– PEDRO LUSO DE CARVALHO
Carlos Drummond de Andrade
Também foi jornalista; desempenhou
importantes cargos nos jornais Diário de Minas, Minas Gerais,
entre outros. Escreveu crônicas, nos anos de 1954 a 1968, para o Jornal
carioca, Correio da Manhã, com o título geral de “Imagens”. Depois
passou para o Jornal do Brasil, onde manteve uma coluna no Caderno B.
Drummond também foi
funcionário público; exerceu funções no Governo de Minas Gerais e depois no Rio
de Janeiro; foi chefe do gabinete do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, de
quem era amigo. Integrou a equipe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Aposentou-se após 35 anos de serviço.
O poeta fez sua estreia em
livro no ano de 1930, com Alguma poesia, Nessa obra, o poeta reuniu
trabalhos que havia começado a produzir a partir de 1925. A crítica literária e
o público leitor recebeu o livro (Alguma poesia) com forte reação, quer de
elogios quer de contrariedade.
Nesse livro, Alguma
poesia aparece alguns modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso
não seria obstáculo para a formação do grande poeta, o de fato aconteceu.
Segue o poema Opaco, de Carlos Drummond de Andrade (in Andrade, Carlos Drummond de. Claro enigma. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora
Record, 1991, p. 43-44):
OPACO
– CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Noite. Certo
muitos são os astros.
Mas o edifício
barra-me a vista.
Quis interpretá-lo.
Valeu? Hoje
barra-me (há luar) a vista.
Nada escrito no céu,
sei.
Mas queria vê-lo.
O edifício barra-me
a vista.
Zumbido
de besouro. Motor
arfando. O edifício barra-me
a vista.
Assim ao luar é mais
humilde.
Por ele é que sei do luar.
Não, não me barra
a vista. A vista se barra
a si mesma.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho