UMA ESTRANHA MORTE
– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Na vizinhança fala-se de
duas mortes ocorridas de forma estranha, na
luxuosa casa, construída com madeira nobre, um pouco distante do
centro. O seu último morador foi o prefeito da cidade, que
a adquiriu durante o seu mandato, com o dinheiro que desviou dos
cofres da prefeitura.
Alguns vizinhos atribuem a morte do prefeito a um
combativo político da oposição, outros dizem que havia uma mulher
casada envolvida na história, que foi vista, por algumas pessoas,
jantando à noite com o prefeito. O certo é que o crime ficou
encoberto por uma névoa de mistério.
Não é de se estranhar a repercussão que teve a
morte do prefeito, que sempre dizia, nos seus discursos, que estava
destinado a socorrer os mais pobres. Depois da sua
morte, o governador tornou-se alvo de
severas críticas,
que o levou a chamar
o delegado, para exigir dele
a pronta prisão
do assassino.
– A minha reeleição está em suas mãos.
– Em poucos dias prenderemos o assassino,
governador.
O delegado
explicou ao
governador que os seus inspetores vem
interrogando informalmente pessoas que
moram nas redondezas da casa do prefeito assassinado, que disseram a
várias pessoas do bairro ter ouvido
barulhos estranhos no interior da casa,
na mesma noite em que se
deu o crime.
– De qualquer forma, confio na sua habilidade,
delegado –
disse o governador, despedindo-se.
O delegado deixou o gabinete do governador com
essa responsabilidade. Na delegacia reuniu-se com dois investigadores
de sua confiança, que tinham métodos eficazes
para a obtenção de confissões,
pedindo-lhes que não poupassem esforços
para encontrar o autor do crime.
– Dentro de pouco tempo ele estará preso,
delegado.
– Não voltem sem o bandido
– disse aos investigadores.
Três dias depois os dois policiais haviam
intimado para depor algumas das pessoas que
contaram aos seus vizinhos que ouviram aquele barulho medonho,
que mais parecia uma
locomotiva freando em alta velocidade sobre trilhos de
ferro, que queimavam com
o calor causado pelo forte
atrito.
Todas as testemunhas foram ouvidas na delegacia.
Eram sete ao todo. Estavam nervosos, expressando-se com dificuldade.
Quando um investigador perguntou se haviam visto alguma pessoa saindo
da casa do prefeito, naquela noite do crime, disseram que apenas
ouviram os estranhos barulhos na
casa.
– Já ouvimos as testemunhas, delegado. Não
temos nada de concreto.
Ao ouvir o que disse um
dos investigadores, o delegado jogou o seu
revólver sobre a mesa, que por sorte não disparou. “Senhores”
– disse o delegado, com uma espuma branca no canto da boca –
“Podem deixar comigo, eu
assumo a
investigação sozinho, até prender o assassino do
prefeito”.
O delegado chegou à noite,
na casa do prefeito assassinado.
A luz do farol do seu carro iluminou a porta social da casa, em meio
à escuridão. Ali não
havia uma única
lâmpada acesa. A
casa parecia mal-assombrada. A iluminação interna do carro
permitiu-lhe encontrar a caixa de ferramentas, para abrir a porta.
Depois de algum
esforço conseguiu abrir a porta, já um
tanto exausto. O sono também começava a
incomodá-lo. Antes de entrar ouviu fortes
zumbidos de asas, que iam e viam em sua direção, em
voos aparentemente descontrolados, o que
lhe despertou um pouco de medo, sem que o
admitisse.
Munido de uma lanterna, o delegado conseguiu acender as luzes da
casa. Estava agora na cena do crime, onde o corpo do prefeito foi
encontrado por alguns vizinhos. Senta-se numa
confortável poltrona, na ampla sala de estar. Seus olhos percorrem
algumas obras de
arte que revestem as paredes.
Da sala de estar o delegado vai ao quarto,
onde encontra uma cama confortável.
Cansado e com sono, apaga
as luzes
e deita-se. Dorme
um sono profundo. Já passa da meia-noite
quando é acordado pelo
intenso barulho das paredes da casa, que se
movem em sua direção, cercando-o com suas
paredes.
Dois dias haviam passado, sem nenhuma notícia do
delegado. Os investigadores vão à
casa do prefeito e encontram o
corpo do delegado no chão, com muitos
hematomas em todo o corpo. O médico
legista emitiu o seu laudo, mas
não soube explicar a causa dos hematomas.
A morte do delgado ainda é um mistério.
* * *
Amigo Pedro, aunque la traducción de google es malísima, he podido entender el relato y me ha gustado mucho.
ResponderExcluirMis felicitaciones.
Saludos desde Barcelona
Adoro histórias policiais e esta tem mistério à mistura. Vai continuar com certeza, Pedro. Fiquei curiosa.
ResponderExcluirUma boa semana.
Beijos.
Aproveito para recomendar a leitura dos poemas de Graça Pires, que é uma poetisa portuguesa de grande talento, e publica em seu blog alguns dos poemas que compõem seus livros.
ExcluirAbraços, Graça.
Buen cuento de miedo y misterios para estos días de difuntos...
ResponderExcluirAbraços, Pedro.
Una historia muy apropiada para una noche de misterio, un abrazo.
ResponderExcluirComo o delegado não pode definir o que aconteceu o mistério continua, mas como tudo indica a culpada é a casa...
ResponderExcluirUm abraço
Hum!... Um desfecho, que me parece não comprometer em nada a reeleição... e o mistério ficou adensado...
ResponderExcluirTeria o governador... alguma outra participação mais activa... na primeira... segunda... ou até na terceira morte... a do delegado?...
De politico... espera-se sempre tudo... e nem sempre pelos melhores motivos...
Quanto a mim... a casa é inocente!... :-D
Mas fiquei a suspeitar do governador...
Politico... nos tempos que correm... raramente é inocente!... :-D
Culpo-os de tudo... desde a desflorestação da Amazónia, à fome do mundo, crise mundial... e por aí fora... e actualmente... até de furacão, já penso, que poderão ter poder para controlar tecnologia, para os orientar à distância...
Adorei a história, e o clima de suspense, até ao final, Pedro...
Abraço! Boa semana!
Ana
Daria pra usar a citação: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay! Pois é, mas eu não entraria nessa casa nem escoltada! Existem casas que já nascem culpadas, e essa aí levanta um enorme desconfiança, não me é muito simpática. Pelo sua arquitetura, essa casa para meu gosto é muito fantasmagórica!
ResponderExcluirMas vamos conversar... vais me dizer quem matou o delegado?
Beijinho, daqui do gabinete do lado.
Grande Pedro, uma espetada e um mistério ou melhor dois. Beleza de inspiração no dia das bruxas de lá. E estas mortes se sucedem velozes por este mundão. Mais do que terror uma casa que vive do sangue dos bons, que foram explorados e assim busca ter vida no sangue dos corruptos ou servidores destes. O prefeito e o delegado tinham algo em comum e esta senhora que apareceu no inicio tem algo a ver neste conto. Espera-se, que o nobre escritor nos revele o assassino numa futura continuação, ou seja, até a próxima eleição já que o governador vai estar nas pesquisas.
ResponderExcluirBela construção Pedro.
Uma boa semana de paz amigo e que Deus nos proteja desta casa ou desta corja.
Meu terno abraço
Um bom conto, meu caro Pedro, com desfecho Sherloquiano.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma boa tarde.
Um conto pleno de mistérios como normalmente ocorre, em situações parecidas.
ResponderExcluirMuito bem construído.
Um abraço. Élys.
Olá Pedro.
ResponderExcluirDeve ser uma casa mal assombrada. Eu não tenho medo de assombração: quer rir, leia isso: quando me casei, a cipirinha do interior alugamos 3 cômodos até achar uma casa do meu gosto. Comprava jornais todos os dias e li: Vende-se casa assombrada-era muito barata. Meu marido chegou e lhe disse que havia achado a casa, só que era assombrada, aí ele leu: casa assobradada, quase morri de vergonha, é a pressa, pois estudei muito.kkk
Comprei outra casa: quem pagou? Meu pai.
Abraços
Lua Singular
Uma boa historia de mistério, fiquei toda empolgada para saber quem matou, quem quem? Como vou dormir sem sabê-lo? Vou fazer uma campanha para que reveles! Ou chamar o Sherlock ou a Agatha Christi, ou morrer de curiosidade :))
ResponderExcluirgrande abraço, Léah
Prensado pelas paredes da casa. Muito sinistro. Ótimo conto, Pedro.
ResponderExcluirSabemos que não precisamos nos preocupar, Pedro. Eram dois frutos deteriorados. Mas a narrativa é primorosa, pois nos deixa com a pulga atrás das orelhas, ainda mais em se tratando de o dia das bruxas.
ResponderExcluirForte abraço, Pedro!
Para os que ainda não conhecem José Carlos Sant'Anna, deixo aqui minha recomendação para os leitores que gostam de contos e poesia, pois ele é um escritor moderno e competente. E um ótimo poeta.
ExcluirGrande abraço.
Pedro.
Um belo conto de mistério, com uma carga de tetricidade muito adequada
ResponderExcluirà celebração o Dia das Bruxas...
Porém, a festa já lá vai, talvez seja aconselhável chamar algums peritos
de investigação criminal...
Pedro, parabéns pelo texto - escrito numa prosa perfeita - e original criatividade.
~~~ Abraço, amigo ~~~
Definitivamente uma história cheia de mistério, perfeito para esta época do dia dos mortos. Resta esclarecer.
ResponderExcluirUm grande abraço, Pedro.
Una historia misteriosa, especial para estos días de Hallowey.
ResponderExcluirMuy mala la traducción, algunas frases debían adivinarse.
mariarosa
Um desfecho inesperado esses, o de uma casa com paredes assassinas.
ResponderExcluirAbraço grande
Um desfeche inesperado e cheio de mistério, gostei bastante meu amigo.
ResponderExcluirUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Hola, Pedro, ya puede avisar al Gobernador de que el caso está resuelto.
ResponderExcluirEra el espíritu del alcalde el que había poseído de manera siniestra la casa, estrujando como un cubo infernal a sus moradores, haciéndoles soltar hasta la última gota de sangre.
Porque en eso, a la municipalidad no la gana nadie, querido amigo.
Conto instigante e lindo e o desfecho bem legal! valeu ler! abraços, chica
ResponderExcluirO desfecho é de todo inesperado. Quando o leitor espera que o veredito se encaminhe para o governador, aparece a casa do perfeito assassinado, envolta em fantasmas que vitimizam o Delegado.
ResponderExcluirAbraço
Elementar, meu caro Watson: foi a criada, a má criada da amante que era casada, só tinha o apelido de viúva negra. Ela comeu a polpa sumarenta e descartou o caroço e a casca grossa daquele prefeitinho ladrão. Pena que foi um político de baixo coturno. Nem dá pra comemorar! E o delegado? Ah, esse eu não sei, mas vou falar com o Scherlock...
ResponderExcluirAmigo, muito bom o conto, visto que a elucidação, cabe sempre a cada leitor, ler e tirar as suas conclusões.
Abraços! Bom fim de semana.
Aqui está o meu amigo Laerte, que está fazendo muito amigos e leitores através dos blogs, oportunidades imperdíveis para a divulgação de seus livros de poemas.
ExcluirAgrande abraço. Pedro.
¡Hola Pedro!!!
ResponderExcluir¡Caramba!!! Vaya relato oscuro y tremulario, parece que hay espiritus vengadores en la casa del perfeito. El final todo un misterio, mas donde hay ladrones nada acaba bien el que las hace las paga.
Ha sido un placer pasar a leerte.
Un abrazo, mi gratitud y estima.
Feliz fin de semana.
não será uma morte mas duas, confesso que gostei muito do conto, porque tem um fim(?) inesperado, ou seja, nós, os leitores podemos ficar a imaginar quem foi que matou?
ResponderExcluirmuito bom, sem dúvida!
bom final de semana.
beijinho
:)
Imagino "caro" Pedro, que después de eso, nadie se atrevió a seguir investigando.
ResponderExcluirAbrazo austral.
Bom dia, Pedro. Adorei o conto. um mistério que prendia a minha atenção.
ResponderExcluirAcho que foi o governador quem matou e soube muito bem camuflar essas mortes.
ELiminou o delegado porque sabia que ele iria descobrir suas mentiras e a morte do prefeito, que já sabia que ele era corrupto e quis denunciar.
Assim, ambos foram mortos por ele.
PARABÉNS!
Prendeu minha atenção.
TEnha uma excelente semana.
Beijos na alma.
Una estupenda y misteriosa historia.
ResponderExcluirMuy interesante leerte.
Un abrazo.
Pedro, excelente relato lleno de misterio que has sabido plasmar con enorme arte.
ResponderExcluirComo conclusión, me permito decir que el mundo de la política tiene esta doble cara por afianzarse en el poder. Un mundo oscuro e interesado, que en este caso deja tras de si, dos cadáveres.
Saludos
Boa noite Pedro.
ResponderExcluirEsta casa precisa de sal grosso rsrs. A daqui aceitei até descarrego com sal grosso. Incenso de mira rsrs. Depois da décima queda. Começaram a dizer que alguém estava me empurrando. Kk. Um belo conto meu amigo. Abraços.