Carlos Drummond de Andrade
por Pedro Luso de Carvalho
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE nasceu em Itabira, Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902. Como integrante do grupo belo-horizontino, participou do movimento literário modernista. Com seus companheiros de geração, editou A Revista, nos anos de 1925-1926.
Como jornalista, desempenhou importantes cargos nos jornais Diário de Minas, Minas Gerais, entre outros. Escreveu crônicas, nos anos de 1954 a 1968, para o Jornal carioca, Correio da Manhã, com o título geral de “Imagens”. Depois passou para o Jormal do Brasil, onde manteve uma coluna no Caderno B.
Funcionário público, exerceu funções no Governo de Minas Gerais; depois, no Rio de Janeiro, foi chefe do gabinete do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, de quem era amigo. Integrou a equipe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Aposentou-se após 35 anos de serviço.
Segue, de Carlos Drummond de Andrade, o poema Amar - In, Claro Enigma/Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1991, p 49-50:
[ESPAÇO DA POESIA]
A M A R
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Drummond)
* * *
Olá, Pedro!
ResponderExcluirDrummond tinha um olhar muito peculiar de sentir o mundo a sua volta. Às vezes um olhar duro e descrente do amor (" Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.") e outras vezes com uma ternura encantadora e a esperança em mundo de mais amor (" Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível." do texto "Organiza o Natal"). Creio que esta alternância é o que o levou a viver em busca do verdadeiro sentimento do mundo. Em Claro Enigma é notável esta dualidade.
Pedro, no ensejo, quero deixar-lhe e a todos os seus, um abraço e os meus votos de um feliz Natal e de um novo ano pleno de bons motivos para sorrir.
Celêdian
Pedro desejo-lhe um excelente ano 2012. Que seja um ano pleno de realizações pessoais e profissionais, sonhos realizados, alegrias constantes, saúde, paz, amor e incontáveis momentos felizes. BOM ANO NOVO!
ResponderExcluirBeijinhos
Maria