– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Em
1903, Manoel Bandeira muda-se para São Paulo e matricula-se na
Escola Politécnica. O pai, engenheiro, influenciara o filho a
tornar-se arquiteto. Emprega-se na Estrada de Ferro Sorocabana. À
noite, frequenta o Liceu de Artes e Ofícios, onde estuda desenho de
ornato.
No
ano seguinte, adoece do pulmão e abandona os estudos. Volta ao Rio
e depois vai para Teresópolis, Maranguape, Uruquê e Quixeramobim,
cujos climas frios foram indicados para o tratamento da doença.
Bandeira
escreve, sob a influência de Guilhaume Apollinaire, os primeiros
versos livres, em 1912. Um ano depois, embarca para a Europa, e, por
indicação do escritor brasileiro João Luso, interna-se no
sanatório de Clavadel, perto de Davos Platz, para tratar de sua
saúde.
No
sanatório, conhece Paul Éluard, que também sofria de tuberculose.
Na Europa, o poeta retoma o estudo do idioma alemão, que havia
iniciado no ginásio. A volta do poeta ao Brasil dá-se em 1914,
quando eclode a Primeira Guerra Mundial.
No
Rio de Janeiro, Bandeira dedica-se à leitura de Goethe, Lenau e
Heine. Passa a residir na rua N. S.ª de Copacabana (mais tarde
avenida) e depois na rua Goulart, no Leme.
Em
1916, falece a mãe do poeta. No ano seguinte, publica A cinza das
horas, o seu primeiro livro, cujos duzentos exemplares foram
impressos nas oficinas do Jornal do Comércio.
Segue
o poema de Manoel Bandeira, intitulado Pneumotórax,
(In Libertinagem & Estrela da manhã / Manuel Bandeira – 1.
ed. especial – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005 (40 Anos, 40
Livros), pág. 15:
PNEUMOTÓRAX
– MANOEL
BANDEIRA
Febre,
hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A
vida inteira que poderia ter sido e que não foi.
Tosse,
tosse, tosse.
Mandou
chamar o médico:
– Diga
trinta e três.
– Trinta
e três... trinta e três... trinta e três...
– Respire.
...............................................................
– O
senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo
e
o pulmão direito infiltrado.
– Então,
doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
*
*
REFERÊNCIA:
BANDEIRA,
Manoel. Seleta
de prosa e verso;
organização, estudos e notas de Manoel de Moraes. 2ª ed. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1975.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.
Pedro Luso de Carvalho