por Pedro Luso de Carvalho
RUI BARBOSA nasce a 5 de novembro de 1849, em Salvador, Bahia. Pronuncia o seu primeiro discurso político em 1868, ainda estudante de Direito, saudando o deputado José Bonifácio, o Moço, seu professor. Em 1869, discursa aos soldados que voltam da Guerra do Paraguai. Forma-se a 28 de outubro de 1870. Dois anos depois, começa a colaborar no Diário da Bahia, de Manuel Dantas. Em 1872, com a saúde abalada desde o término do seu curso, vai tratá-la em Paris. Em 1878, é eleito deputado provincial pelo Partido Liberal.
Em outras postagens, prosseguiremos falando um pouco mais de Rui, um dos nomes mais importantes da cultura brasileira.
SENZALAS MORAIS
(Rui Barbosa)
Regímens há, que são verdadeiras senzalas morais, onde as almas corruptas de servir se nutrem da corrupção, no ar corrompido que as envolve. No ambiente livre não há exalações, que perdurem. A luz, o vento, o oxigênio tudo levam, ou limpam, tudo regeneram, ou depuram.
Mas debaixo das telhas, onde vegeta e mirra a servidão, não há miasma, que não pegue, não vingue, não se eternize. Cada um dos que vão chegando, se aduba dos outros; com eles se cruza e recruza; novas espécies lhes surgem do coito sutil; de hibridação em hibridação, de multiplicação em multiplicação, um mundo incalculável de malignidades se enxameia, coalha o ar, o desoxigena, e acaba por o tornar irrespirável.
Aí não surdirá mal que se elimine: todos se perpetuam; com os antigos colaboram os recentes; do ajuntamento de uns e outros se vem gerando novos; pelo concurso destes com aqueles, crescem ao infinito em número em diversidade, em virulencia os contágios, as infecções, as pestes.
* * *
(Senzalas Morais integra o livro Rui Barbosa e o Exército, Casa de Rui Barbosa, 1949, págs. 31-32.)
Mas debaixo das telhas, onde vegeta e mirra a servidão, não há miasma, que não pegue, não vingue, não se eternize. Cada um dos que vão chegando, se aduba dos outros; com eles se cruza e recruza; novas espécies lhes surgem do coito sutil; de hibridação em hibridação, de multiplicação em multiplicação, um mundo incalculável de malignidades se enxameia, coalha o ar, o desoxigena, e acaba por o tornar irrespirável.
Aí não surdirá mal que se elimine: todos se perpetuam; com os antigos colaboram os recentes; do ajuntamento de uns e outros se vem gerando novos; pelo concurso destes com aqueles, crescem ao infinito em número em diversidade, em virulencia os contágios, as infecções, as pestes.
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(Senzalas Morais integra o livro Rui Barbosa e o Exército, Casa de Rui Barbosa, 1949, págs. 31-32.)
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O pior dos vírus. Tão atual...
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