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25 de fev. de 2010

SEGREDO – Carlos Drummond de Andrade






PEDRO LUSO DE CARVALHO

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, o mineiro nascido na pequena cidade de Itabira, fez sua estreia em livro no ano de 1930, com Alguma poesia. Nessa obra, o poeta reuniu trabalhos que havia começado a produzir a partir de 1925. A crítica literária e o público leitor recebeu o livro (Alguma poesia) com forte reação, quer de elogios quer de contrariedade.
Não se podia negar que ali se via um grande poeta, como poderia ser aquilatado nos livros que se seguiriam a este, como: brejo das almas, 1934; sentimento do mundo, 1940; a rosa do povo, 1945; Claro enigma, 1951. Tais obras dariam a Drummond a posição de um dos maiores poetas brasileiro.
Segue o poema Segredo, de Carlos Drummond de Andrade (in Antologia poética / Carlos Drummond de Andrade. 11ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 223-224):


SEGREDO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


A poesia é incomunicável,
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance de nosso corpo.
É a revolução? O amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andasssem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.


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Pedro Luso de Carvalho