PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Não
tenho a menor dúvida de que o homem é a mais perigosa das feras,
talvez a única que escraviza, tortura e mata por motivos que não
estão ligados à sua sobrevivência e defesa, como ocorre, por
exemplo, com o leopardo, o leão etc. A História nos dá essa
dimensão da fera que é o homem pelos seus registros, feitos no
decorrer dos séculos; para este texto, escolhemos o Século XX;
começaremos pela Alemanha liderada pelo psicopata Adolf Hitler, que
deu início ao inominável morticínio de 150 milhões de pessoas de
quase todas as partes do mundo, com ênfase na ferocidade com que
tratou o povo judeu, impondo-lhe torturas cruéis, físicas e morais,
chegando ao extremo da ferocidade quando decretou a morte de seis
milhões de mulheres e homens indefesos, de todas as idades, em parte
de nacionalidade alemã; e polonesa, também em número expressivo,
além de italianos, franceses, e de outros países europeus.
Além
desses crimes, outros foram cometidos no período desse conflito
mundial, de 1939 a 1945, tendo como seus responsáveis: Mussolini, na
Itália; Franco, na Espanha; Truman, nos Estados Unidos da América
do Norte. Sobre os ombros desses líderes pesaram a responsabilidade
pela morte de milhões de pessoas; a História aí está para apontar
todo esse sofrimento com tortura e morte; quem sobreviveu a esses
martírios, ficou com feridas no corpo e na alma que jamais
cicatrizaram; sofreram pelas torturas a que foram submetidos, e pela
perda de parentes, soldados mortos nas trincheiras, civis mortos nas
suas casas pela potência dos canhões, mulheres e homens judeus de
todas as idades, que foram mortos nos campos de concentração pela
ação de gás a que foram obrigados a exalar (depois os corpos eram
amontoados em valas comuns, para serem levados aos fornos de
extermínio).
A
participação de Hitler nesse extermínio não deixou qualquer
dúvida de que se tratava de pessoa dotada de incomum ferocidade,
enquanto que tal dimensão de crueldade não foi recebida nesses
termos quando, por ordem de Truman, presidente dos Estados Unidos da
América do Norte, ordenou o lançamento de duas bombas atômicas
contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de
1945, cujos efeitos foram devastadores; esses atos de barbárie
resultaram na destruição física de mais de 60% dessas cidades e na
morte de milhares de seus habitantes, restando aos sobreviventes, o
peso de ter de suportar as dores físicas causadas pelos efeitos da
reação nuclear, além das deformidades físicas dela decorrentes,
das quais nunca se livraram. Esses atos de extrema desumanidade
ocorreram quando a guerra no Pacífico estava praticamente acabada,
com a concordância do governo japonês em aceitar o ultimato de
rendição incondicional, em 26 de julho de 1945, obviamente, do
conhecimento de Truman, que, aliás, já havia anunciado que, se não
se desse a rendição, ordenaria o lançamento de uma terceira bomba
atômica.
Nesse
rápido relato da ferocidade do homem, não poderia deixar de fazer
alusão aos crimes hediondos praticados na antiga União Soviética
por Stalin; ali milhões de pessoas foram mortas por ordem sua, com o
único propósito de manter-se no poder; quando terminou o seu
governo, em 1953, pouco se sabia sobre o morticínio pelo qual Stalin
foi o responsável; o certo é que as notícias das atrocidades por
ele cometidas, de uma forma ou outra eram passadas pelo bloqueio da
“Cortina de Ferro” em direção ao ocidente; e, mais tarde, com a
Perestroika imposta por Mikhail Gorbachev, em 1985, maior número de
fatos sobre a ditadura de Stalin foram sendo conhecidos; finalmente,
com a queda do “Muro de Berlim” em 1987, ficamos conhecendo muito
mais da crueldade desse temível ditador.
Além
desses conflitos bélicos, outros foram registrados pela História no
século XX em quase todo o planeta, como a guerra do Vietnã, as
ocorridas em países africanos, no Oriente Médio, e, depois, no
Iraque, conflito que praticamente resultou na derrota do presidente
Busch [situação que o presidente Barak Obama agora tenta
consertar], numa espécie de reprise do que se passou no Vietnã.
Quanto aos crimes cometidos pelo ditador Mão Tse Tung, na China, que
foram de grande monta, deles falaremos depois da leitura do livro
recém lançado na Europa, ainda não publicado no Brasil, de dois
historiadores que demonstraram que as torturas e mortes impostas ao
povo chinês por Mao foram numericamente muito superiores às
causadas por Hitler, na Segunda Guerra Mundial. Quem sabe,
incluiremos nesse texto sobre Mao, em outra ocasião, um pouco da
ferocidade dos ditadores dos países da América do Sul, como o
Brasil, a Argentina e o Chile, as mais cruéis de todas as ocorridas
no continente, entre outras.
* * *
Pedro:
ResponderExcluirTem um provérbio popular que diz: quanto mais conheço os homens mais admiro os animais. E por que isso é verdade? Justamente porque o homem mata por prazer, para deixar a marca de sua superioridade em outras raças que acredita serem inferior. Os animais matam para saciarem a fome ou por medo, para se protegerem. Apenas isso.
Mas está aí, nesse teu excelente texto, atrocidades que ainda ficamos estarrecidos em ver como pode o homem cometer atos com tanta crueldade com sua própria espécie. E acredito que não paramos por aí, ainda temos notícias, diárias, de coisas que até Deus deve duvidar. É algo tão louco, tão psicótico que torna-se difícil de entender. Mas aí está, existe. E está no DNA de nossa espécie.
Beijinhos.
Olá Pedro!
ResponderExcluirAinda hoje comentei um poema de uma compatriota sua que era preciso que Deus viesse à terra urgentemente consertar o que fez de errado no bicho homem (e dizem que o fez à sua imagem e semelhança o que me faz muita confusão!!) Com a queda do muro de Berlim eu sonhei com um mundo melhor...mas enganei-me redondamente! Em cada canto deste planeta aparece sempre um bicho homem pior que o outro com a febre de dominar e espezinhar e até matar sem dó nem piedade.Cada dia aparece nos jornais casos terríveis e de uma anormalidade impressionante. Eu pergunto-me onde está esse Ser supremo e todo poderoso?
Gostei de ler o seu artigo. Um abraço.
Pedramigo
ResponderExcluirComo certamente já sabes, estou (infelizmente…) de volta a este vale de lágrimas em que os criminosos que dizem que nos governam reina a felicidade e até consegui(mos?)ram uma saída limpa (???) depois de quase três anos de sofrimento, de penúria, de pobreza e de resignação. Somos assim, masoquistas, gostamos de levar na cabeça, que raio de vida e de estar de cócoras.
Goa ficou para lá voltar no próximo ano. Entretanto, estarei por cá e tentarei ir acompanhando, como habitualmente faço, este teu blogue. E, sempre que possível, comentando. Mas, hoje, ainda não comento…
Abç