Há algo de Dante, de fato, no autor das Flores do Mal, mas é um Dante de
uma época decaída, é um Dante ateu e moderno, um Dante vindo depois de
Voltaire, num tempo que não terá São Tomás. O poeta dessas flores, que ulceram
o seio em que repousam, e não é culpa dele, pertence a uma época conturbada,
céptica, zombeteira, nervosa que se retorce nas ridículas esperanças das
transformações e das mentepsicoses; não tem a fé do poeta católico que lhe dava
a calma augusta da segurança em todas as dores da vida.
(Théophile Gautier)
In Théophile Gautier. Baudelarie,
tradução de Mário Laranjeira. São Paulo: Boitempo Editorial, 2001, p. 111.
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Pedro Luso de Carvalho