.
Escolhi para esta postagem o poema Romance da lua, lua, de Federico García Lorca, que abre o seu Romanceiro Gitanos e Outros Poemas (2ª ed. Companhia José Aguilar Editora, Rio de Janeiro, 1975). Sobre o Romanceiro Gitano escreveu Arturo Berenguer Carísomo, in As Faces de García Lorca, São Paulo, Ícone Editora, 1987: "Quando um poeta traz dentro de si autentica substancia, logo alcança seu verdadeiro caminho".
.
Diz mais: "Todo o castiço, telúrico, ibérico que Lorca deixava entrever durante sua passagem liberal pelo movimento altruísta, se fez presente a publicação do Romanceiro Gitano. O volume, ao todo dezoito poemas, reúne trabalhos escritos entre 1924 e 1928; tinha-se rompido, até lá, a unidade ultraísta, o grupo tinha-se dispersado; só poderiam sobreviver os que tivessem na sua intimidade criadora um pouco mais que um simples desejo de renome imediato, algo verdadeiro para ser dito.
O genial Romanceiro Gitano - prossegue Carísomo - radica na autenticidade com que trata a dor universal e na medida em que essa obra dor se transforma, dentro dos moldes populares mais puros. Não é nem fútil nem acidental a escolha do romance para a obra lírica mais singular do nosso poeta; com isso, outra coisa não fazia senão reencontrar os seus antepassados e continuar a trilha funda que mantém vivo o órgão literário espanhol; daí que coincidam nela o profundo do mito com a maravilhosa adequação da forma". Segue, pois, o poema:
Federico García Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, em 5 de junho de 1898, e morreu assassinado pela ditadura de Franco (Guerra Civil Espanhola), em 19 de agosto de 1936.
O genial Romanceiro Gitano - prossegue Carísomo - radica na autenticidade com que trata a dor universal e na medida em que essa obra dor se transforma, dentro dos moldes populares mais puros. Não é nem fútil nem acidental a escolha do romance para a obra lírica mais singular do nosso poeta; com isso, outra coisa não fazia senão reencontrar os seus antepassados e continuar a trilha funda que mantém vivo o órgão literário espanhol; daí que coincidam nela o profundo do mito com a maravilhosa adequação da forma". Segue, pois, o poema:
ROMANCE DA LUA, LUAFederico García Lorca
A lua chegou à forja
com sua anquinha de nardos.
O menino a mira, mira.
O menino está mirando-a.
Lá no espaço comovido
a lua move seus braços
e exibe, lúbrica e pura,
seus seios de duro estanho.
Foge lua, lua, lua.
Se chegassem os gitanos,
com teu coração fariam
anéis brancos e colares.
Menino, deixa que dance.
Quando os gitanos chegarem,
te acharão sobre a bigorna
com os olhinhos fechados.
oge lu, lua, lua,
que já ouço seus cavalos.
Jovem, deixa-me, não pises
minha brancura engomada.
O ginete se acercava
tocando o tambor do chão.
Dentro da forja o menino
conserva os olhos fechados.
Vinham pelo oliveiral
os gitanos, bronze e sonho.
As cabeças levantadas
e os olhos semicerrados.
Como canta ali o bufo,
ai, como canta na árvore.
Pelo céu a lua segue
com um menino na mão.
Lá dentro da forja choram,
dando gritos, os gitanos.
O ar vela-a, vela, vela.
O ar a está velando.
Federico García Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, em 5 de junho de 1898, e morreu assassinado pela ditadura de Franco (Guerra Civil Espanhola), em 19 de agosto de 1936.
Belíssima postagem...
ResponderExcluirTem um selo de reconhecimento para o Veredas no blogue ENGENHOLITERARTE. Receba o nosso carinho por seu belo trabalho!
em 1983 a cantora Amelinha gravou uma versão deste poema, ficou lindo.
ResponderExcluirseu blog é ótimo,
parabéns!
Na verdade a cantora Amelinha(Maravilhosa!) faz uma versão da tradução musicada pelo Bando do Sol, que é de 1974. Mas ambas são ótimas.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=ZfnABPPnpm4
Belas palavras, e a versão gravada em música foi feita pelo Flaviola e o Bando do Sol, nos idos de 70, antes da amelinha
ResponderExcluirBelas palavras, mas a versão musicada é do Flaviola e foi gravada por ele e o Bando do SOl nos idos de 70, antes de amelinha
ResponderExcluir