Jorge Luis Borges |
O poeta argentino Lugones, lá pelos idos de 1909, escreveu pensar que os poetas estavam usando sempre as mesmas metáforas e que tentaria treinar a mão descobrindo novas metáforas para a lua. E, de fato, inventou várias centenas delas. Disse também, no prefácio a um livro chamado Lunário sentimental, que cada palavra é uma metáfora morta. Essa declaração, claro, é uma metáfora. Mas acho que todos sentimos diferença entre metáforas mortas e vivas. Se pegarmos qualquer bom dicionário etimológico (estou pensando em meu velho amigo ignorado, dr. Skeat) e se procurarmos uma palavra qualquer, na certa encontraremos uma metáfora enfurnada em alguma parte. - “Esse Ofício do Verso”.
In BORGES, jorge Luis. Esse ofício do verso. Tradução de José Marcos Macedo. 2ª reipr. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 30-31.
As considerações do Borges são esplêndidas, Pedro!
ResponderExcluirDepois de comprar e ler, graças a sua indicação, o "Esse Ofício do Verso" (livrinho imprescindível para quem gosta de literatura, e ainda mais para quem escreve), cheguei a uma conclusão muito pessoal: gosto mais do Borges como debatedor e avaliador (e professor) da dialética litarária, do que como escritor.
Não que os sensacionais contos que deixou sejam menos que isso (sensacionais), mas neste outro campo o Borges é o que, de longe, mais me agrada dentre os vivos e os mortos, no que tange o debate literário.
Abço
Cesar