por Pedro luso de Carvalho
José Joaquim Cesário Verde nasceu a 25 de fevereiro de 1855, na capital de Portugal, Lisboa. Muito cedo começou a trabalhar na loja de ferragens da família (seu pai era comerciante e lavoreiro).
Supõe-se que Cesário Verde era autodidata, já que não se tem conhecimento de sua formação escolar. Depois de ter completado 18 anos, passou a escrever para diversos jornais e revistas.
A influência do parnasianismo e do realismo é uma característica de sua poesia. E isso não é difícil de ser constatado em razão da escolha dos temas, que são extraídos do cotidiano da vida portuguesa. Resulta, daí, uma poesia de inconteste originalidade. "Ele criou, em Portugal, a poesia do concreto, do vulgar ou do quotidiano" - afirma João Gaspar Simões. - "A sua descoberta mais evidente consistiu em valorizar poeticamente a linguagem por que se designam as coisas concretas".
Silva Pinto, amigo fraterno do poeta, reuniu-lhe as produções dispersas, menos algumas condenadas pelo autor, e foram publicadas postumamente, em 1887, com o título de O livro de Cesário Verde.
Cesário Verde faleceu a 18 de julho de 1886, com apenas 31 anos, em Lisboa, cidade em que nasceu e da qual se tornou o seu grande cantor, em versos de grande objetividade descritiva.
Obra: O livro de Cesário Verde, Lisboa, 1887 - publicada postumamente.
O poema de Cesário Verde, que segue, com o título De tarde, confirma o que acima foi dito sobre sua poesia (LINS, Álvaro. BUARQUE DE HOLLANDA, Aurélio. Roteiro Literário de Portugual e do Brasil. Vol. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 279, 282-283):
O poema de Cesário Verde, que segue, com o título De tarde, confirma o que acima foi dito sobre sua poesia (LINS, Álvaro. BUARQUE DE HOLLANDA, Aurélio. Roteiro Literário de Portugual e do Brasil. Vol. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 279, 282-283):
[ESPAÇO DA POESIA]
DE TARDE
DE TARDE
(Cesário Verde)
A Eduardo Coelho.
Naquele pequenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aquarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampamos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papulas!
* * *
Uma bonita poesia, bem ao estilo português.
ResponderExcluirUm abraço.