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18 de jun. de 2010

A MÚSICA POPULAR NO BRASIL - 4ª Parte


                       
por Pedro Luso de Carvalho
     

Nesta quarta parte de A Música Popular no Brasil, será feita a abordagem da Bossa nova, gênero musical, que não tardaria a ser considerado de nível internacional, que surgiu para defender a nossa música popular, como disse Nelson Werneck Sodré in, Síntese de História e Cultura Brasileira, no seu capítulo Música. O escritor fala sobre a interferência dos meios de comunicação, rádio e televisão, para a divulgação de nossa música popular, e da influencia desses veículos até mesmo nas criações artísticas. “Esses meios – diz o escritor -, servindo a interesses estrangeiros, serviam, no plano musical, à música estrangeira. (...) Nossa música, assim, ia, pouco a pouco, sendo alijada até mesmo das preferências populares, intensamente trabalhadas pela continuada repetição do que era imposto e divulgado em massa”.

 Nelson Werneck Sodré não se posiciona contra a toda a música que chega do exterior, desde que ao Brasil venha um pouco do melhor da música de outros países. Mas o que constata é que a música que importamos é a música de massa “impostas às massas pelos meios, técnicas, instrumentos de cultura de massa. Foi em defesa de nossa música popular, segundo certos críticos, que surgiu a chamada Bossa nova: A Bossa nova, produzindo quase sempre uma música de nível internacional, rivalizando em qualidade com o que de melhor se fazia na época e em qualquer lugar, levou a imagem de um Brasil diferente, não mais aquele ingenuo e caipira dos salamaleques de Carmem Miranda, mas o de uma nação em que o processo de industrialização começa a acordar o povo para a sua real condição.

O primeiro argumento a comprovar esta constatação – prossegue Sodré – é o de que a música, como fenômeno cultural e de superestrutura, acompanha as modificações de baixo para cima. Tom Jobim, João Gilberto, Carlos Lyra, Sérgio Mendes, Donato, Marcos e Paulo Sérgio Vale, o Bossa Três e tantos outros, conseguiram isso: a Bossa nova cortou fundo na receptividade do americano médio e resistiu a avalancha de contrafações acionada pela alavanca do sistema de massas dos EUA”.

Nelson Werneck Sodré diz que Claribalte Passos tem a mesma opinião que a sua: “Surgido entre fins de 1959-1960 com os compositores João Gilberto e Antônio Carlos Jobim – principais precursores – o processo de estruturação rítmico-harmônico da Bossa nova, apesar das concessões feitas diante das preferencias artísticas e musicais norte-americanas, trouxe indiscutível benefício para renovação do nosso ambiente musical e contribuição no sentido da preservação do prestígio e da justa evidencia da música popular brasileira. Essa nova manifestação artística nacional possibilitou, em tempo recorde, a internacionalização do samba em sua roupagem moderna, embora tal benefício, de condição temporária, não implique em definitiva permanência no exterior”.

Aqui termino esta parte do texto sobre Bossa nova, que integra o trabalho A música popular no Brasil, agora na sua quarta parte. Na quinta parte deste trabalho, continuarei mostrando como Nelson Werneck Sodré vê esse gênero musical, que, como diz, veio salvar a nossa música popular. (Para acessar a primeira parte deste trabalho, clique em A MÚSICA POPULAR NO BRASIL - 1ª Parte.)

                                                               


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2 comentários:

  1. A verdade é que o tempo vai passando e a arte sofrendo cada vez mais as consequências de um mundo onde tudo se mede pela capacidade de retorno financeiro. Hoje, a primeira pergunta diante de um projeto de lançamento de um livro, de um disco, das obras de um artista plástico é: qual é o potencial de vendas?

    Quanto à bossa nova, uma leitura sofisticada, intelectualizada, do samba. Música em tom de conversa; harmonia de mãos dadas com dissonantes; aquela batidinha safada... (que eu cansei de ver músicos estrangeiros tentando imitar.) Não era, e não é para qualquer um rsrs

    Bossa Nova é o "pouco" que é tudo... Ou, como preferem outros, o menos que é muito mais...

    A bossa nova é única. E, como provam as inúmeras gravações de estrangeiros, irresistível. Mas, fala sério: são raríssimos os cantores, principalmente os americanos, capazes de cantar em tom de conversa. rsrs

    Eita, Pedro, como eu viajo e extrapolo assunto!...

    Bjs e inté!

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  2. Pedramigo

    Deixei passar os dois anteriores capítulos sem os cumentar, com o. Intencionalmente, pois limitei-me a aprender.

    Nelson Werneck Sodré é um espantooooooooooo, como diz o nosso Jô Soares. E foi contigo que eu o descobri. Vou tentar encontrar cá a obra dele, porque quero saber mais. Dia em que a gente não aprende - ou é burro ou não entende.

    Porém, hoje, não fico em claro. O Brasil é cada vez mais um colosso mundial que até se dá ao luxo de emprestar $$$$$$$$$ ao FMI. Daqui de Lisboa, acho que o Presidente Lula da Silva é um Homem excepcional. Acho, repito.

    Ora, nessa cavalgada imparável do nosso Brasil, a Bossa Nova é um momento único na Música e não apenas na MPB. Entoei "milhões" de vezes «esta é a consequência do que acabo de dizê, como eu sou a consequência inevitável de você». Está tudo dito numa nota só.

    Vou continuar a aprender. Com o Sodré e contigo, querido Amigo. E abram alas porque vai a passar a garota de Ipanema...

    Qjs à Tais e abs para tu

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Pedro Luso de Carvalho