Rossio, 26 – Lisboa, 21
de agosto de 1884.
Meu caro Pina
Remeto registrado pelo correio, o conto do Conde de Ficalho.
Peço o maior escrúpulo nas provas. O conto tem talvez palavras
alentejanas (é um rude homem do campo que o narra) que você não percebe, nem
sabe o que significam; Eu sei, porque ele mas explicou. Quando encontrar estas
palavras, reveja-as, com o texto adiante, letra a letra. Acompanhando o conto,
vai um pequeno desenho dele – para que, se for possível, se faça por ele uma
entête. Isto foi lembrança minha, está claro. Se é exequível, você o dirá.
Compreende que o desenho não é para ser gravado assim, é apenas um apontamento.
Diz o Ficalho que no caso de se fazer esse desenho, você vigie o desenhista –
porque o francês, toda a árvore estrangeira a transforma em choupo, no choupo
francês!
Ele prometeu outros contos da coleção, É uma mina.
Chamo – respeitosamente – a sua lembrança para o meu pobre verniz...
Cordial aperto de mão,
Seu
do c.
Queirós
Nota: na época em que
essa carta foi escrita, Queirós se escrevia Queiroz com Z, e sem acento agudo
na letra o; daí eu ter mantido, nesta postagem, essa forma de escrita.
(In Eça de Queirós, Correspondência,
Porto: Lello & Irmão Editores, s/d, p.69-70).
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Meu abraço a todos os amigos.
Pedro Luso de Carvalho