– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE fez sua estreia em livro no ano de 1930, com
Alguma poesia. Nessa
obra, o poeta reuniu trabalhos que havia começado a produzir a
partir de 1925. A crítica literária e o público leitor recebeu o
livro (Alguma poesia)
com forte reação, quer de elogios quer de contrariedade.
Em que
pese pudesse ser notado na obra alguns modismos que eram advindos do
modernismo, um fato não podia ser negado: ali se via um grande
poeta, como poderia ser aquilatado nos livros que se seguiriam a
este, como: Brejo das almas, 1934; Sentimento do mundo,
1940; A Rosa do povo, 1945; Claro enigma, 1951. Tais
obras dariam a Drummond a posição de o maior poeta moderno
brasileiro.
Carlos
Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, a 31
de outubro de 1902, e faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de agosto de
1987.
Segue
o poema “Ser”, de Carlos Drummond de Andrade (In Antologia
poética / Carlos Drummond de Andrade. 11ª ed. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 76-77):
SER
– CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE
O
filho que não fiz
hoje
seria homem.
Ele
corre na brisa,
sem
carne, sem nome.
Às
vezes o encontro
num
encontro de nuvem.
Apóia
em meu ombro
seu
ombro nenhum.
Interrogo
meu filho,
objeto
de ar:
em que
gruta ou concha
quedas
abstrato?
Lá
onde eu jazia
responde-me
o hálito,
não
me percebeste,
contudo
chamava-te
como
ainda chamo
(além,
além do amor)
onde
nada, tudo
aspira
a criar-se.
O
filho que não fiz
faz-se
por si mesmo.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho