- Pedro Luso de Carvalho
FAGUNDES VARELA (Luís Nicolau Fagundes Varela) estudou Direito em São Paulo e no Recife, mas não concluiu o curso. Casou duas vezes. O casamento não fez feliz o poeta solitário, hipocondríaco e boêmio, que nasceu em Rio Claro, Estado do Rio de janeiro, em 17 de agosto de 1841, e morreu em Niterói, em 18 de fevereiro de 1875, aos 34 anos.
Obras de Fagundes Varela: Noturnos, Vozes da América, Cantos Meridionais, Cantos do Ermo e da Cidade, Anchieta ou o Evangelho nas Selvas, Cantos Religiosos.
O sofrimento, pela morte de seu filho, inspirou Fagundes Varela a escrever Cântico do Calvário, que no dizer de Álvaro Lins é considerado o seu mais belo poema e um dos mais comoventes de nossa literatura. (Pela extensão do poema, deixo de transcrevê-lo neste espaço.)
Fagundes Varela sofreu influência dos românticos anteriores, entre outros, Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo. Fagundes Varela foi dos últimos a usar o tema do indianismo, cujas bases foram lançadas por Gonçalves Dias; e, como diz Álvaro Lins, “trouxe, porém, uma contribuição própria e característica: a poesia de tendência mística”.
Ronald de Carvalho diz que “Fagundes Varela não é unicamente um dos nossos bons liristas, mas também, e principalmente, um dos nossos melhores poetas descritivos. Esse dom de pintor, que foi singular em Gonçalves Dias, e que é muito da índole dos nossos escritores, ele o teve como raros na poesia brasileira. (...) Há em sua obra inspirações de toda ordem, da alma e da natureza, da vida rústica e civilizada, da fantasia e da realidade, do mundo fictício e presente”. Segue o poema A flor do maracujá, bom exemplo da poesia de Fagundes Varela:
A FLOR DO MARACUJÁ
(Fagundes Varela)
Pelas rosas, pelos lírios
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelas tranças da mãe d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensanguentada
Da flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
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REFERENCIAS:
LINS, Álvaro e Aurélio Buarque de Hollanda. Roteiro Literário de Portugal e do Brasil. vol. II. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1966.
CARVALHO, Ronald. Pequena Historia da Literatura Brasileira. 9ª ed. Rio de Janeiro: F. Brigiet Editores, 1953.
Versi bellissimi d'un autore valido, che ho conosciuto tramite il tuo interesante articolo
ResponderExcluirBuon giovedì e un caro saluto, Pedro,silvia
Gostei de conhecer. É mais um poeta de que nunca até agora, ouvira falar.
ResponderExcluirAbraço e saúde
Gostei de saber e lembrar um pouco dele...Quanto à poesia, não conhecia essa. Gostei! abração, tudo de bom,chica
ResponderExcluirGostei muito, Pedro, a flor de maracujá é cheia de detalhes e beleza, o poeta soube muito bem observar e inspirar-se!
ResponderExcluirAbração, amigo!
Un verso muy bello.
ResponderExcluirTambién murió muy joven. Y, parece, sin conseguir la felicidad.
Un beso.
Feliz semana.
Bellissimi versi di questo poeta che, ho gradito molto per il loro contenuto mistico e romantico. Valida la tua nota sulla sua vita. Un caro saluto affttuoso amico Pedro, Grazia.
ResponderExcluirUma publicação com texto e poema fascinante! Obrigada pela partilha.
ResponderExcluir~~
Tapetes alvos em campos de bonança
~~
Beijos, e m bom fim de tarde!
Pedro, mais um grande poeta nos traz. Esse, conheci em trabalhos escolares. Realmente, não escreve apenas, pinta, pois nos faz imaginar cada detalhe do belo poema "A Flor do Maracujá". Parabéns pelo bom gosto literário!! Abraço.
ResponderExcluirDon Pedro:
ResponderExcluir¡viva la flor de maracuyá!
Abraços.
Belas redondilhas do nosso Fagundes. É sempre bom revisitá-lo e sorver sua musicalidade. Quanto de lirismo encontraremos na poesia de Fagundes...
ResponderExcluirUm bom final de semana, meu amigo Pedro!
Forte abraço,
Gostei de conhecer a biografia deste malogrado poeta...
ResponderExcluirO poema é muito interessante: em redondilha perfeita, rimando alternadamente num sonoro 'á'...
Ninguém imagina que o poeta já iniciara um processo de decadência...
Inserido no movimento decadentista e saudosista nasceu em 1 867, o nosso António Nobre que faleceu aos 32 anos, vítima de tuberculose.
Aplausos à poesia positiva que derrama beleza, esperança e incentivo...
Dias bons, amigo Pedro. Beijinhos
~~~~~~
Que belo este poema e muito musical amigo Pedro.
ResponderExcluirVou pesquisar mais sobre a obra de Fagundes Varela, pois este poema e a sua introdução, deixou-me curiosa.
Obrigada pela partilha, adoro poesia e conhecer novos poetas é para mim um renovado prazer.
Um beijinho
Fê
Pedro,
ResponderExcluirVim me encantar com sua publicação
e dizer que adoro estar sempre
por aqui.
Desejo uma boa nova semana.
Bjins
CatiahoAlc.
De um lirismo lindíssimo este poema de Fagundes Varela, autor que desconheço. Obrigado por partilhar, meu Amigo Pedro.
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Esa vida angustiada, no le impidió escribir unas buenas obras.
ResponderExcluirDespués de tomarme unas vacaciones, vuelvo de nuevo a la actividad.
Besos
Olá, Pedro!
ResponderExcluirFagundes Varela, para mim um poeta desconhecido até ter lido este belo poema seu.
Não o esquecerei, pois a minha tarte de maracujá não deixará.
Pedro, é claro que preferia ler poemas teus mas... enquanto não voltar a acontecer aplaudo a escolha e divulgação de outros brilhantes poetas.
Beijo, boa semana com saúde.
Me ha encantado conocer a este malogrado poeta, pues murió muy joven, gracias a ti.
ResponderExcluirEspero que hayas pasado unas felices fiestas navideñas y te envío mis mejores deseos para el nuevo año.
Abrazos.
Que hermoso escribía, quedaran los buenos
ResponderExcluirpoemas que nos dejo.
Besitos dulces
Siby
Boa tarde amigo Pedro,
ResponderExcluirPassando para o primeiro contato do ano e desejando felicidades.
Que bela partilha essa redondilha do Fagundes Varela, o poema é belo e grandioso.
Tenho blog novo e gostaria da sua visita e impressões, um blog replicado.
Abraço e boa tarde de paz.
https://dinaaciganinhadealma.blogspot.com/
Gostei de conhecer este poeta, obrigado pela partilha.
ResponderExcluirBom fim de semana, caro Pedro.
Abraço.
Voltei a ler o poema -- tem uma sonoridade, ritmo e cadência verdadeiramente admiráveis.
ResponderExcluirVenho agradecer o apoio, incentivo e carinho que deixou no 'Refúgio dos Poetas'.
Portugal novamente em confinamento geral, a situação começa a pesar...
A vós, que tudo suceda o melhor possível. Beijos
~~~~~~~~~~~
Pedro Luso magnifico para mim, ficar a ter conhecimento de mais um dos grandes escritores brasileiros: Fagundes Varela. Já que me considero brasileirão, desde que o emprego que tive, em condições de trabalho era de um grupo do Rio de Janeiro. Era responsável por todos os trabalhos editoriais. Depois criei, editei e dirigi a minha própria revista de filatelia, que teve sucesso, sobretudo na região se São Paulo.
ResponderExcluirRodei alguns posts e tive o prazer o bom bom trabalho de divulgação de vários escritores. Claro que Cesário verde, o poeta do Só, até a bonita Praça em Lisboa, como o seu nome e sua estatueta, ou Lorca, são nomes bem, que bem conheço. A tempo desejo Bom 2021 com um abraço.
El poema que nos presenta de Fagundes Varela es de esos que van ahogando, que queman la garganta de ansia viva queriendo explicar lo que el poeta siente por la amada. Es una belleza de alegorías.
ResponderExcluirCausa cierta nostalgia el que hoy no abunde este tipo de poesía romántica, donde el autor se vacía demostrando su vulnerabilidad.
Gracias. Saludos y mis deseos de que todo vaya bien.
Mais um poeta de excelência, que desconhecia... e com um tocante percurso pessoal!...
ResponderExcluirGrata por mais uma formidável partilha, Pedro! Estimando que tenham passado o vosso Natal, o melhor possível, e já com algum atraso, aqui endereço os meus votos de um Bom Ano, com saúde! Peço desculpa pelo meu atraso... mas no momento, a maioria dos meus tempos livres, vão sendo todos canalizados, para rotinas de prevenção caseira, para ir vendo se consigo manter a minha mãe a salvo de problemas, com este vírus... que cada vez se apura mais... em estirpes mais contagiosas... a Britânica e a da Àfrica do Sul, são as mais problemáticas, que já estão correndo pela Europa... da primeira... de 72 casos, no espaço de uma semana e pouco se passou rapidamente para 70.000
Cuidem-se bem! Estou considerando fazer como Joe Biden... usar duas mascaras, em certos ambientes... a tradicional cirúrgica, já não garante total segurança...
Ana
Olá, amigo Pedro!
ResponderExcluirVisitei as páginas onde estava ausente pelos morninho vis que Taís sabe bem.
Essa foi a que mais me tocou. Poema já conhecido, mas no início da tarde apreciá-lo é um refrigério.
Agradeço sua seleção criteriosa dos poemas postados.
Fique bem, amigo!
Beijinhos fraternais