– PEDRO LUSO DE CARVALHO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE publicou o seu primeiro livro, Alguma poesia, em 1930, no qual reuniu as
poesias que escreveu a partir de 1925. Alguma
poesia foi muito bem recebida pela crítica literária e pelo público leitor,
mas sem unanimidade, posto que se fez presente na época reação de
contrariedade.
Em Alguma poesia aparecem
alguns modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso não seria obstáculo
para a formação do grande poeta, o de fato aconteceu. Efetivamente, dentre os
poetas que surgiram em data próxima a Semana
da Arte Moderna (1922), Drummond seria o destaque maior, juntamente com
João Cabral de Melo Neto e com Manoel Bandeira. Esse fato pode ser constatado
pelos livros de Drummond que se seguiram a este, como: Brejo das almas, 1934; Sentimento
do mundo, 1940; A rosa do povo,
1945; Claro enigma, 1951.
Segue o poema Jacutinga,
de Drummond (In Menino Antigo/
Boitempo - II. Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio Editora, 1974, p. 11):
[ESPAÇO POESIA]
JACUTINGA
– CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
As rochas são as mesmas que
em Vila Rica, tendo-se em-
contrado na Jacutinga pla-
cas de ouro, de que a maior
chegou a pesar meia libra.
ESCHWEGE, Pluto Brasiliensis.
É ferriouro; jacutinga.
A perfeita conjugação.
Raspa-se o ouro: ferro triste
na
cansada mineração.
A jacutinga de hematita
empobrecida revoltada
perfuma os jazigos do chão
despe o envoltório mineral
e voa.
Até os metais criam asa.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho