– PEDRO LUSO DE CARVALHO
Moacyr Scliar, nascido na cidade de Porto Alegre, membro da Academia Brasileira de Letras, deixou uma legião de admiradores. Meu interesse por sua
obra literária começou quando li o seu livro O anão no televisor, publicado em 1979, em Porto Alegre, pela
RBS/Editora Globo, contendo dezenove contos da melhor qualidade.
Quem se acostumou com a presença de Moacyr Scliar na mídia, ainda sente
sua falta. Sente falta de suas crônicas aos domingos, na Zero Hora. Sente falta
de suas entrevistas no rádio, na televisão, na revista e no jornal. Sente falta
de sua presença na Feira do Livro, sempre atencioso com seus leitores.
O escritor – romancista, contista, cronista, ensaísta – não deixava que
outra de suas paixões, a medicina sanitarista, ficasse em segundo plano, e,
para tanto, a ela se dedicava com entusiasmo. Scliar trabalhou muito para
atingir esses dois objetivos. (Deixo de falar na paixão maior de Scliar, que
foi a sua família.)
Moacyr Scliar foi um homem bondoso, modesto e sempre disposto a
transmitir os seus conhecimentos onde quer
que fosse chamado; não achava difícil sair da capital gaúcha, onde morava, para
ir a qualquer outra cidade, no país ou fora dele. Tomei conhecimento dessas
suas qualidades ao longo dos anos, pela mídia; pois, em que pese minha atenção
para com o seu trabalho literário,
apenas duas vezes falei com o escritor.
Quando falei com Scliar pela primeira vez, fiquei admirado por sua
humildade. E foi justamente por isso que me animei a falar com ele, num dia em
que folheava um livro, numa conhecida livraria da Rua da Praia, e lhe
perguntei:
– Então, Scliar, quando sai teu próximo livro?
Fiz a pergunta e fiquei aguardando a resposta. Ele se voltou para mim,
certo de que não me conhecia. Não aparentou surpresa. Devia estar acostumado
com esse tipo de abordagem. Nossa conversa durou pouco tempo. E quando já ia me
despedir, Scliar respondeu à minha pergunta:
– No final do mês, minha editora vai lançar O Centauro no Jardim – disse o Scliar.
O meu segundo encontro com Moacyr Scliar deu-se justamente na tarde de
autógrafos desse livro. Comprei O
Centauro no Jardim, que foi editado pela L&PM, em 23 de agosto de
1985, e entrei na fila para colher o seu
autógrafo.
Como a fila era extensa, levei algum tempo para chegar até onde Scliar
se encontrava, curvado sobre cada livro que autografava. De repente vi-me
frente a frente com o escritor, que, num gesto de cortesia, levantou-se para me
cumprimentar. Falou comigo como se fôssemos velhos amigos:
– Fico contente que tenhas vindo – disse ele.
Agradeci e lhe entreguei o livro para ser autografado. Scliar escreveu
sua dedicatória e depois me devolveu o livro, com um gesto que denotava
gratidão por minha presença, como fazia a todos. Depois de mais um aperto de
mãos, deixei o caminho livre para outros leitores.
Eu já estava fora do recinto quando abri o livro para ler a dedicatória.
No primeiro momento fiquei surpreso com o elogio a mim dirigido, mas logo
entendi tratar-se de um incentivo, o que não era incomum para o grande coração
de Moacyr Scliar.
* * *
Caro dr Pedro, que lindo post, eu admirador da literatura, da obra deixada por Scliar, nosso imortal...fico comovido com estes encontros, e principalmente quando nos é desmistificado, não é só o famoso (vide blog da Tais), que existem aqueles que estão muito acima disso, são honestos consigo e sua obra e o ser humano, o próximo - nós somos o próximo.
ResponderExcluirScliar fez muito bem no autógrafo que te deu, hoje nós, teus leitores que ganhamos. Belo e respeitoso post.
ps. Carinho respeito e abraço.
ps. blog do jair ou histórias de músicas e pessoas.
Ola Pedro seu depoimento sobre a gratidão e humildade do Scliar é muito bonita e respeitosa ao grande respeitado escritor com suas belas cronicas, que deixou uma lacuna na literatura brasileira. Tenho uma especial admiração pelo trabalho de Roberto Drummond e Scliar, duas perdas irreparáveis.Fica sua bela homenagem num registro emocionado.
ResponderExcluirMeu terno abraço amigo.
Moacyr Scliar. creo que se refiere a un escritor . Es lo que he sacado en conclución.Pues lo entendí a medias. Preguntaré en la biblioteca y si eatá cogeré uno de sus libros.
ResponderExcluirUn abrazo.
Respondente a sua pergunta, Josefa;
ExcluirMoacyr Scliar escreveu romance, conto, crônica, ensaio e literatura infanto-juvenil. No ano de 2003 tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras. Suas obras foram editadas em vários países do Novo e do Velho Mundo.
Um abraço..
OI PEDRO!
ResponderExcluirQUE BONITO DEPOIMENTO DÁS SOBRE ESTE GAÚCHO QUE NOS ENCHE DE ORGULHO.
AINDA AGORA SABENDO DE SUA GENTILEZA NO TRATO COM SEUS LEITORES, MAIS O ADMIRO.
NÃO LI NENHUM DE SEUS LIVROS, MAS MUITAS CRÔNICAS EM JORNAIS, PRINCIPALMENTE.
UMA BONITA HOMENAGEM LHE FAZES, QUE DEUS O TENHA.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Moacyr Scliar! Belíssima pessoa e grande cronista. Uma de suas ótimas crônicas, 'Os Turistas Secretos' é algo de não esquecer. É um dos nossos orgulhos. Suas crônicas na ZH eram esperadas nos domingos, lembras? Foi o exemplo do homem simples, do médico presente, do escritor acarinhado e amado. Nesse livro que falas, queria aquela dedicatória pra mim... Acho que iria à Lua!
ResponderExcluirBeijinhos, aqui do lado...
Bom dia, Pedro, que bela e merecida homenagem a Moacyr Scliar, homem das letras.Conheci Moacyr, apenas através de algumas obras e leituras de jornal. Muitos de seus textos faziam parte de alguns livros didáticos, onde a Literatura pedia a sua leitura.Bom saber, que era um homem humilde, mas sem espanto, pois nos revela a que veio, escrever e nos encantar, além de ajudar as pessoas, trabalhando com a saúde.Como escritor, você conhece a alegria que sentimos quando somos reconhecidos, pelo que registramos com nossas palavras. Parabéns! Abraço!
ResponderExcluirOla Pedro,
ResponderExcluirQue emocionante! São "peças" agradáveis que a vida nos prepara.
Eu também fui numa noite de autógrafo do meu ex aluninho gago(sarou). Entrei na fila também, era um livro de lindas poesias. No fim da aula só ele queria contar estórias.
Adorei sua crônica
Beijos no coração
Minicontista2
Boa noite Pedro.
ResponderExcluirQue bela e merecida homenagem a Moacyr Scliar.
Um feliz final de semana. Grande abraço.
Pedro, a humildade é comum nos homens incomuns, daí o comportamento de Moacyr Scliar .
ResponderExcluirSendo muito interessado na cultura do Brasil, tive o grande prazer se saber, aqui do homem multifacetado, que procurarei pesquisar mais.
abraços
Uma bela crónica amigo Pedro e é uma pena os autores brasileiros não serem mais divulgados em Portugal o que vamos sabendo é muitas vezes através de blogs.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim de semana.
Olá Pedro: Olá Pedro: Quanto às amarguras da vida nada se pode fazer, mas quanto às boas recordações, ao encontro com pessoas educadas, inteligentes e humildes, quando somos reconhecidos são o bom da vida. E é o que vejo nesta crônica uma bonita homenagem a um escritor, uma pessoa que lhe proporcionou um belo momento para recordar.
ResponderExcluirBom domingo, Abraços, Léah
Pedro, sua crônica ficou encantadora. Fiquei triste quando ele faleceu, pois tudo que havia lido a seu respeito mostrava um homem de grandes e especias qualidades, o que você confirmou nessa postagem. Creio que as pessoas que realmente tem um valor especial são assim, simples e amáveis. Abraço.
ResponderExcluirSeguro que en esa dimensión donde reposa, su admirado escritor se habrá sentido agradecido y también azorado. Los verdaderos grandes son humildes.
ResponderExcluirBuena semana
Los mejores son los mas humildes siempre ha sido asi.
ResponderExcluirMuchos besos
Oi querida amigo, vim lhe desejar uma excelente semana, abraços e fique com Deus!
ResponderExcluirBela postagem. Por vezes é isso mesmo que precisamos para dar um impulso, é um elogio e esse acaba por vir de pessoas humildes!
ResponderExcluirAbraço
Oi Pedro
ResponderExcluirLinda noite
Abç
Minicontista
Qué bueno, me alegro por ti, no todos los días tenemos esas oportunidades.
ResponderExcluirUn abrazo.
Muito boa a sua crônica, Pedro.
ResponderExcluirMas, você e a Taís, me deixaram curiosa. Conta, conta , como foi a dedicatória?rs
Beijos!
Me ha encantado conocer a través de tu crónica a un magnífico escritor y además humilde. Una virtud que le hace más grande si cabe.
ResponderExcluirUn placer visitarte.
Saludos.
Este é um escritor que conheço apenas de nome, e desconfio que não seja muito conhecido em Portugal. Pela crónica, um homem sem pingo de vaidade ou qualquer tipo de endeusamento, e grato aos seus leitores.
ResponderExcluirBom lembrar um talentoso escritor, médico, e um grande homem no trato . Causou-me curiosidade, e irei procurar primeiramente as suas crónicas, que presumo estejam disponíveis na internet, e depois tentar ver o que está dele editado em Portugal.
Sortudo é você que o conheceu, e por esse livro autografado!...:-)
Bom fim de semana, Pedro.
xx