Um abraço e boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

    ResponderExcluir
  47. Sabe, caro Pedro, do quem me lembrei ao ler seu poema? Nada mais nada menos que Dante.
    Recolha-se o vento que nos incendeia a esperança nestes dias conturbados, ao covil do diabo.
    Abraço.

    ResponderExcluir
  48. Um vento frio que inspirou o Poeta em um poema algo angustiante.
    pelo menos assim o senti.
    beijinhos
    :)

    ResponderExcluir
  49. Poema excelente com a descrição simbólica do vento na
    significação como uma viagem, num gélido vento
    dessolador da alma!...
    Apreciei muito, Pedro.
    Grata pela sua visita e comentário.
    Abraço.

    ResponderExcluir
  50. Votos de feliz fim de semana,
    AG

    ResponderExcluir
  51. Sempre affascinanti i tuoi versi...
    Buon mercoledì e un caro saluto, silvia

    ResponderExcluir
  52. Belíssimo poema, de grande profundidade do pensamento e belíssima composição. Uma joia rara. Tal vento jamais será bem vindo, mas ao menos será tolerado pela desilusão dos sonhos, amores e justiças pelas quais lutar. Grande momento. Um abraço

    ResponderExcluir
  53. Versi inquietanti, ma colmi di intenso significato poetico
    Un caro salutoPedro,silvia

    ResponderExcluir
  54. Que vento é este Pedro que leva sonhos, arrasta as esperanças pelos cabelos e as lançam numa curva da estrada ou mesmo nas profundezas do mar?
    Crio a imagem do ser perdido, diante da morte que ele teima negociar e ou enganar.
    Uma inspiração acelerada da inquietude.
    Muito bonito trabalho e valeu a reedição.
    Abraços de paz.

    ResponderExcluir
  55. Gracias por tus comentarios.
    Besos

    ResponderExcluir

Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho