– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
T.
S. Eliot, é o nome literariamente adotado por Thomas Stearns Eliot.
O escritor norte-americano nasceu em St. Louis, Missouri. Estudou na
Universidade de Harvard, onde concluiu o curso de medicina, em 1910.
E depois, também em Harvard, doutorou-se em Filosofia. Mais tarde,
tornar-se-ia um dos poetas modernos mais discutidos na Europa e nos
Estados Unidos. Eliot também foi responsável por importantes
ensaios, e, como dramaturgo, por peças de teatro, dentre elas,
Assassinato na Catedral (1935).
Em
1914, Thomas Eliot passou a residir na Inglaterra. Após a
deflagração da Primeira Guerra Mundial, lecionou filosofia na
conceituada universidade de Oxford. Com 25 anos, Eliot resolveu que
não mais voltaria a morar nos Estados Unidos. Quando contava com 39
anos de idade, no ano de 1927, tornou-se cidadão britânico. Em 1948
, recebeu o Premio Nobel de Literatura. A sua morte, em 4 de janeiro
de 1965, na Inglaterra, deixaria uma importante lacuna na literatura.
No
trabalho que publicamos em 25.08.2009, que se encontra postado abaixo
deste, intitulado T. S. ELIOT - POESIA E TEATRO, não foi publicado,
na oportunidade, nenhum de seus poemas, mas o faremos hoje com “Os
homens ocos”, poema de 1925, traduzido por Ivan Junqueira.
OS
HOMENS OCOS
– T.
S. ELIOT
"A
penny for the Old Guy"
(Um
pêni para o Velho Guy)
Nós
somos os homens ocos
Os
homens empalhados
Uns
nos outros amparados
O
elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas
vozes dessecadas,
Quando
juntos sussurramos,
São
quietas e inexpressas
Como
o vento na relva seca
Ou
pés de ratos sobre cacos
Em
nossa adega evaporada
Fôrma
sem forma, sombra sem cor
Força
paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles
que atravessaram
De
olhos retos, para o outro reino da morte
Nos
recordam - se o fazem - não como violentas
Almas
danadas, mas apenas
Como
os homens ocos
Os
homens empalhados.
II
Os
olhos que temo encontrar em sonhos
No
reino de sonho da morte
Estes
não aparecem:
Lá,
os olhos são como a lâmina
Do
sol nos ossos de uma coluna
Lá,
uma árvore brande os ramos
E
as vozes estão no frêmito
Do
vento que está cantando
Mais
distantes e solenes
Que
uma estrela agonizante.
Que
eu demais não me aproxime
Do
reino de sonho da morte
Que
eu possa trajar ainda
Esses
tácitos disfarces
Pele
de rato, plumas de corvo, estacas cruzadas
E
comportar-me num campo
Como
o vento se comporta
Nem
mais um passo
-
Não este encontro derradeiro
No
reino crepuscular
III
Esta
é a terra morta
Esta
é a terra do cacto
Aqui
as imagens de pedra
Estão
eretas, aqui recebem elas
A
súplica da mão de um morto
Sob
o lampejo de uma estrela agonizante.
E
nisto consiste
O
outro reino da morte:
Despertando
sozinhos
À
hora em que estamos
Trêmulos
de ternura
Os
lábios que beijariam
Rezam
as pedras quebradas.
IV
Os
olhos não estão aqui
Aqui
os olhos não brilham
Neste
vale de estrelas tíbias
Neste
vale desvalido
Esta
mandíbula em ruínas de nossos reinos perdidos
Neste
último sítio de encontros
Juntos
tateamos
Todos
à fala esquivos
Reunidos
na praia do túrgido rio
Sem
nada ver, a não ser
Que
os olhos reapareçam
Como
a estrela perpétua
Rosa
multifoliada
Do
reino em sombras da morte
A
única esperança
De
homens vazios.
V
Aqui
rondamos a figueira-brava
Figueira-brava
figueira-brava
Aqui
rondamos a figueira-brava
Às
cinco em ponto da madrugada
Entre
a idéia
E
a realidade
Entre
o movimento
E
a ação
Tomba
a Sombra
Porque
Teu é o Reino
Entre
a concepção
E
a criação
Entre
a emoção
E
a reação
Tomba
a Sombra
A
vida é muito longa
Entre
o desejo
E
o espasmo
Entre
a potência
E
a existência
Entre
a essência
E
a descendência
Tomba
a Sombra
Porque
Teu é o Reino
Porque
Teu é
A
vida é
Porque
Teu é o
Assim
expira o mundo
Assim
expira o mundo
Assim
expira o mundo
Não
com uma explosão, mas com um suspiro.
* * *
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Pedro Luso de Carvalho