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25 de set. de 2016

[Crônica] PEDRO LUSO – A longa espera





  A LONGA ESPERA
              – PEDRO LUSO DE CARVALHO



Dias atrás, programei-me para acompanhar uma pessoa da família ao hospital, onde deveria ser submetida a uma infiltração com cortisona na coluna lombar. Esse procedimento deveria ser rápido, isto é, não poderia passar de uma hora, computando-se tanto o tempo para a aplicação da anestesia como para a cessação dos seus efeitos.
Levamos quase duas horas para chegar ao centro cirúrgico, a contar do momento em que a pessoa da minha família entregou os documentos na recepção do hospital. Depois, ficamos na sala de espera aguardando que a pessoa fosse chamada para ser submetida ao procedimento. Aí a espera também foi longa.
Finalmente, a pessoa a quem acompanhava entrou no centro cirúrgico. Mais tarde, disse à enfermeira que minha parente havia entrado no centro cirúrgico há muito tempo. Pediu-me que tivesse paciência. Argumentei que ela estava lá a mais de seis horas, e que queria saber se ela ainda estava viva. “Ela está bem o senhor, fique calmo”, disse a enfermeira.
Não demorou muito, a enfermeira voltou à sala de espera e disse-me que o procedimento havia terminado, e que a pessoa a quem acompanhava ficaria ainda algum tempo no centro cirúrgico até que passasse o efeito da sedação. Na sala de espera, onde algumas pessoas passavam por situação aflitiva semelhante a que passei, mantive-me calmo.
Depois o médico apareceu na sala de espera e disse-me que tudo havia corrido bem. Aproveitei para lembrá-lo da sua afirmação, feita em seu consultório, de que a infiltração não levaria mais de uma hora. Disse-lhe que havíamos chegado ao hospital ao meio dia, e que já passam das dezenove horas. "Reclame à gerência do hospital", disse-me o médico.
Dito isso, deu-me as costas e retomou a caminhada rumo à sua casa. Eu fiquei ali, na calçada, por mais algum tempo, até ver afastar-se o meu amigo, precocemente envelhecido, co passos lentos, quase arrastados, arremedo do que foi o jovem idealista.





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38 comentários:

  1. Revoltante, Pedro. Imagina eles darem alguma explicação!! A empáfia lhes impedem.

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  2. É bem assim mesmo,Pedro! Quando entramos no hospital, seja pra que for, deixamos de ter o nosso tempo e vivemos o tempo DELES! Incrível e a espera é dolorida, ainda que a pessoas vá lá só cortar uma unha do pé,rs abraços, chica

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  3. Fica-se completamente à mercê deles. Que agonia. E ainda manda reclamar na gerência! Situação pra mexer com os nervos de qualquer pessoa.

    Ótima crônica, Pedro. abraços/

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  4. Pedro, além do texto, não posso deixar de comentar também essa ilustração esplêndida. Monet! Uma obra primorosa! Lindo!

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  5. Creo que el personal sanitario nunca tiene culpa de los retrasos, sin ninguna debe ser culpa de la administración y la falta de personal en todos los centros.
    Preciosa la pintura de Monet, me encantan todos los pintores impresionistas.
    Un abrazo.Pedro.

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  6. Una entrada muy interesante, es importante saber cómo anda la sanidad, hay personas que dicen que esta mejor que nunca… yo pienso de otra forma. Espero que todo se haya arreglado. Un abrazo.

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  7. Este é o drama de quem vai a um hospital passa lá um dia inteiro e muitas vezes é mal atendido.
    Um abraço e boa semana.

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  8. Sempre speciali, e di bella lettura, gli articoli contenuti nel tuo blog, Pedro.
    Felice settimana e un sorriso,silvia

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  9. Comunque quando si va in ospedale per avere delle prestazioni, mom bisogna contare il tempo, sono loro che gestiscono il tutto e noi poveri a dover aspettare senza fiatare. Hai proprio ragione pedro, un caro saluto ed un abbraccio. Grazia

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  10. A sua crónica descreve a realidade. Infelizmente é assim em muitos hospitais e centros de saúde. Já me aconteceu o mesmo tantas vezes. É revoltante mesmo. Fiquei a perceber porque é que chamam aos doentes "pacientes".
    Uma boa semana.
    Beijos

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  11. Como bien se dice, uno entra y no se sabe si va a salir.
    Si se puede uno quitarse de entrar mejor.
    Un saludo.

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  12. Que falta de respeto, lo mismo nos paso con mi mamá la operaron ella tiene 82 años y no nos daban ninguna explicación, hasta como 5 horas después que tuvimos que casi pelear para que nos dijeran que todo estaba bien
    Es terrible la salud pública se nos trata muy mal a los pacientes y a los acompañantes, falta de vocación, falta de amigabilidad y abuso de poder.
    Cariños
    mar

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  13. Oi. Pedro...é assim mesmo em nosso país... sistema deficitário onde o cliente ou paciente tem que aceitar a regra do jogo ...para os donos do poder e seus acólitos o atendimento personalizado, para nós outros , médicos e pacientes a sobra do dinheiro que restou desse latifúndio chamado Brasil
    Um abraço




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  14. Tudo vai mal, o Sistema Único de Saúde (SUS) e todos os outros convênios. Há médicos conscientes, idealistas, excelentes, e outros não. Quantos usuários do Sistema Público têm de esperar de madrugada nas filas porque a distribuição de fichas é baixa? Quantos meses ou anos levam para fazerem uma cirurgia? Um exame? Um tratamento?
    Tudo errado a partir do salário dos médicos: uma miséria por consulta. Bem que nada justifica; quando o descaso não é do hospital, é do médico. Enfim, é o país!

    Quando temos a sorte de consultar com um bom médico, levantemos as mãos pros céus! Mas esse tema dá pano pra manga, dá um livro...
    Beijinho, daqui do lado!

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  15. La hermosa ilustración logra amortiguar, estimado Pedro, la dureza de la larga espera, la que hemos hecho propia gracias a tan explicativa nota.
    Menos mal que todo resultó bien.

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  16. Hay en España un proverbio latino referido a la Universidad de Salamanca que no puede ser más cierto: “Quod natura non dat, Salmantica non præstat”. O sea, que Lo que no te haya dado la Naturaleza en cuanto a valores humanos ni inteligencia, ni todos los conocimientos de la Universidad de Salamanca podrán dártelo.
    Es posible que la tardanza se debiera a una mala planificación del Hospital o cualquier otra cosa ajena al doctor. Pero la angustia del paciente y sus familiares debe gestionarla el médico que te atiende, él es la figura humana responsable y todo lo demás son entes abstractos.

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    1. Você está certa, Ana Maria, todos os questionamentos devem ser feitos ao médico. Ele é o responsável pelo seu paciente. No presente caso, desta crônica, a paciente fez a sua consulta no seu consultório médico pelo seu Plano de Saúde, o médico reservou vaga no centro cirúrgico do hospital, que, por sua vez, também foi pago pelo mesmo plano de saúde. Mas, infelizmente, no Brasil essas coisas acontecem com frequência.
      Abraço.

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  17. Todas as Gerências deste mundo têm as costas largas...
    e a impunidade reina.

    dói de tão real, Pedro

    abraço

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  18. Pedro, por aqui ouço que às vezes isso acontece.
    Porém, comigo tem sido sempre tudo dentro da normalidade, aqui em Coimbra, e eu sou visitante com uma certa assiduidade em quase todos os pisos do hospital!...
    O sistema de saúde em Portugal, apesar de muitos o criticarem, é ótimo!
    Um abraço para si e beijinho à senhora do escritório ao lado!

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  19. Me has hecho sonreír al terminar de leer tu entrada.
    El que te hagan esperar horas antes de ser atendido, me parece hasta normal, a eso ya nos tienen acostumbrados, aunque no sea correcto y me parezca una falta de respeto ya que cada persona tiene su vida y no puede perder el tiempo en esperas, pero que en lugar de darte una explicación médica adecuada a tu pregunta, te diga que vayas a reclamar a la gerencia del hospital...
    Seguro que la tuvieron en el pasillo del quirófano esperando y muerta de frío, no es el primero que llega sano y sale con una pulmonía.
    Acabo de regresar de mis largas vacaciones y trato de visitar a todos los que me habéis dejado un comentario en mi última publicación, ya tenía ganas de volver.
    Cariños y buena semana.
    Kasioles

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  20. A saude publica no Brasim sempre foi má, mas tem piorado muito, aliás como tudo, nestes últimos anos. Os meus filhos nasceram há 39 anos na santa casa da Aparecida do Note e há 35 na de Guaratinguetá, Hoje, para grande tristeza minha, não me atreveria a isso, Aqui em Portugal a saúde pública é boa; só se queixa quem não conhece oitras realkdades; para teres uma ideia, aqui em casa não temos plano de saúde ; uso o " médico de familia que, como o nome indica , cada familia tem o mesmo médico. Temos sido bastante saudáveis e ainda não precisamos de internamentos em hospital, mas, não tenho receio de o ter fe fazer; são bem equipados, o doente pode ter um acompanhante o dia todo, em quartos compartilhados e isso ajuda muito na recuperação e também ajuda o pessoal na ajuda com as refeições, etc.. Claro que há uns que funcionam melhor que os oitros, mas no geral estamos bem servidos. Amigo, obrigada pela bela crónica e tenhamos esperança na melhora das condições no Brasil principalmente na saúde e educação. Um beijinho
    Emilia

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    1. Fiquei contente, Emília, com o que você diz no seu comentário, a respeito da boa qualidade da saúde em Portugal, tanto em relação a médicos como a hospitais,
      Abraços.

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    2. Obrigada, Pedro. Tenho que te pedir desculpa pelos erros no comentário. Nem sempre releio o que escrevi e dá nisso. Bom fim de semana. Beijinhos
      Emilia

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  21. Pedro,

    Na sua excelente narrativa, acompanhamos todo o processo tão na
    "conta mão" de um atendimento que deveria ser humanitário, mas,
    parece que a única palavra que eles conhecem e recomendam é
    "paciência", como se fosse uma senha para a fila do desprezo que
    o ser humano ocupa no momento de fragilidade e necessidade de
    atenção, atendimento e respeito.
    Muito difícil estas experiências e ainda bem com a imagem da obra
    do Monet escolhida, proporciona olhar para beleza da arte e a arte
    da sua literatura, parabéns pela crônica Pedro!
    Abraço.

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  22. Como diz a Emília Pinto, eu queixo-me talvez sem razão...
    No entanto, quanto a esperas é a mesma tortura.
    Abraços para ambos.
    ~~~~~~~~~~~~

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  23. Infelizmente estras coisa acontecem e é uma pena receber de um m´dico tal resposta.
    Um abraço.
    Élys.

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  24. ¿Problemas en la atención sanitaria pública? Si le sirve de consuelo, en España pasa más o menos, aunque seis horas puede que solo pase en las "Urgencias" que se va sin cita previa y van atendiendo a los casos más graves en primer lugar.

    A mi me parece que la sugerencia del médico de plantear una reclamación, es adecuada porque si hubiera más personal, tardarían menos en atender, sí, yo creo que hay que plantear reclamaciones. Está visto que si todos nos cállamos, nunca se cambiará nada.

    Afectuosamente. Franziska

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  25. Infelizmente Pedro, aqui em Portugal é exatamente igual.
    Quando vamos ao hospital temos de ir preparados para uma longa espera.
    Um abraço
    Maria

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  26. Pois é, Pedro, o eterno problema da saúde!
    Tenho muitas amigas e amigos brasileiros que se queixam, e em Portugal também há muitas pessoas descontentes...
    Quando se vai para um hospital nunca se sabe o que vai acontecer.
    Uma vez recorri ao Hospital por causa duma fortíssima dor, que se revelou ser cálculo renal, e fui atendida logo que lá cheguei, com o maior cuidado.
    Em contrapartida... outra vez levaram-me para esse mesmo Hospital com uma forte dor de estômago, e, ao fim de quatro horas de espera vim-me embora, sem ter sido atendida. A dor tinha diminuído e a minha paciência tinha-se esgotado :)
    É um verdadeiro jogo de lotaria... nunca sabemos se nos vai sair um bom prémio ou um bilhete furado :))))

    Bom Fim-de-semana
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  27. Amigo Pedro, infelizmente essas coisas ocorrem , não naqueles países mais periféricos que o nosso, mas aqui na nossa Poa. Passamos por situação semelhante, eu e minha mulher, lá por 2007. Ela necessitou de um procedimento cirúrgico para extirpar um tumor malígno no ombro. No dia programado, ele deu entrada às 07 horas no setor cirúrgico do Hospital de Clínicas, passou no gichê de apresentação de documentos e mandaram-na esperar 06 horas, pois a cirurgia aconteceria às 13 horas, mas chamaram-na por volta das 16 horas. Uma depois ela volta junto com o médico para dizer a mim que não fora possível efetuar o procedimento porque não havia sido feito uma injeção específica de preparação à retirada, acho que de linfódromo ou algo parecido, um glangio junto a àxila, por que o setor de entrada esquecera de providenciar. Resultado a operação ocorreu um mês depois. Menos mal que retirado o tumor, e depois do acompanhamento por cinco anos, minha esposa está curada.
    Um abraço. Tenhas uma boa noite.

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  28. caro Pedro,nossa noção de tempo é diferente da noção do tempo dos médicos e, de todos que de algum modo nos atendem em qualquer tipo de serviço, mas nunca devemos nos acostumar com isso...abraços!

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  29. Cuando caemos en manos medicas, todo se desliza según ellos quieren. Buen relato.
    mariarosa

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  30. Es triste, pero eso ocurre en todas partes Pedro.
    Lo importante es que te atiendan bien a pesar de la larga espera y que solucionen el problema.
    Me alegro todo vaya mejor.
    Esa tardanza puede tener varias razones, una de ellas puede ser cúmulo de pacientes, en no controlar bien el tiempo pueden estar con cada paciente o cualquiera otra cosa.
    Tedo debería estar mejor controlado, pero no es así.
    Un abrazo.
    Ambar

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  31. Boa tarde Pedro.
    Acho que não é so no Brasil que isso ocorra, meu irmão quando viveu na Alemanha, relatou casos semelhantes, e apesar de la a instrutura ser melhor, em termos de evolução medica. A espera e o desrespeito ocorre em todos os países, afinal seres humanos insensíveis estão em toda parte. O bom mesmo é tentar fazer acompanhamento em um único hospital, criado assim afinidades e com isso ter um tratamento mais humanitário. Um belo texto mostrando de como as pessoas deveriam se colocar no lugar do próximo, talvez assim agissem com mais respeito. Uma feliz semana para vocês. Abraços.

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  32. Las esperas se hacen eternas y son muy desagradables, pero el final fue bueno. Es lo importante. Es como en los aeropuertos: nunca sabes cuándo va a salir el avión. Lo importante es que llegue a destino felizmente.
    Salu2, Pedro.

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  33. Ah, meu amigo, sei bem destas esperas, como da delicada atenção que nos prestam a nível de informações.Agora voltamos os olhos para o SUS e descansamos, é assim que a gente não explode com este povo.
    Meu terno abraço amigo.

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  34. Algo com que nos confrontamos aqui no meu país com alguma frequência...
    Já é da praxe, quando há necessidade de ir ao hospital com a minha mãe, por qualquer razão... de que esse dia, se destina exclusivamente para isso...
    Sabemos a hora a que entramos... mas a hora da saída... é sempre uma desesperante incógnita!...
    Abraço! Bom domingo!
    Ana

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muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho