Na cidade do sonho, que existe dentro da outra e onde o tempo é um novelo inextrincavelmente emaranhado pelos gatos, quase sempre avisto ao longe, dobrando uma esquina, aquele mesmo vulto silencioso. Não sei por que ele me espiona e evita-me. Desconfiará que sou acaso a sua imagem perdida nos espelhos? Vou fazer fumigações, acender velas pretas a São Cipriano, velas brancas ao meu Negrinho do Pastoreio, velas de todas as cores a São Jorge em seu belo cavalo – e, uma noite, numa esquina do sonho, hei de enfim surpreendê-lo, cara a cara!
(O Outro, que integra o livro Na Volta da Esquina, de Mário Quintana, Coleção RBS, Editora Globo, 1979, p. 75)
Pedro,
ResponderExcluirestou apreciando muito esse seu novo blogue. Passeei por aí e deparei-me com Pessoa, Clarice, João Cabral, Drummond, enfim, esses maravilhosos mestres da poesia.
Mas,... escolhi o post de Quintana, por quem nutro infinita admiração, para dar-lhe os parabéns pelo seu bom gosto literário, e lhe desejar muitas alegrias por aqui.
Um beijo e inté!
Sua seleção está ótima, espero que não esqueça de Aphonsus de Guimaraens, ele é o meu predileto.
ResponderExcluirbeijos!